Capítulo 18

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"dizer as coisas como são" - Platão

Bruno

Passei a semana em um estado constante de irritação. Qualquer situação desagradável ou difícil de resolver foram motivos para minha paciência e serenidade, famosamente conhecidas, irem para o espaço. O fato de não ter a Laura do meu lado tem mexido demais com o meu humor, e consequentemente todos ao redor pagam por isso. Já é final de semana e não trocamos mais que algumas palavras por mensagem. Soma aí o fato de eu estar sexualmente frustrado, sem vontade de foder absolutamente ninguém senão ela. Agora entendem o meu nível de estresse, certo?

Não consigo tirar a garota mais pudica, chata e teimosa da minha cabeça; das duas cabeças. Estou enlouquecendo. É como se meu inconsciente não sentisse mais aquela atração por bocetas variadas. E hoje, em plena sexta-feira, a vontade está consideravelmente maior de quando meu corpo a tocou, no início da semana.

Laura estava certa quando disse que eu tinha uma mulher para cada dia da semana. Sempre estabeleci uma amizade com o objetivo de tê-las em minha cama quando que eu solicitasse. Era mais fácil e cômodo. Quando eu queria diversificar, ia à "caça" e trazia a garota para o meu "harém de amizades". Surpreende-me apenas o fato dela mencionar isso. Será que ela é tão perspicaz assim, a ponto de afirmar, sem titubear, a minha maneira singela de obter uma foda? Não. Foi implantado pela pessoa que supostamente "me conhece bem". Se essa mesma pessoa informou a Laura de como trato minhas amizades, por que ela espera que nós nos tornemos amigos? Será que ela está tentando me testar? Bufo, frustrado, tamborilando os dedos na mesa do meu escritório a fim de chegar em alguma conclusão óbvia, mas nada com a Laura parece preto no branco, mas sim em diversos tons de cinza. 

Para completar, surgiu o plano "mirabolante" do senhor prefeito de Reis. Logo após Laura ter ido embora, Felipe me avisou que Inácio contratara mais algumas mulheres para me seduzir. Imaginem só, alguém me seduzindo... não é engraçado? Me avisou também para eu ficar esperto, pois ele tentaria associar minha imagem a drogas e a práticas ilícitas. 

Sexo e mulheres: dois meios de corromper minha imagem. Mas mal sabe ele que atualmente não estou tentado por nenhum, tudo graças a Laura, a ninfa que me enfeitiçou. Quanto a drogas, tenho apenas que me cuidar para não cair em nenhuma armação.

Alguém bate à porta e entra, tirando-me dos meus devaneios noturnos.

— Fala, Fernanda... — falo um tanto exasperado, parte porque impressiono-me por ela ainda estar às dez horas da noite na secretaria, e parte porque compadeço-me de todo o esforço que fez nesta semana. —  A que deve-se a honra de sua permanência no trabalho até essa hora?

— Sabe que eu poderia fazer a mesma pergunta, né? — ela sorri. — Mas respondendo, estive ligando e acertando os horários para as visitas nas quadras esportivas que conseguimos construir e revitalizar por todo o estado. Por isso prepare-se para viajar para as mais remotas cidades de todo o estado.

— Mais remotas que Reis e Porto Verde? — brinco.

— Porto Verde é interior, mas muito bem amparada. Temos tudo! Não perde para nenhuma cidade grande, hãm. — fala de maneira afetada. — Já não posso dizer o mesmo de Reis.

— Tudo bem. Mostre-me depois os dias e horários.

— Não vai querer conferir antes, para eu mudá-los? Deram um prazo até segunda-feira para alterar as datas, caso você prefira outros dias.

— Confio em você. Pode ser esses dias que já agendou. — Gosto de depositar um certo grau de responsabilidade e cumplicidade com o pessoal que trabalha aqui na secretaria. Demonstrar confiança, por incrível que pareça, estimula a trabalharem mais felizes e satisfeitos. — Mais alguma coisa?

Orgulho e Desejo (Revisando)Where stories live. Discover now