5

236 42 14
                                    

- Você ? - ele pergunta embasbacado.

- Eu, Olivia Merlim. - eu me esforço para dizer cada palavra friamente, enquanto meu real instinto é chorar até cair no sono.

- Mas, eu te matei... - ele começa a tremer.

- É verdade, você me matou. Quatro anos atrás. - eu começo e me forço a sorrir falso - Mas, o jogo virou! - tenho que parecer má e isso está me custando muito esforço - Você me violou, eu fui vítima de estupro por suas mãos! - dizer isso sem chorar está me fazendo muito mal, eu posso senti minha garganta congestionar - Arrancou minha vida, e depois jogou meu corpo estragado em lugar qualquer. - lama, é tudo que me vem à mente - Eles me resgataram senhor Carlo, eles me salvaram e fizeram de mim um ser mais forte, do que a garotinha que você matou!

O rosto dele começa a inchar, e ele cai abrupto no chão seu corpo todo treme e sua cabeça bate com força no piso.

-Indivíduo com ataque epilético, deseja realizar atendimento? - o painel de controle me informa.

A língua dele está enrolada, não vai demorar muito para que ele morra asfixiado. Nos últimos quatro anos eu havia aprendido muito sobre amor ao próximo, mas eu poderia amar ao meu assassino, salvar aquele que me tirou a vida?

- Sim. - respondo a voz do controle - Limpe a sala e forneça comida, por favor.

Não, eu nunca conseguiria amar o meu assassino, isso vai de forças além de mim. Deixá - lo morrer, afetaria apenas a uma pessoa, eu. Saio da sala e roupas dele estão lá, igualmente dobradas como ao do outro humano desconhecido. Vou até meu quarto, depois do banho e desmaio em minha cama.

***

Bip, bip, bip...

O som é alto o suficiente para me acordar, no meu criado mudo a pequena luz vermelha pisca e som baixinho é também muito irritante. Não preciso olhar o que está causando o alerta, tenho certeza de que um dos humanos. Olho para o relógio e ele indica meu tempo dormido. Oito horas, mais que o suficiente. Minha chegada é rápida no terceiro andar, percebo que se trata do falastrão. Estou indo para o hábitat do rapaz antipático, quando tropeço na trouxa de roupas de meu assassino.

Um caderninho desponta do bolso da jaqueta e o pego, meu cuidado é intenso ao pôr as mãos em algo que pertence a ele. Uso apenas as pontas dos dedos, como se pegasse em algo tóxico. O caderno é pequeno e volumoso, abro e vejo um nome mais uma mecha de cabelo.

Amanda P., uma data e uma cidade acompanhava a mecha de cabelo louro avermelhado. Luísa, Catarina,Susanne, Beatriz. Olivia M., meu nome, minha data de morte, a cidade onde eu morava e meu cabelo estão no papel. Os assassinatos possuem um padrão, quatro anos de intervalo. Quando eu viro a página seguinte não me surpreendo ao encontrar Alice Merlim, ainda faltam data e mecha.

Eu não tinha sido a única, a vida não foi injusta somente comigo. Existiram outras vítimas, meu assassino não era apenas um homem que matava casualmente. Ele era um serial killer.

Um baque na segunda porta me assusta, e agora a luz pisca mais forte, assim como o som. O que aconteceu com ele?

Abro a porta apressada e uma massa me ataca, um homem forte me prensa na parede e começa a me sufocar. Ele vai levar mais tempo do que imagina, penso olhando para o rapaz. Chuto entre suas pernas e ele urra de dor caindo de joelhos, aproveito e puxo seu braço esquerdo,agora o rosto dele está no chão. Tudo que eu fiz foi instintivo e só me dou conta da agressão, quando o um estalo emana do membro e o humano imobilizado grita de dor.

- Meu Deus! Eu quebrei seu braço - eu exclamo culpada - Normalizar sistema - digo fazendo as luzes e som pararem - Eu... Me desculpe... - gaguejo me aproximando para tentar ajudar.

EXTINÇÃO Donde viven las historias. Descúbrelo ahora