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- Sim. - a palavra sai de minha boca sem passar pelo filtro entre cérebro e lábios.

- Sim?! - ele me fita surpreso e fixo.

- Sim. - eu repito sem convicção, mas ainda sim repito olhando a pedra do anel.

O que está acontecendo? Eu estou aceitando um pedido de casamento, e ele está me pedindo da forma humana . Incluindo" até que a morte nos separe".

- Eu posso pensar? - finalmente falo algo coerente.

- Claro - ele responde um pouco desanimado - Mas você sabe que a resposta impulsiva sempre é a mais verdadeira - afirma pondo o anel cujo combina com os seus olhos em meus dedos.

- Não acho uma boa ideia eu ficar com ele. - me refiro ao anel.

- Por que não? - fala - Independente da resposta ele é seu.

Eu sinto o metal do anel em meu dedo, o objeto é quase uma presença viva, como se ele estivesse sendo ligado a mim.

- Você tem certeza deste pedido, quero dizer eu e você nos conhecemos a poucas semanas.

- Eu tenho certeza dos meus sentimentos. - responde erguendo a cabeça.

- Podemos voltar? - eu estou apressada e não sem o motivo, porém eu também estou com medo.

Talvez seja a possibilidade de concretizar a falsidade de todos aqueles nuncas, porque eu nunca imaginei que seria escolhida como companheira de alguém, nem mesmo quando minha vida se estabilizou em Saudia, para mim de alguma forma os planos de Olivia tinham morrido junto com sua vida na Terra.

Tomaz foi muito atencioso com esse pedido, ele deve ter ensaiado e planejado tudo, até o fato dele ter me pedido em casamento, coisa que não ocorre no Conselho principalmente desta forma humana como aconteceu comigo. Ele deve ter pesquisado.

Existe uma pluralidade de uniões nos planetas do Conselho, é tudo muito diverso e respeitado. Não é como na Terra em que as pessoas planejam um casamento, existe inúmeras formas e tempo de durações em uniões.

- Eu tentei ser o mais humano possível, desculpe se fez com que se sentisse desconfortável. - ele ler meus pensamentos é isso?

- Sem problemas. - eu não tenho nada melhor a falar.

O silêncio chega a ser constrangedor entre nós, eu sei que eu deveria está pensando nos prós e nos contras, mas eu simplesmente me sinto aprisionada com o fato de ter que dizer não. Desde o dia em que eu vi Tomaz eu senti algo por ele, eu não sei defini o que é, não sei se isso é consequente de minha falta de experiência. Eu não sei de nada afinal.

- Vou deixá - la em casa, algum problema?

- Não até prefiro. - respondo sem olhar para ele.

A cápsula prossegue assim como o nosso silêncio, não demora muito até que estou na frente de minha casa. A cápsula para e não sei o que devo fazer ou dizer, mas Tomaz sabe , ele sempre sabe. Então, eu sou puxada por um beijo e suas mãos acariciam meu rosto. Aquela é a resposta de minha pergunta.

Eu desembarco e posso sentir o sorriso do califa, entro em meu logradouro e o humano está sentando na sala com algo objeto eletrônico.

- A noitada foi boa ? - ele pergunta debochado.

- Está supondo alguma coisa? - só percebo agora que já é outro dia, como o tempo passou rápido, a viagem até o fundo de Plátia foi um pouco mais demorada do que eu esperava.

- Estou supondo esse anel em seu dedo. - ele continua debochado.

- Já percebeu como algumas vezes você fala coisas incoerentes. - tento desconversar.

EXTINÇÃO Where stories live. Discover now