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Eu apenas sigo até a minha cápsula em silêncio com meus próprios pensamentos, posso sentir o cheiro de cachorro dentro da cápsula. Lembro de Yang. A viagem se passa mais rápido do que eu desejei. Já estou na Central.

Sei perfeitamente que errei, mas não me arrependo estou me sacrificando por esta missão de alguma forma sei que parte de mim se esvairá quando os humanos forem extintos, acho que mereço alguns privilégios. Eu não posso pensar assim, não importa a função que eu ocupe ela é tão importante quanto qualquer outra, eu errei e provavelmente vou ganhar uma punição isolativa se o Conselheiro estiver no seu dia mais generoso, ou expulsiva. Quando percebo estou na frente da sala de reuniões.

Entro e vejo o Conselheiro, os olhos dele estão duros como eu nunca vi. Com certeza eu não vou levar uma punição leve.

- Eu sei que errei e mereço uma punição. - eu confesso. Se ele não soubesse, agora saberia.

- Você está passando dos limites, está indo além das minhas regras. - ele fala com um tom de voz que eu nunca ouvi nos últimos anos.

- Desculpe.

- Está certa quanta a existência de uma punição - tem algo muito errado com o Conselheiro - Vai ser difícil para mim, mas mesmo você sabendo de toda pressão pela qual estou passando, mas você continua a errar.

- Eu sei.

- Não posso mais acolher seus erros Projeto Lyra - tem um vestígios penoso - sua punição será difícil - ele aperta um botão da mesa.

Tomaz está vindo eu vejo pelo vidro transparente, ele parece carregar alguma coisa por uma espécie de corda. É Yang, meu cachorro, ele está com o pelo mais claro por causa do tempo. O meu gigante amarelo balança o rabo frenético em direção a mim, ele me reconheceu. Tomaz exibi um rosto preocupado, mas eu só me preocupo em matar a saudade de meu antigo amigo.

É Yang, meu cachorro, meu companheiro. Eu não estou acreditando, é meu cachorro e não quero pensar em nada além dele.

- Nós o encontramos em um canil - o Conselheiro diz - ele não conseguiu se adaptar com a nova dona. - meus pais me substituíram mas meu cachorro não, Yang foi fiel.- Traga - o !

Tomaz o leva até o lado da cadeira do Conselheiro e seu rosto está cada vez mais tenso, vejo os seus lábios se moverem e leio uma palavra de desculpas.

- O que vão fazer? - eu pergunto assustada ao percebe uma arma no coldre de Tomaz.

Eu não preciso me preocupar, no Conselho nenhum ser vivo é morto. Nenhum. Isso mais que uma regra é uma lei. Eu estou respirando ofegante.

- Elimine - o - as palavras dele são como uma lâmina.

- Não, não! - eu grito - Isso é errado, errado... por favor! Não...

Meu pobre mascote continua alheio a tudo, ele balança o rabo e exibe a língua para fora. Está feliz porque me encontrou, ele conseguiu me ver uma última vez.

Yang amarelo pequeno naquele pet shop, papai havia criticado a escolha por um animal disposto a venda, o canil estava cheio de animais grátis e que precisavam de um lar, mas Yang e eu nos apaixonamos ao primeiro contato, através da porta de vidro.

Uma bala é disparada e atinge a cabeça de Yang. Não foi uma indolor pois eu consegui ouvir seu choro canino, enquanto me arrasto para perto dele apoiada nos joelhos. Meu cachorro está sujo de sangue, o líquido vermelho e quente que foi derramado pelo Conselho.

Eu choro, choro, soluço e por fim me levanto. Aquilo era uma vida, era sangue, era dor e mais ainda era proibido.Olho para o Conselheiro impassível. Meu peito dói.

EXTINÇÃO Where stories live. Discover now