Orgulho e Desejo (Revisando)

Capítulo 41

"Tanto tempo, tão tarde... Quem era eu para te fazer esperar?" - Far Away, Nickelback

Bruno

Minha cabeça estava a mil depois de tantas revelações de Olívia. Minha consciência estava tentando me tranquilizar, dizendo que eu não tive culpa. Mas na verdade eu tive. Eu só devia ter feito uma coisa: tirado as máscaras e bebido menos. Esse turbilhão de pensamentos que me massacram por dentro piora por saber que Laura tomou conhecimento de algo tão escroto sobre meu passado. É nessa hora que surge uma onda forte de vergonha. Enquanto desço as escadas para saber sobre sua gravidez, mais uma revelação naquele dia, mais me preocupo em como ela vai reagir diante do que escutou.

Passo a mão no rosto para me acalmar. Ao olhar minhas mãos, pego-as tremendo. 

Que porra de nervosismo fora de hora! O medo de seu julgamento está me matando.

Respiro fundo e controlo minhas emoções. Deparo-me com Lucas parado na sala de estar; então, parecendo prever minha pergunta, ele aponta para a área de lazer, onde a vejo caminhando pela piscina e indo para o meu quarto lá fora.

Caminho lentamente para não me sufocar nessa porra toda que me aflige. Ao encontrá-la deitada encolhida na cama, chorando, sinto a garganta seca e o coração disparar. 

Aproximo-me lentamente da cama e me sento. Laura agora me encara e parece que seus olhos lacrimejados estão silenciosamente me fuzilando. Ficamos nos encarando por alguns segundos até que eu resolvo romper esse silêncio gritante.

— Jamais teria partido ou terminado com você se soubesse da gravidez...

— Esse é o problema, Bruno. Aquele papo de "com ou sem gravidez" foi uma mentira. Você terminou comigo mesmo depois de tudo o que passamos e agora vem se justificar dizendo que "se soubesse da gravidez não teria partido", como se só essa notícia validasse alguma coisa entre nós.

— Nada justifica minhas atitudes, eu sei, principalmente do que prometemos um ao outro, mas eu estava sendo vítima de uma farsa com a qual não poderia viver sem tomar providências.

— E eu te entendo. Só não entendo ter me ocultado tudo isso. Não entendo porque não confidenciou a mim suas suspeitas, seus medos e estresses. Fez o que fez e me deixou com o coração aos pedaços, desolada, com a sensação de tudo ter sido uma grande farsa entre nós.

— Laura, eu estava com vergonha. Entende isso? Sua vida sempre foi tão certinha que pela primeira vez fiquei muito preocupado de você me desconsiderar um homem ideal para você, um homem cheio de problemas familiares graves, como esse que acabou de saber. E estou extremamente constrangido agora por você ter descoberto toda essa sujeira dessa maneira.

Laura se ergue da cama e estende o a mão para limpar uma lágrima que escorre do meu olho sem nem eu mesmo ter me dado conta.

— Você não está sujo, Bruno. Você foi alvo de uma psicopata, foi vítima, e isso inclui o evento da sua festa de 18 anos. O fato de ter participado ativamente daquilo não significa que você tenha alguma culpa. Olívia aproveitou-se de você... A única pessoa suja aqui é ela, que manipulou uma situação para transar com um adolescente fogoso com o objetivo de realizar suas próprias fantasias sexuais.

— Mas eu deveria ter pedido para tirarem as máscaras... Eu dev... — esse pensamento martela na minha mente, recriminando-me a todo instante.

— Não fique se sabotando imaginando um acontecimento diferente de um episódio que já aconteceu. Já passou, foi, acabou. Está no passado. Agora viva da maneira que acha correta e não deixe que isso atormente seu presente. Fique em paz.