A Primeira Pétala

Capítulo XIX

Estados Unidos — Quatro anos antes

RICHARD

— Ninguém nunca vai ficar a fim de mim! — falo para a minha irmã.

— Por que você diz isso, Richard? Pare de bobeira! Isso não tem nada a ver! Quantas pessoas por aí não são "perfeitas" — ela faz o sinal de aspas com as mãos — e encontram seu amor verdadeiro?

— Pois é, amor verdadeiro. Eu nunca tive isso! Nunca! Sempre foi amor por interesse. Não adianta, Katharine.

— Adianta sim, sempre adianta! — Ela segura meu braço. — Richard, não se entregue assim!

— Você não entende! — Puxo meu braço, saindo de seu contato.

Viro-me e vou em direção à saída dos vestiários.

Eu não aguento mais minha irmã e minha mãe com essa mania de acreditar que eu vou melhorar magicamente ou que vivo em um conto de fadas e a Bela vai se apaixonar pela Fera. Não. Isso é mundo real. Pessoas querem as outras somente por interesse e assim tem sido desde sempre.

Vou andando em direção ao bar, passando pelas pessoas rapidamente para poupá-las de verem meu rosto, mesmo que esteja tampado por uma máscara. Sento em uma cadeira mais afastada e peço um drink qualquer que achei no cardápio. Preciso me distrair e bebendo é sempre a melhor forma.

— Com licença, posso me sentar? — Ouço alguém falar.

Levanto a cabeça e vejo uma mulher bonita aparentando ser mais nova do que eu. Bonita não, gostosa. Os cabelos loiros chegam à altura da cintura e os olhos azuis dão uma sensação de pureza à mulher, a não ser pela boca marcada por um batom vermelho vivo que me faz ter vontade de beijá-la agora mesmo.

— Claro. — Dou de ombros, dando um gole no meu drink. — Aceita uma bebida?

— Sim. — Ela sorri e chamo o barman.

— O que vai querer?

— Pode ser a mesma coisa que você está bebendo — ela diz e o garçom sai — Sou Lysandra, mas pode me chamar de Lysa. — A mulher morde os lábios de leve.

— Lysa, prazer. Sou Richard. — Tento dar um pequeno sorriso, sem muito resultado.

— O prazer é todo meu. — Ela morde o lábio mais uma vez. Isso está me deixando louco.

O drink chega e Lysa começa a beber. Ficamos conversando por algum tempo. Ela me conta detalhes de sua vida e eu compartilho alguns pequenos com ela. Não gosto de falar da minha vida e não é com uma desconhecida que vou falar.

Depois de beber umas sete bebidas diferentes, eu já não estou mais entendendo nada do que Lysa fala. A única coisa na qual consigo prestar atenção é sua boca, além do decote de seu vestido.

Eu quero essa mulher e é agora.

Levanto e seguro a mão de Lysa. Ela se levanta ainda segurando minha mão e saio andando em direção às cabanas que ficam em uma área mais afastada do clube. Lysa me segue sem reclamar ou questionar. Entro na minha cabana e a espero passar, tranco a porta e em seguida puxo os cabelos dela para um beijo.

Lysa não recua em nenhum momento e percebo que quer estar aqui tanto quanto eu. Agarro seus cabelos e aprofundo mais o beijo, tornando a cena mais quente. Seguro-a pela cintura e a guio em direção à cama. Ela tira minha camiseta e eu não a paro.

Quando estou começando a abrir o vestido dela, Lysa me chama. Paro o que estou fazendo e a olho.

— O que foi?

— Deixa eu ver por debaixo dessa máscara, deixa?

— Não.

— Por quê?

— Porque eu já disse que não e acabou.

— Por favor. Tenho certeza de que não tem nada demais aí.

— Não. Qual é o seu problema?

— Nenhum. É que a Kath disse... — ela começa e para abruptamente.

Encaro Lysandra com ódio e a empurro para longe de mim.

— O QUE A MINHA IRMÃ TEM A VER COM ISSO? — grito.

— Desculpa, eu... eu... Não é nada. Nada, nem sei quem é sua irmã — ela diz, ficando nervosa.

— Agora já era. Fala a verdade.

— Eu que quis vir, juro. Ela me mostrou sua foto, falou que você estava sozinho e eu fiquei interessada, foi só isso.

— A minha irmã armou tudo isso pra mim? NÃO ACREDITO! — dou outro grito.

— Calma. — Ela coloca a mão na minha perna, mas retiro. — Você está muito nervoso!

— Nervoso, eu? — Rio com deboche. — Sai daqui agora!

— Mas, Richard...

— Sai!

Nem espero Lysandra sair e me tranco no banheiro. Jogo algumas coisas que estão na bancada no chão e observo minha aparência no espelho. Neste momento, consigo odiar muito mais a mim mesmo do que a minha irmã e até mesmo a mulher que pagou para me conquistar.