Capítulo XXIX

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Uma semana depois de ter comemorado o Ano Novo, Luan me telefona. Uma ligação estranha e que me deixa nervosa.

— Isabelle, preciso te encontrar agora, é urgente.

— O que houve?

— Me encontre, sério. Te espero na praça em frente a sua antiga casa daqui a meia hora.

— Luan, você está me assustando. O que tanto quer me falar?

— Isa, eu descobri quem atropelou a sua mãe.

— Estou indo para aí agora — digo, finalizando a ligação.

Com o coração na mão, tomo banho e troco de roupa. Pensei que essa história estava esquecida, tanto para mim quanto para o Luan, ainda mais depois de a minha mãe ter recebido alta. Apesar de querer saber quem causou tanta dor a ela e tanto sofrimento e preocupação para minha irmã e eu, não fiquei desesperada que nem o Luan. Na verdade, nem sabia que esse espírito de justiça tinha o invadido dessa forma. Até agora.

Fico dividida entre a vontade de ir ou não. Demorei um pouco pra aceitar tudo isso, então ter que reviver tudo de novo me assusta. O pior é saber finalmente quem teve coragem de fazer isso com minha mãe, o que me causa certo pânico.

Respiro fundo e desço as escadas. Por mais difícil que a situação possa ser, talvez seja melhor saber e, quem sabe, colocar o culpado atrás das grades.

Fico parada no vão principal dividida entre contar onde estou indo para Richard ou simplesmente ir. Ele está atarefado em seu escritório e não quero atrapalhá-lo, além de ter receio de que não goste que eu vá a esse encontro.

Decido, por fim, ir direto e sem incomodá-lo. Peço ao motorista que me leve até o local marcado com Luan e me afundo no banco do passageiro. Acompanho a paisagem e opto por deixar a mente vagar para evitar pensamentos negativos.

Admito que foram trinta logos minutos, porque estou ansiosa para descobrir toda a verdade, por mais que esteja com o pé atrás. Quando desço do carro e aviso ao motorista que pedirei para que o Luan me leve em casa na volta, meu coração aperta. Vou em direção à praça e o encontro sentado a uma mesa de cimento. Nosso olhar se cruza e vejo certa preocupação em sua aparência. Paro por um momento e continuo meu caminho.

— Cheguei — falo.

— Sente, Isa.

Faço o que ele diz e observo alguns papéis postos à mesa.

— O que é isso?

— Você já vai saber. — Ele respira fundo. — Olhe, Isa, sei que você sabe que não vou muito com a cara dele, mas nem eu esperava por isso.

— Do que você tá falando, Luan?

— Aqui. — Ele pega uma folha com imagens de uma rua, tiradas provavelmente por uma câmera de segurança. — Tá vendo esse carro aqui? — Aponta para um carro preto.

— Sim, e o que é que tem?

— Consegui essa imagem com o dono de uma lanchonete que fica na rua paralela à que sua mãe foi atropelada e onde as testemunhas disseram que um carro preto entrou. Esse é o único carro preto que passou por essa rua próximo ao horário em que sua mãe foi atropelada.

— Então, isso quer dizer...

— Que esse foi o carro que atingiu a sua mãe

— Tá, sabemos o carro. Mas, quem é o culpado?

— Então, nessa outra imagem aqui... — Ele pega uma página com a imagem ampliada — dá pra ver a placa do carro. Depois que identificamos a placa, não foi difícil descobrir o dono do veículo.

A Primeira PétalaOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz