Capítulo V

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Brasil – Dias atuais

ISABELLE

Estou cuidando da Rebecca há praticamente um mês e acabamos adotando certa rotina, pois, assim como eu, ela se encontra de férias. Então, de manhã ficamos em casa vendo desenhos e filmes na TV e depois do almoço vamos ao hospital ver a mamãe. Seu atual estado é estável, mas os médicos ainda estão a observando, receosos, porque ela ainda corre risco de ter outra hemorragia ou perda do movimento das pernas.

Depois das visitas, eu levo a Rebecca em uma praça próxima ao hospital, onde tem um parquinho, para que possa se distrair um pouco. Quase todos os dias, na parte da noite, o Luan vem nos visitar. Ele traz algo para jantarmos e ficamos assistindo filme. A Rebecca ama as visitas dele, pois, além de ela ganhar muita atenção, sempre que dorme, normalmente durante o filme, ele a coloca na cama.

Eu pensei, sinceramente, que depois que voltasse para casa, ficaria sozinha, mas o Luan está se saindo melhor do que o esperado. Ele cumpriu com sua promessa de "cuidar de mim", ou seja, é o melhor amigo que uma pessoa pode ter ou querer.

Estou neste momento sentada no sofá assistindo a um programa qualquer de culinária enquanto a Rebecca tira seu cochilo da tarde. O telefone começa a tocar, tirando-me de meus pensamentos.

— Alô? — atendo o telefone.

— Senhorita Isabelle Albuquerque?

— Sim, quem fala?

— Aqui é do Hospital Central. Meu nome é Kátia, sou uma das secretárias e...

— Sim? — a interrompo.

— Gostaríamos que a senhorita comparecesse ao hospital o mais rápido possível.

— Por quê? O que houve?

— Senhorita, não posso dar detalhes da paciente por telefone sem ordem médica. A única coisa que posso lhe afirmar é que o estado de sua mãe se agravou.

— Oi? — Respiro fundo. — Tudo bem, estou indo para aí. Chego já.

— Estamos no aguardo, senhorita. Até breve.

— Até. — Fim da ligação.

Vou ao meu quarto, visto a primeira calça jeans que vejo e uma blusa qualquer. Coloco um tênis e pego minha bolsa. Passo em frente ao quarto onde a Rebecca ainda dorme e, voltando para a sala, faço uma ligação.

— Oi, Isa — a pessoa atende depois do terceiro toque.

— Lara, está ocupada?

— Não, por quê?

— Você pode vir aqui pra casa olhar a Rebecca?

— Posso sim. Algum problema?

— Preciso ir urgente ao hospital e ela está dormindo. Além do mais, também não quero levá-la.

— Ok, estou aqui por perto. Chego em cinco minutos.

— Obrigada! Vou deixar a chave no vaso de planta como sempre.

— Mas o que houve?

— O estado da minha mãe se agravou. — Suspiro.

— Sério? — Ela se espanta. — Mas ela parecia tão bem...

— Sim. — Suspiro novamente. — Bem, vou lá ver o que houve.

— Ok, amiga. Sem problemas! Demore o tempo que for preciso.

— Obrigada! Vou lá, beijos.

— Beijos. — Fim da ligação.

Tranco a porta de casa e guardo uma cópia da chave no vaso de planta que há ao lado, levando a outra cópia comigo. Pego um ônibus para o hospital e chego em 20 minutos.

A Primeira PétalaWhere stories live. Discover now