Prisioneiros do tráfico

2.3

MILENA SAIU DESSAS LEMBRANÇAS com gritos e palavrões, rapidamente pegou na sua espada e correu pelos corredores disparada até ao grande pátio, e mais uma vez se surpreendeu com a tamanha crueldade. Estava lá um camião com vários adolescentes, eles estavam pálidos com olhos marejados gritavam e choravam, todos vestidos apenas com um pedaço de camisas velhas e rasgadas.

Alguns estavam machucados que nem andar podiam, seu pés tremiam, seus lábios estavam rasgados.

De longe sentia suas vibrações, de joelhos no chão ela deixou uma lágrima escorrer pelo seu rosto, desviou seu olhar, para não sentir mais, não queria mais aquilo.

Cada ser humano tem seu destino traçado acredita, por isso ninguém tem o direito de cortar a nossa linha da vida, encurtar nossa alegria. Os descuidos estão sempre ao nosso lado, é sempre os pequenos detalhes que se transformam em grandes dificuldades dizia o seu pai.

Saiu para o jardim, queria espairecer um pouco a sua mente, pensava no que a sua vida se tornou, andou sem rumo, deu meias voltas e se auto - machucou.

Ficou um tempo encostada nos arames e começou a sentir cheiro podre de lixo, mesmo que quisesse não dava para ignorar, curiosa abriu a pequena porta de ferro e foi até local meu deus.

Rehx o que tu fizeste, porque és tão cruel assim?

Correu para dentro, ela precisava encontrar aquele animal, não passa de hoje, eu mato-o, mato mesmo desgraçado maldito demónio, mas seu estômago não aguentou e acabou por vomitar por todo o percurso.

Com raiva gritava cada vez mais alto _ Ei. Tu. Mas, novamente seu estomago não parava de chorar. _És tu aí, me sai da frente, antes mesmo de fechar a boca ela saltou e deu dois socos no Miguel segurança de Rehx, arrebentou a porta do seu escritório que estava entreaberta, arrancou a sua espada, _ é hoje que eu te mato.

_ Relaxa, relax... cuidado com essas palavras, olha o que estás a pensar em fazer, me dá essa espada.

Trémula e com lágrimas nos olhos, negou com a cabeça, ficou na posição de quem iria atacar.

_Me dá a espada Milena, me dá, senão vais te arrepender.

_Agora sabes o meu nome , tu és um monstro, não acredito que tens tanta coragem assim, não consegues perceber, que tudo isso aqui é uma merda, tu és feliz assim és?

_O que é que te deu agora.

_ Não grita comigo seu monstro, eu não sou sua filha, aliás, tens família, tens filhos? Não, tu deves ter caído do inferno, porque uma mulher não te pariu pois não, seria muito nauseoso tu teres saído de dentro de um ser humano.

Ouvindo aquelas palavras, ele ficou tão irritado, e Milena nem percebeu num piscar de olhos ele lhe deu um tiro na mão, ela caiu no chão e largou a espada gritando de dor, viu sua mão a sangrar.

_ Não era para ser assim, tu sabes disso, eu nunca te quis machucar, mas tu me deixas louco.

Os seguranças entraram na sala todos desorientados, ele pediu que eles a levassem para a enfermaria.

A gritar falou _ Tu ainda irás me pagar por isso, eu te odeio, eu irei te matar, podes apostar, eu te mato, vou me vingar por tudo que estás a fazer.

_ Me soltem.

Jogaram-na no chão e foi fazer seu curativo, em seus pensamentos veio aquelas imagens terríveis de corpos mutilados a apodrecerem naquele lugar.

Não entendia porquê que ainda estava viva, mas ela jurou vou acabar com aquel maldito inferno podem apostar.

Eu juro.