20.1

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Dona Rita e senhor Hudson eram professores ele de física e ela professora de música, então Cécil resolveu que ia dar a sua mãe um disco de Baccara e seu pai sendo um homem que nunca abriu mão da boa aparência comprou-lhe um relógio Audemars Piguet, modelo Royal Oak.

Animados e felizes saíram apressados queriam chegar em casa antes da restante família chegar, principalmente o Anthony o linguarudo entre os primos, correriam o risco dele estragar-lhes a surpresa.

Thales pendurava no ombro de Cécil que ria e tentava apanhar-lhes com os pés, Tony corria enquanto pedia que o primo parasse, os três além de primos eram amigos.

Passaram num quiosque e compraram três saquinhos de amêndoas, corriam um atrás do outro jogando os grãos em cima do outro e divertiam-se com a cena.

Ainda no meio da estrada Lar do patriota, Tony percebeu que uma camioneta os seguia, mas Cécil o mais velho não deu importância.

_Calma seu medricas é alguém procurando algum endereço, diz o Cecil dando tapas na pescoço do Tony.

Thales parou e olhou na direção da carinha que agora vinha em toda velocidade.

_ Corre, ele irá nos atropelar.

_ Caramba, que loucura.

A carinha passou por eles atropelando o Tony, Thales corre para socorrer o irmão, gritou pedindo socorro, Cécil se aproximou mas levou um tombo e cai desmaiado, Thales levantou sem olhar para trás e saiu correndo mas, é surpreendido por dois homens saindo da carinha suspeita que o sufocou fazendo-o perder a consciência.

Vinte anos depois, Rita nunca esqueceu daquela noite de natal, seu menino nunca mais voltou, seu irmão pais dos meninos e sua esposa mudaram de cidade e tempo depois ele se suicidou, e nunca mais ela soube da notícia de sua cunhada.

A dor e o sofrimento devorou-os por dentro até a morte do seu marido, e ela nunca mais foi a mesma, sempre sonhava com a volta do filho sorrindo brincando.

Parou de trabalhar, na sua casa a ela só ouvia o disco que seu filho havia comprado para ela e nunca chegou de lhe entregar.

Lulu, lamentava o estado da mãe, nunca perdeu as forças, mesmo sem demostrar ele também tinha esperança que mesmo passando vinte anos Cécil e seus primos voltariam mas, no fundo eles sabiam que era ilusão os meninos simplesmente sumiram sem rastros nem testemunhas.

Dona Rita apesar de toda dor sempre dava um sorriso quando via Lilian a passar na sua rua, aquela menina era bonita e feliz lembrava-lhe alguém.

_ Boa tarde Rita, como a senhora está hoje.

_ Querida estou indo dia a dia. Como vão os seus pais?

_ Ansiosos, amanhã é o natal, passo aqui antes para festejar com a senhora.

_ Obrigada menina, mas não precisa, noite de natal é para ficar em casa com a família.

_Eu não me importo, então quando eu voltar da entrevista fico um tempinho com a senhora.

_Vais arrumar trabalho?

_Tenho certeza que desta vez sim.

_ Boa sorte minha menina.

Apressada ela pegou um táxi até o local combinado para a entrevista, o relógio batia dezasseis horas em ponto, Lilian entrou no grande salão olhando tudo, o teto, a arrumação das cadeiras, o palco, ela subiu nas escadas para ver melhor e nem reparou que tinha uma mulher a observar.

_ Quem és tu e o que fazes aqui?

_Ah, olá sou Lilian, tenho uma entrevista aqui.

_Então és tu?

_ A senhora é?

_ Vamos o local da entrevista foi alterada.

A mulher não a deu tempo de fazer mais perguntas, aproveitou da vontade e ingenuidade da jovem para a atrair até um local mais reservado.

Dezasseis hora e meia elas não chegavam a lugar nenhum e Lilian começou a ficar ansiosa e preocupada.

_ Onde é que vamos? Ela faz pergunta e não obtém resposta.

Mais uma vez ela pergunta, a outra grita, cala essa boca, e surpreende-a com um soco na cara.

Assustada Lil tentou abrir a porta do carro mas é puxada pelos cabelos e jogada contra o vidro da janela fazendo-a sangrar um pouco na testa.

Agora sim, ela viu que algo estava errado, talvez aquelas pessoas fossem bandidos e queriam sequestrá-la para depois pedir resgate, mas a sua família era pobre.

Encolhida ela começou chorar baixinho, o motorista mostrou-a uma arma caso ela gritasse.

Lilian estava cansada de tanto chorar, antes não tinha sentido medo, mas naquele momento ficou preocupada, fazia duas horas e meia que eles estavam na estrada. Histérica ela começou a gritar pedindo socorro, implorando que eles a deixassem sair, foi ali então que além de ser agredida novamente, o motorista entregou para mulher um pano com uma garrafinha, vendo o medo no olhar da jovem ele apontou a arma para sua cabeça para que ela cedesse.

Ela deu o último grito de socorro antes de ser colocada para dormir, seus pensamentos agora estavam confusos, seus neurónios lutavam contra o sono, seus instintos agora falavam mais alto eles pressentiram o perigo, mais do que adianta seu corpo havia resistido ao boa noite Cinderela.

*Bom final de  semana*

Prisioneiros do tráficoWhere stories live. Discover now