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FAZIAM SEIS HORAS APÓS o rapto da Natali, ela acordou numa pequena cabana no bairro de Chamanculo, ainda grogue com o corpo dolorido ela lembrou do que lhe tinha acontecido e se assustou começando a chorar.

_ O que fizeste comigo? Onde estou?

_Calma princesa, estás num lugar seguro.

_Por favor não me machuca.

_O que é isso minha linda, não te estou a reconhecer, pensei que me amavas.

_Por favor Joel, me deixa ir embora, eu só quero voltar para casa. Prometo não contar nada a ninguém, eu juro.

Joel estava sentado no sofá de frente para cama com uma caneca de feijão na mão, a cada grito de Nat, ele sorria e estocava uma colher de feijão na boca.

Algemada na cabeceira da cama usando um pulôver cinza que não cabia bem no seu corpinho de menina, Nat se debatia tentando se livrar das algemas mas sem sucesso o que resultou em um avermelhado e feridas na pele.

Ela chorava, gemia e implorava por ajuda. Berrava e gritava o nome de Joel que nem sequer expressava nenhum sentimento. Ela não passava de uma simples mercadoria, Joel é acostumado a raptar e vender crianças, esse era seu meio de sobrevivência quando não vendia drogas ou matava por dinheiro.

Ver pessoas se agonizando pedindo ajuda se humilhando na frente dele era como um pagamento para ele, um homem que cresceu nas ruas vendo e vivendo de tudo um pouco, aprendeu desde cedo a não ter compaixão.

Muitas vezes até quem trabalhava para ele sentia medo da pessoa que ele se transformou quando o assunto é torturar, nunca ninguém resistiu e nem sobreviveu as suas torturas.

Natali não estava ali para satisfazer suas necessidades mas sim para suprir uma dívida antiga com um gangue de exploração sexual de menores. No mundo do crime as pessoas inocentes são atraídas a armadilha e usadas como objetos de troca, pagamento de dívidas entre outros.

É preciso entender que pessoas como ele são egoístas, calculistas não demonstram sentimento algum pelo próximo, a única coisa que lhes interessam é sua a própria sobrevivência.

_ Para com isso agora ou eu te mandarei ver os anjos.

Sem forças para lutar por causa do cansaço, fome e também pela culpa, Nat já não se debatia mas, simplesmente fechou os olhos e deitou encolhida na cama.

Com a voz rouca e baixa ainda tentava mais uma vez pedir por liberdade.

_ Eu faço o que tu quiseres, mas por favor me deixa ir depois.

Cansado de ouvir muitas lamúrias Joel colocou o sonífero num pano e mais uma vez a pequena é colocada para dormir.

Prisioneiros do tráficoWhere stories live. Discover now