Promessa de um irmão 24

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Mielly é típica miúda popular, mas diferente das populares e arrogantes, nasceu em uma família rica, sempre teve tudo do bom e do melhor, muito amada pelos familiares, seus pais sempre foram bem instruídos, sempre se deram bem com todos e a filha não saiu diferente. Kayron o irmão mais velho da Mielly apesar de amar muito a irmã, achava-a sem graça, quem nesse mundo não gostaria de ter dinheiro? Pois ela valorizava os bens dos pais e a vida estudava para um dia não ter que depender somente dos seus pais mas também quem sabe garantir o futuro do irmão.

Kayron protegia como pode sua irmã dos olhares de seus amigos, ele jamais permitiria que ela chegasse perto de um deles que apesar de serem amigos ele sabia que nenhum deles seriam uma boa influência para ela.

Muitas vezes não enxergamos direito quem está ao nosso redor, acreditamos que o mal que atingiu outras famílias nunca nos atingirão, mas pensar assim é agir como um ignorante, Kayron jamais pensaria que sua irmã um dia desaparecia, ele nunca imaginou que um dia perderia sua protegida de forma tão misteriosa e suspeita.

Como Flávio ele andava há vários anos tentando encontrar sua Mielly, prometeu a seus pais que a traria de volta para suas vidas, deixou de sair com seus amigos, parou sua vida para desvendar o mistério.

Assim como muitas outras vítimas dessa rede de crime organizado Mielly morrera dois meses após seu rapto vítima de tráfico de órgãos. Conheceu muitas outras mulheres, viu as piores coisas que podia existir, escreveu num pedaço de papel " Eu encontrei o Akuma mamãe, pai eu sinto muito, estou com tantas saudades tuas Kayron. Um dia eu voltarei para casa, mesmo que seja como uma borboleta."

Todas as noites ela fazia questão de ver o céu queria ver se deus a ouviria daquela vez , já que ela pedia para ele tantas coisas e ele nunca respondeu. Sem vontade de viver mas não querendo morrer Mielly se entregava por completo aos maus trato daqueles que frequentavam aquele lugar, seres humanos eram amarrados como um saco de lixo e jogados num contentor ou numa barraca qualquer e cães se alimentavam deles, sugando suas vidas, seus sangues, suas dignidades, um mundo governado por seres cruéis, assustadores, grandes de olhos vermelhos, sorrisos brilhantes, mãos sujas de sangue, homens e mulheres de sociedade, credores de deus, cultivadores de paz e defensores do direitos humanos, Alina repetia essas frases todos os dias. Sentia se sozinha queria o não tem e encontrou o que não quer.

***

Após vários anos presa sendo explorada, Raissa como ela gostava de ser chamada corria desesperada tentando se salvar, dois homens iam atrás dela.

Uma noite escura, poucos carros movimentavam na rua se não eram os próprios traficantes controlando as pessoas que eles colocavam para trabalhar na rua eram os clientes e eles não eram tão diferentes dos bandidos. Raissa simplesmente corria sem parar, sem olhar para trás sua esperança era sair daquela vida, chegava a hora dela conhecer a vida que muitos clientes relatavam existir mas ela não chegou a conhecer. Sentia suas pernas cansadas, seu peito ofegante, seu corpo pedia para parar mas seu coração mesmo cansado desejava continuar, comunicava com a sua mente, temos que conseguir, vamos seguir em frente ou é hoje ou nunca, mas alguém gritava no seu ouvido, corre, tu precisas chegar lá, e assim ela fazia, correu até não sentir mais nada, não ouvia nada, somente uma luz forte piscava ao longe na estrada.

Nada havia mudado, nadou para morrer na praia pensou Raissa ao acordar e dar de cara com um homem sentado á frente da cama olhando para ela.

_Quem és tu, como vim parar aqui?

_Não, quem és tu e o que estavas a fazer aquela hora da noite numa estrada desertam caídas no chão?

Desconfiados os dois se encararam, não se conheciam e viam algo suspeito um no outro. Uma jovem vestida de forma inadequada caída na estrada só podia estar metida em sarilhos e isso colocaria qualquer um que a ajudasse em perigo também.

Um rapaz lindo, bem apresentado mas com uma aparência física triste e cansado não podia ser somente um simples bom samaritano, Raissa aprendeu a não confiar em ninguém não tinha motivos para tal, deixava transparecer o medo nos seus olhos, quando Kayron levantou em direção a janela.

_Desculpe-me eu devia me apresentar antes, sou Kayron e não vou te fazer mal.

_Então porquê me trouxeste aqui?

_Porque estavas desacordada, devia te deixar lá então.

_Não foi isso que quis dizer?

_Não foi? Então vê lá como falas, um obrigado seria ótimo não achas?

_ Desculpe não quis te ofender.

_Mesmo?

_Sou Raissa.

_E quantos anos tens, o que fazias na rua, vais ter que voltar para casa, aqui não é o melhor lugar para ficares.

_Não precisa me colocar na rua, eu já vou embora.

_E vais para onde?

_-Isso não te interessa.

_Então tchau.

Raissa saiu apressada do quarto em direção a porta de saída e Kayron a segurou pelo braço se desculpando e pedindo que fosse tomar um banho e sentar na mesa para o pequeno-almoço, o que ela assentiu com cabeça e lágrimas no olhos, mas ele retribui a sua tristeza com um beijo na testa o que a faz sorrir pela primeira vez em anos.


Prisioneiros do tráficoWhere stories live. Discover now