Capítulo XXVII

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Brasil — Três anos antes

RICHARD

— Richard! — Ouço alguém gritando com um tom de surpresa na voz e me viro para ver.

— Amanda?

— Não acredito que te encontrei aqui! — Ela sorri e me abraça.

— Já faz algum tempo... — Dou de ombros.

— Sim, muito tempo. — Ela suspira.

— E o seu marido?

— Que marido? — Amanda arqueia uma sobrancelha.

— Você não estava junto com aquele sargento? Como é mesmo o nome dele?

— O Mathias?

— Isso.

— Não deu certo, meu casamento não durou nem um ano. Ele era um monstro e eu não gostava verdadeiramente dele. Por incrível que pareça, eu ainda gosto de você, Richard.

— Até parece, Amanda. — Reviro os olhos.

— É verdade. — Ela chega mais perto e cola seu corpo ao meu.

— Amanda... — tento repreendê-la.

Contudo, ela me ignora. Amanda se aproxima e me beija. Eu pouco me importo com sua atitude e a beijo de volta. Se ela acha que vou cair na dela, impossível, mas se quer brincar, vamos brincar.

Depois de alguns instantes nos beijando no shopping, levo-a para um apartamento em que estou hospedado enquanto as obras em minha casa terminam.

Amanda continua falando ao longo de todo o caminho o quanto está interessada em mim e o quanto sentiu minha falta durante todos esses anos. Chegou a ousar dizer até mesmo que me ama.

Como se eu fosse acreditar nela.

Deixo-a falando e nem presto muita atenção. Se ela tem coragem de ir para a cama com alguém como eu, problema dela e vantagem para mim.

Quando chegamos ao quarto do apartamento, tiro a roupa de Amanda e a jogo na parede sobre protestos de "você já foi mais carinhoso" e "vamos conversar sobre nosso sentimento". Após tirar sua roupa e continuar a beijando, ela entra no clima e também tira a minha. Arrasto-a para a cama ouvindo seus gemidos.

— Richard...

— O que é? — digo e quase reviro os olhos em sua frente.

— Eu te amo, eu quero você.

Dou de ombros e não respondo nada. Eu queria há muito tempo ter uma boa transa com alguém e sei que Amanda será esse alguém.

XXXX

Algumas horas depois e estamos cansados. Amanda alcançou o ápice há alguns minutos e fui junto.

— Richard, eu estava com saudades... — ela começa, enquanto acaricia meu abdome. Apenas a ignoro.

Continuo olhando para o teto e sinto sua mão em meu rosto. Porém, antes que eu consiga ter qualquer reação, Amanda puxa a máscara.

— O que você está fazendo? — grito com ela enquanto tampo meu rosto com as mãos.

— O que... — Ela me olha horrorizada. — O que aconteceu com o seu rosto?

— Me devolve a máscara agora — digo.

Ela joga a máscara de volta para mim.

— Richard, você está...

— Horrível — corto-a. — Eu sei disso. E não foi uma escolha minha, e sim daquela bendita granada.

— Eu... Eu... — Ela começa a catar suas roupas do chão.

— E você ainda teve coragem de dizer que me amava? Sério mesmo?

— Eu não sabia que você estava assim...

— Quem ama não liga para aparência. Ou você achou que eu não sabia que todo esse seu interesse era pela minha carteira e não por mim?

— Tá. — Ela dá de ombros e se veste.

— Tá o quê?

Ela suspira.

— Você já valeu a pena algum dia, mas infelizmente não é o mesmo que antes.

— Já você não mudou nada. — Dou uma risada cínica. — E continua a mesma vadia interesseira de sempre.

— Como você ousa? — Ela se aproxima e me dá um tapa.

Nem me importo de passar a mão pelo local onde ela atingiu.

— Sai da minha casa agora — apenas digo.

Amanda se vira sem dizer nada, indo em direção à porta e a abrindo.

Acompanho-a até a sala apenas para ver se não fará nenhuma besteira e a vejo indo embora.

— Tchau — ela diz.

— Tchau — respondo, virando-me em direção à cozinha. — Feche a porta ao sair.

— Pode deixar. E saiba que ninguém nunca vai te querer de verdade. Você é ridículo e o que tinha de bom, que era sua aparência, você perdeu. Sinto muito. — Ela ri. — Na verdade, não sinto.

E assim mais uma se vai.

A Primeira PétalaWhere stories live. Discover now