Capítulo XXVI

460 39 0
                                    

Nem vejo direito as pessoas que passam por mim e quase empurro algumas. Sei que correr por um hospital é errado, mas não consigo me controlar. Só quero chegar ao quarto de minha mãe o mais rápido possível. Assim que alcanço a porta e abro, vejo-a e ela sorri para mim. Sinto como se meu coração tivesse parado de bater.

— Mãe! — Quase choro de tanta emoção.

— Minha princesa! — ela diz com um pouco de dificuldade na fala.

Vou até ela para abraçá-la da melhor forma que consigo.

— Mamãe! — Sorrio e me viro para o médico que nos observa. — Como ela está?

— Tudo ótimo. Nada foi afetado e conseguimos controlar tudo sem que ela fique com alguma sequela.

— Que ótimo, doutor! — Suspiro aliviada. — E quando ela vai ter alta?

— Calma, mocinha, ela acordou tem pouco tempo e vamos precisar fazer alguns exames para ver como está. Além de fisioterapia, acostumá-la novamente a comer e tudo o mais. Sua mãe ficou por meses em coma, temos que ir devagar agora. Bem... — Ele anota algo na prancheta. — Vou deixar vocês a sós. Qualquer coisa, só chamar.

— Tudo bem... — Dou de ombros e volto minha atenção para minha mãe enquanto ele sai da sala. — Estou tão feliz por você ter acordado e estar bem!

— Eu também, querida. E como você está?

— Bem. E antes que pergunte, Bec também está bem. — Sorrio para ela.

— E como você tá lidando com a casa, faculdade, trabalho e sua irmã?

— Então, sobre isso... — Tento pensar por onde começar.

— Filha, o que tá acontecendo? Fala logo!

— Calma, mãe. Nada demais. Você se lembra do Richard?

— O amigo do seu pai? — Apenas afirmo com a cabeça. — O que tem ele?

— Eu não estava conseguindo dar conta de tudo e ele nos chamou para morar na casa dele.

— E vocês foram? — Ela me olha desconfiada.

— Sim. Eu não tinha outra escolha. — Minha mãe aparenta certo receio no olhar. — Mas foi bom, mãe! Está sendo bom! Ele nos trata super bem.

— Filha...

— Mãe, tá tudo bem, eu juro. Estou feliz lá.

— E o emprego e a faculdade?

— Larguei o emprego e estou auxiliando Richard no escritório e na biblioteca dele. E sobre a faculdade, estou cursando direitinho.

— Ai, minha filha, tem certeza? Não sabemos direito como ele é...

— Absoluta. — Sorrio para ela. — Como estou há meses lá, posso te garantir que Richard é uma das melhores pessoas que conheço.

— Filha. — Ela me observa por um momento, como se estivesse me estudando. — Que olhos brilhando são esses? Você e ele...?

— Sim — decido admitir. — Nós estamos juntos.

— Filha, ele é muito velho pra você!

— Mãe, somos só alguns anos de diferença. Eu realmente gosto dele e ele de mim e isso está sendo ótimo para os dois.

— Tem certeza?

— Sim... — começo a falar e vejo que a porta do quarto está sendo aberta.

— Com licença — diz Richard, parado na porta e esperando permissão para entrar.

— Entre. — Sorrio para ele. — Mãe, esse é o Richard.

A Primeira PétalaWhere stories live. Discover now