13

137 23 4
                                    

Dessa vez não tem um corredor, não tem memórias. Só tem o escuro, a aquela total ausência de luz assustadora, torturante e envolvente como uma camisa de força. Eu não tenho medo do escuro, tenho medo do que ele esconde.

- Lyra... Alienígena! Você morreu? Morreu? - a voz soa cômica e trágica.

Não é Tomaz e seus lindos olhos de esmeraldas, é o humano. Ele me olha bem de perto, a iluminação faz com que seus olhos âmbar fiquem azuis.

- Oi?! Consegue. Me . Entender ? - ele fala como se estivesse conversando com um retardado mental ou algo do tipo.

- Claro, não perdi neurônios. E estou realizando minhas sinapses normalmente. - respondo me repreendendo logo depois pela grosseira.

- Pensei que tinha morrido, todo mundo pensou. Disseram que você caiu durinha no chão, aí aquele cara...

- Tomaz - o interrompo - Onde ele está?

- Eu não sei ! - ele responde irritado - Você ficou três dias desmaiada e ele não deixou eu entrar, tive que implorar aí na recepção. Só tem gente tatuada neste planeta?

- Os platiums são assim, mas...

- Projeto Lyra - um curandeiro se aproxima - Eu sou XLU3 , seu médico. Você teve um desmaio devido à exaustão.

- XLU3? - questiona o humano com estranheza.

- Sim, é meu código de identificação. - o platium responde - Projeto Lyra, quero agradecer a você por tudo que fez durante a batalha, fostes tão sábia!

- Obrigada. - eu sorrio gentilmente - XLU3, eu já estou liberada ?

- Claro, nos a mantemos dormindo para que se recuperasse todas as forças. - ele responde e se despede, antes de sair.

- Humano, poderia sair por favor? Eu preciso me trocar. - peço.

- Felipe, meu nome é Felipe. Eu sou humano, mas me chamo Felipe. - ele diz saindo do quarto.

Troco de roupa e depois de me higienizar, meu corpo já expulso os remédios e eu me sinto inteira. Mesmo sabendo de meu cansaço súbito cujo parecia infinito depois do uso de tanto poder, eu me sinto bem. A medicina de Plátia é a melhor, mas o que aconteceu nos últimos três dias? Esse é o problema de tirar um tempo para descansar, sempre existe um montante gigantesco para atualizar. E o meu montante agora é a falta de informação sobre a batalha e sobre a intervenção na Terra.

O humano está me esperando do lado de fora.

- Felipe, meu nome é Felipe. - ele resmunga sem perceber minha presença.

- Felipe, vou chamá - lo assim a partir de agora.

- Antes tarde do que nunca. - ele responde ainda resmungando.

- E então como se virou nos últimos dias? - eu questiono preocupada em saber se ele causou algum problema.

- Foi legal, não aconteceu nenhum problema. - ele responde como se tivesse lido minha mente - No final das contas eu acho... Ãn... - vejo o nervosismo em seu rosto - A Terra era pequena demais para mim, a tecnologia daqui é muito avançada e bem melhor... - ele se enrola nas palavras - Obrigado, por ter me trazido. Afinal, a Terra e os humanos vão ser extintos.

- Não precisa agradecer, na verdade eu te tirei de seus amigos e devo pedir desculpas. - eu olho para baixo envergonhada, ele perdeu os amigos dele como eu perdi os meus de Saudia.

- Eu não tinha amigos, eu nem posso dizer que tinha família. - ele sussurra baixo enquanto andamos no corredor - Só a vovó, só ela.

- Mas eu me lembro que dona Mirtiz tinha um filho e dois netos, você é um deles e o outro? - pergunto invadindo um espaço pessoal demais.

EXTINÇÃO Where stories live. Discover now