Capítulo IX

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— Como é que é? Do que você sabe? — Encaro Richard assustada, já com a mão na maçaneta.

— Sente na cadeira, por favor — ele diz, respirando fundo. Dou meia-volta e sento.

— Agora fala.

— Isabelle, o caso da sua mãe é grave. Os médicos estão fazendo o que podem. — Ele suspira. — E eu também — acrescenta. — Mas não sabemos se ela vai se recuperar.

— Ai, meu Deus — digo enquanto lágrimas escorrem por meu rosto. — Ela tem chance de ficar boa?

— Sim, mas as chances são de 50% — responde, cruzando as mãos em cima da mesa.

— É verdade o que você está dizendo? — Olho em seus olhos. — Não pode ser.

— É sim, eu... — Ele faz uma pausa. — Eu sinto muito.

— Ok. — Enxugo as lágrimas. — Quer dizer mais alguma coisa?

— Acho que não. — Ele suspira. — Espero que não vá embora.

— Eu só queria trabalhar e ter meu próprio dinheiro. — Suspiro também.

— Estou fazendo isso para o seu bem, Isabelle.

— Como assim? Por quê?

— Tem muita gente que não me quer bem. — Ele me olha com atenção.

— E o que eu tenho a ver com isso? — digo de forma ríspida.

— Quem não me quer bem já sabe que você está morando comigo e, com certeza, não vai te querer bem também.

— Ótimo! Agora vou ser punida por um erro seu.

— Um erro meu? — Ele ergue uma sobrancelha.

— Boa coisa você não deve ter feito para que tenha gente atrás de você.

— Acredite, eu não fiz nada. Mas as pessoas que têm dinheiro neste mundo, bem... Quanto mais dinheiro temos, mais gente... Como posso dizer? Invejosa tem atrás de nós.

— Que ótimo. Mas por que estudar eu posso e trabalhar não?

— Você vai de casa pra faculdade, da faculdade pra casa. Pode sair à vontade e fazer o que quiser, mas onde você trabalha... Digamos que sei de alguns clientes que a sua patroa tem e sei do passado e presente deles. Sei muito bem que não valem a pena e que eles iriam descobrir em breve que você trabalha lá e que tem acesso a mim. E... — Ele faz uma pausa. — Eu te dou uma mesada se você quiser. Além do mais, você pode comprar o que quiser também. Faça compras pela internet ou saia com alguma amiga, tanto faz.

— Não quero que você me banque, Richard.

— Eu vou te "bancar" — ele faz o sinal de aspas com as mãos —, Isabelle, e não me incomodo nem um pouco de fazer isso. Só quero seu bem.

— Não quero uma mesada.

— E o que você quer então?

— Me deixe trabalhar — digo sem nem pensar.

— Não. Eu já expliquei pra...

— Não — o interrompo. — Me deixe trabalhar com você. Eu faço administração, devo ser útil em alguma coisa.

— Como assim? — Ele me olha intrigado.

— Não sei, me deixe ajudar no escritório. Também sou boa com organização. Enfim, faço o que você quiser. Aí você vai poder me dar dinheiro, mas não à toa, e sim porque estarei fazendo algo para merecê-lo.

A Primeira PétalaDove le storie prendono vita. Scoprilo ora