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A adrenalina invade meu organismo na mesma velocidade que tinta se espalha na água, estou morrendo de medo, mas o saudaciano contaminado perdeu a capacidade de perceber isso, o M, marcado em sua testa prova isso.

Estou presa em um concreto líquido formado por meu medo, não consigo me mover , aperto a esfera de redução e finalmente consigo me soltar, corro para minha antiga casa e tranco a porta e o infectado bate na barreira de vidro. Os fluídos espirram das pancadas contra o vidro, me sinto mal com aquela visão e corro para o elevador.

O elevador fica travando e sobe com dificuldade, ainda assim, consigo chegar no andar principal. Minha racionalidade grita afirmando que minha restauradora está morta, mas eu não quero acreditar. O hall ao qual estou tão acostumada é amplo, e normalmente organizado, mas o caos neste momento é dominador no espaço. Um gemido chega aos meus ouvidos.

Um gemido baixo inunda a sala bagunçada, é doloroso e me deixa tonta de agonia. Já vi muito cenas atordoantes.

- Lika ? - eu pergunto esperançosa.

-Lyra? - a palavra parece mais um gemido.

- Onde você está? - pergunto percorrendo a sala.

- Minha filha, não, não - ela diz com voz desesperada - Vá minha filha, eles podem entrar a qualquer momento aqui. Vão machucar você. - as palavras soam cada vez mais sofridas.

Eu finalmente a encontro, uma haste de ferro que antes era o suporte de uma estante de diversas espécies de autotróficas, atravessa o corpo acinzentado de minha restauradora. Mercúrio líquido escorre do buraco e da boca dela, eu vou levá- la. Eu tenho que ajudar a quem me ajudou. Me aproximo dela.

- Não Lyra - ela fala - Você é vulnerável a mercúrio, meu sangue é tóxico para você. Fique longe. - ela pede calma.

- Eu preciso tirar a haste de você, tenho uma esfera de redução vou te levar e Plátia será curada. - eu explico e vejo os olhos dela lacrimejar.

Ela não estar chorando como uma saudaciana, mas como uma humana, a gratidão preenche
nós duas de forma igual. Eu sei que devo ajudar e eu farei isso.

- Minha querida - ela começa - Olivia, eu dediquei todo meu talento a você e hoje eu vejo como fui recompensada. - as lágrimas começam a surgir nos meus olhos também.

- Deixe- me ajudar - eu respondo quando escuto um baque na porta do elevador.

O saudaciano contaminado conseguiu me seguir e por mero destino ele também conseguiu fazer com que o elevador subisse. Tenho que fazer isso rápido. Me aproximo de Lyka.

- Não! - ela diz autoritária - É minha hora, é meu ponto final.

- Não, eu vou ajudar ...

- Faça acabar para mim, minha querida - os baques estão se tornando mais forte e vidro já está trincado. Meus olhos já não suporta a água excedente, meus soluços são desesperados.

- Eu não posso lhe abandonar! - eu falo entrecortada.

- Você não vai, quero que termine para mim. Me mate Lyra, não me deixe ser contaminada - ela fala autoritária - E me proporcione um bom fim, você me deve isso! Eu lhe dei um recomeço.

- Eu vou lhe dar um recomeço também! - eu me abaixo para erguer a estante, infinitivamente pesada.Eu sei que o saudaciano contaminado só precisa tocar na pele de Lyra para transmitir o Mortium.

- Não faça isso, não faço disso um martírio. A morte quando na hora certa é um milagre. - ela fala com doçura .

A mão do infectado já atravessou o vidro eu sei que já não posso fazer nada, mas eu não quero matar quem me trouxe a vida. Minha restauradora olha profundamente para mim, seus olhos trazem gratidão e um pedido por alívio. Ponho a mão na minha arma, aquele protótipo seria o responsável por tirar a vida de uma brilhante criatura, não seria, ele seria eu quem tiraria.

EXTINÇÃO Where stories live. Discover now