Capítulo 39

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A paciência é amarga, mas seu fruto é doce. - Jean-Jacques Rousseau

Paula

Se fosse para sintetizar os acontecimentos dos últimos meses, diria que tudo estava finalmente se encaixando nos trilhos.

Finalmente a audiência que punha em voga o maior crime de Inácio chegou, e seus advogados não conseguiram fazer nada para evitar sua prisão, o que aliviou a tensão de todos.

Felipe finalmente voltou a morar em seu apartamento, para a felicidade de Rute e tristeza de Fernando, que mesmo não alegando, ficara triste com sua partida.

Com a prisão de Inácio, Felipe decidiu devolver todo o dinheiro que o pai roubou; uma atitude nobre e honrada que lhe conferiu o título de o homem mais influente do ano.

No entanto, quando o assunto era a Daiane, não tinha tanta sorte. Ela se recuperava a cada dia, mas o semblante sério e apático ainda era sua marca registrada. Um sorriso que esporadicamente externava poderia ser comparado com um eclipse solar: raro de ser ver, mas unicamente glorioso. Os olhos de Felipe quase transbordavam quando o testemunhavam; aquela admiração me enchia de esperanças, pois o secretário mostrava que além de lutar pela igualdade e contra a corrupção, ele também batalhava pra reconquistar seu amor.

Laura estava trabalhando e parecia conformada com o término de seu relacionamento. Ela estava radiante; com uma aparência saudável, embora tenha ganhado mais peso desde a última vez que nos vimos, e esse era um detalhe que eu não conseguia deixar passar despercebido, dado o meu histórico com a balança.

Mas, mesmo tudo fluindo conforme esperávamos, Bruno permanecia longe. A cada mês ele respondia as milhares de mensagens que eu enviava, e isso me impediu de abrir um inquérito de "Desaparecido".

Ao que parece, Rubens está com ele, pois quando fui procurá-lo para definir nossa situação, sua assistente alegara que ele estava de férias há quatro meses, mesmo tempo em que Bruno resolveu sumir.

Lembro-me como se fosse ontem quando o teste de paternidade deu positivo, alegando, sem mais sombras de dúvidas, que Bruno tinha uma filha ao invés de uma irmã.

Testemunhei seus olhos espantados, quase assombrados, quando soube da verdade, mesmo quando todo seu seu corpo lutava para controlar o impacto daquela notícia.

Não conformada em ver o Bruno saindo consternado do hospital rumo ao seu exílio sabe-se lá para onde, decidi que averiguaria aquele exame. Entrevistaria e ameaçaria quem quer que fosse para que verdades não fossem mais ocultadas. Já bastava eu ter caído na lábia de Olívia anos atrás para colher o sémen de Bruno; não deixaria ela me enganar mais uma vez.

Por mais que ela tenha conseguido o esperma de Bruno de diferentes maneiras, havia uma boa porcentagem de Virgínia não ser filha dele. Meu sexto sentido nunca foi tão forte em relação a algo, dizendo que aquele teste de DNA positivo não significava nada, afinal, Olívia poderia muito bem ter forjado aquele atual teste, o que me fez pensar que ela não estava tão à parte das investigações que Fernando andava fazendo sobre ela.

Me agarrei a esta conclusão com todas as forças. Pedi para que Fernando refizesse o espermograma com outro médico para ver se aquela "escassez de espermas" era real.

Como suspeitei, Fernando era um homem totalmente saudável. Apesar da idade e do estresse recente, a quantidade de espermatozoides estava no número considerável "normal" para o homem de sua idade. Ou seja, as chances de Fernando ter sido diagnosticado com Oligospermia anos atrás é praticamente nula, segundo a explicação do doutor e do novo laudo. Tal resposta apenas contribuiu para alimentar minha esperança. Olívia atuou para simular o drama de Fernando naquela época, então, por que não teria uma nova "gangue" para sabotar os exames atuais?

Orgulho e Desejo (Revisando)Where stories live. Discover now