Capítulo XVII

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Fingi que não tinha visto a mensagem na noite anterior e simplesmente fui dormir. Acredito que Joana ou Sabrina deve ter falado sobre mim para Richard e não as culpo, mas eu realmente não queria falar com ele naquele momento. Se ele não me quer, não vou correr atrás enquanto não estou muito bem para isso.

Desço para tomar meu café da manhã depois de tomar um banho e, para minha surpresa, encontro Richard me esperando. Finjo que não noto a presença dele, cumprimento alguns funcionários que estão próximos à mesa e me sento.

— Bom dia — ele diz para mim.

— Dia — respondo, sem me importar muito.

— Está melhor? Soube que você estava mal ontem...

— Sim — o corto.

— Ah, que bom. — Ele dá de ombros e pega uma maçã. — Quero falar com você hoje no meu escritório depois que terminar aqui.

— Ok. — Sinto meu coração palpitando rapidamente, mas finjo não me importar muito. — Estarei lá.

Richard termina seu café primeiro do que eu e sai sem nem pedir licença. Termino meu café com calma, tentando ao máximo prolongar o momento para evitar falar com ele.

Depois de uns vinte minutos, desisto e me levanto. Dou um longo suspiro e vou em direção ao escritório. Subo bem lentamente, tentando pensar em mil possibilidades e motivos de ele querer que eu vá até lá.

XXXX

— Entre. — Ouço sua voz assim que bato na porta.

Bati apenas uma única vez na esperança de ele não me ouvir, eu ir embora e dar uma desculpa qualquer mais tarde. Mas, não. Ele ouviu.

Respiro fundo e entro na sala que está um pouco bagunçada comparada ao que estou acostumada. Alguns papéis estão jogados, uns dois ou três caídos no chão, e ele parece meio perdido.

— Algum problema? — digo enquanto aponto para os papéis no chão.

— Não. — Richard dá de ombros. — Só estava procurando por um papel em específico.

— Quer ajuda para encontrá-lo?

— Não, já encontrei. — Ele se abaixa e recolhe os papéis. — Sente-se. — Aponta para a cadeira em sua frente e faço o que ele diz.

— Ok. — Suspiro. — Então, me chamou aqui para quê?

— Você está com algum problema?

— Eu? — Levanto a sobrancelha. O problema é você! Penso.

— Sim. Você anda meio afastada.

— Impressão sua.

— Tem certeza? Nunca mais te encontrei aqui ou na biblioteca e...

— Não estou fazendo meu trabalho direito? — o corto.

— Eu não disse isso. — Ele parece incomodado. — Só que você não passa mais o tempo lá na biblioteca como fazia antes, por exemplo.

— Algum problema com isso? Eu tenho andado ocupada.

— Ah, sim. Me desculpe, eu fiquei preocupado.

— Comigo? — Sinto meu coração acelerar. Coração idiota! — Está tudo ótimo comigo, só tenho mais o que fazer.

— Tem certeza?

— É claro que sim. E por que eu não teria?

— Não sei. Algum problema comigo talvez.

— E qual seria esse problema? — Dou um sorriso cínico. — Você não fez nada de errado, não é mesmo?

A Primeira PétalaWhere stories live. Discover now