EXTINÇÃO

23

Eu fiquei olhando assustada os olhos em prata líquida, antes eles eram castanhos, ela folgou o aperto do meu braço e eu me despedi, quando sai da sala, Felipe me esperava arfando.

- O que houve? - eu pergunto depois de dá instruções para que os cientistas fornecessem roupas para Clara.

- O que foi?!- ele exclamou alto, como se eu tivesse por obrigação saber o que ele iria me contar.

- Calma, respire para poder contar o que quer seja. - eu o puxo para distante -Diga. - peço quando estamos longe o suficiente para não ser ouvidos.

- Eu estava lá sentado assistindo a porcaria da programação sem graça - os corredores começam a ficar movimentados enquanto ele fala - aí aparece uma dessas bolhas de ar chorosas em uma espécie de noticiário...

- Não é uma bolha é uma...

- Não importa, pela amor de Deus - ele me interrompe - O Conselheiro morreu e você vai me corrigir quanto a espécie de uma alien.

- O que?- eu pergunto sem sabe se o que eu acabei de escutar foi real.

- O Conselheiro morreu, bateu as botas, fechou o caixão, vestiu o pijama de madeira... - eu não se os humanos se tornaram tão debochados e inconvenientes quanto a morte, ou se Felipe é apenas uma exceção.

- O que? - eu repito sem entender.

- Lyra - ele diz lentamente- O. Conselheiro. Morreu. - ele fala fazendo pausas, desta vez a voz dele está séria.

- Não! - eu grito e algumas criaturas param por um segundo - Ele não pode ter morrido, a medicina do Conselho é infalível.

Como a ciência mais poderosa do Universo pode ter deixado o seu líder morrer, a morte é vista como uma coisa natural no Conselho, algumas espécies vivem mais que as outras , cada indivíduo decide intervir ou não no processo, mas eu duvido que o Conselho não faria o possível e até o impossível para salvar o Conselheiro, principalmente considerando o momento ao qual estamos sendo submetidos.

- Neste caso ela não foi, não. - ele diz simplesmente- parece que ele sofria de um mal irremediável, estava bem uma hora e na outra foi levado a um restaurador as pressas.

- Você tem certeza que entendeu direito, você deve ter confundido alguma palavra. - estou fazendo malabarismo para fugir desta informação.

- Eu tenho certeza, e isso não é o pior, você não sabem quem ...

- Projeto Lyra - um guarda califo me olha com firmeza - Sua presença está sendo exigida na sala do Conselheiro.

- Mas o Conselheiro não morreu?- eu questiono.

- Morreu, mas... - Felipe começa a falar.

- Humano, por favor mantenha o silêncio por favor, projeto Lyra me acompanhe. - e eu sigo o guarda enquanto Felipe balança a cabeça com preocupação.

Já elegeram um novo Conselheiro, sem nem ao menos respeitar o período de luto. O Conselheiro teve atitudes questionáveis nos últimos tempos, mas antes do Mortium ele era um líder exemplar, o mais empáticos de todos, costumava sair durante alguns períodos para ajudar planetas pobres .

Vou seguindo os passos do guarda encarando meus pés, os corredores estão movimentados criaturas falam em suas línguas natais, algumas demonstram tristeza outra se opõe com esperança.

- Será o Conselheiro mais jovem de todos, talvez consigamos superar o Mortium. - um califo diz a outro no caminho.

- Espere aqui. - o guarda me põe em uma cadeira e sai.

Uma mensagem está sendo emitida pelo o novo Conselheiro, mas eu prefiro esperar para ver quem é pessoalmente. Quando a porta ao meu lado se abre, os representantes dos sete planetas saem me cumprimentando rapidamente, eu correspondo da mesma forma.

Se passam alguns segundos até que ninguém sai mais pela passagem eu decido entrar, eu passo pelo umbral da porta e meus olhos se chocam com o olhar do novo Conselheiro.

- Olá Lyra - Tomaz diz, ele está com uma roupa preta, minha mente o associa com aqueles personagens de mangás japoneses - Você gostou da minha roupa?- o sorriso de ele é mais sarcástico possível.

Eu não reconheço seu olhar, pois agora ele está preenchido de ironia.

- O que está acontecendo? - eu pergunto.

- Você não percebeu. - ele me lança um olhar perverso.

- Eu... Eu não acredito...

- Não acredita? Seu noivo é um o Conselheiro e você... Hum... - ele se aproxima e me toca no ombro - é a primeira dama, certo? - ele diz com deboche.

-  Mas como?

Não, como ele pode ter se tornado um Conselheiro, necessário uma reunião dos representantes. A não ser que o próprio Conselheiro o tenha sugerido em leito de morte.

- Ah minha nossa Lyra! - ele me olha impaciente - Eu estou de saco cheio de você - o olhar dele é duro - Você é muito burra! É até angustiante, alguém com um DNA tão avançado, sendo tão estúpida. É um desperdício.

As expressões dele são tão abertas, que eu me questiono se é realmente o Tomaz.

- Do que está falando?- eu pergunto assustada com a forma com a qual ele está falando comigo, eu não estou entendendo nada e minha cabeça gira.

Ele suspira irritado.

- Lembra do belo anel que eu te dei? Pois, é ! Ele era para eu te manipular, Lyra - ele começa com um entusiasmo falso - Eu nunca amei você Lyra, desde do momento em que eu me aproximei de você, foi para te controlar.

O jeito que fala é tão caricato que minha mente demora a se convencer das palavras dele.

Eu giro a cabeça e sinto meus olhos encherem de água, meu nariz arde anunciando um choro.

- Vai chorar, pode chorar mesmo. Porque eu matei sua restauradora, eu controlei todos atos do Conselheiro contra você - ele se aproximou de mim a ponto de sussurrar no meu ouvido - Eu criei o Mortium.

- Você é um monstro!!!- eu grito incontrolável - Um monstro...

Ele se curva em reverência e sorri.

- Eu vou te matar também Lyra, mas aos poucos...

- Você não conseguirá fazer isso, nunca ! - eu grito exaltada.

- Eu criei um vírus ao qual os seres mais inteligentes da galáxia estão tendo problemas para encontrar a cura, e você insinua que eu não consigo matar você. - as palavras deles me golpeiam.

- Você criou o Mortium. - eu falo para mim mesma.

- Sim, eu criei e vou criar outros vírus. Pensaram que a extinção seria da raça humana, mas o que realmente foi extinto, foi a verdade. Eu vou montar um exercício implacável, todos me servirão.

Ele estalou a boca, orgulhoso.