Capítulo 21

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Não há ninguém, mesmo sem cultura, que não se torne poeta quando o Amor toma conta dele. - Platão


Bruno

- Tudo preparado, Fernanda?

- Sim, Bruno. Estão nos esperando para a filmagem. Já gravou sua fala?

- Tudo sob controle. Chego daqui a vinte minutos - desligo o telefone.

Depois de muito pensar sobre fazer ou não o comercial de vacinação, dei-me por vencido quando Diego alegou que seria ideal para minha imagem. Não quis recusar porque não acho necessário, mas sim porque estou cansado de tanto trabalhar todos os dias e por muitas horas para conseguir esquecer a Laura. Tentei encontrar no trabalho uma razão para extrair de mim todo pensamento relacionado a ela, mas em vão foram todas as tentativas. Penso nela quando acordo, quando descanso por alguns segundos durante o dia, quando dirijo entre uma cidade ou outra. Exatamente como agora, que estou dirigindo à caminho da Capital para gravar o tal comercial.

Não a vejo há um mês. Cheguei a escrever algumas mensagens, mas apagava logo em seguida. Ela dava todos os indícios de que não me queria como nada além de amigo, e eu estava irritado porque queria mais que isso. Então resolvi erguer a cabeça e superar, embora ainda esteja tentando.

O foda disso tudo é que nem vontade de sair com outras mulheres eu tive. É como se eu não sentisse mais aquela necessidade de bocetas variadas ao meu dispor, e isso acaba dificultando que eu supere o que tivemos. Essa mulher me enfeitiçou, não há outra explicação, porque só assim para explicar essa fascinação que nutro por ela.

A única coisa que me ajuda a equilibrar a mente é quando estou treinando. Acho que essa é a única hora em que esqueço totalmente dela e do meu desejo irrefreável, onde minha mente fica vazia e os pensamentos inexistentes. 

- Finalmente o atrasado chegou - diz Diego ao me ver caminhando em sua direção.

- Bom dia Diego, Fernanda. Como estão? Ótimo dia para fazer uma gravação, hein? - falo sarcasticamente.

- Ihhhh, que energia pesada, Bruno! O que tá acontecendo com esse bofe ultimamente, Fernandinha?

Diego é afetado demais para se expressar formalmente. Quando estamos apenas nós três, ele aproveita para pôr pra fora toda sua feminilidade, como ele mesmo gosta de nomear.

- Deixa ele, Diego. Vem, Bruno, vamos te apresentar à equipe de gravação.

- Ui, mona, não sei como você aguenta esse humor azedo - vira-se para mim. - Se você casasse comigo, Bruninho, toda sua amargura desapareceria. Quem sabe você não precisa experimentar uma fruta diferente, hein? - ele brinca.

- Não sabe como eu aprecio seus comentários, oh elixir precioso do meu reino, bússola que conduz o navio da minha vida. Que intuição! - continuo com o sarcasmo, mas no fundo, acho graça da espontaneidade dele.

- Ui, credo! Alguém precisa sair e espairecer. O passarinho marrom me contou que você está trabalhando muito.

- Diego! Xiu, fofoqueiro - ralha Fernanda.

- Aposto que se trata de um pássaro fêmea. É marrom porque tem longos cabelos lisos e castanhos, e é minha assistente.

- Não esquece de mencionar a beleza estonteante dela, por favor, querido.

- Ah, e isso também. Uma passarinha no padrão - sorrio maliciosamente.

Não resisto e acabo entrando na brincadeira dele.

- O secretário da Saúde vem aí. Mudem de assunto. - diz Fernanda.

Rapidamente vejo uma postura adotada totalmente diferente. Ainda me impressiono como o Diego consegue parar de desmunhecar tão rapidamente, passando "de menina afetada" para a figura de "homem macho dos negócios". Admiro demais seu profissionalismo, por isso ele é o responsável por cuidar da minha imagem.

Orgulho e Desejo (Revisando)Where stories live. Discover now