A Primeira Pétala

Capítulo XXVIII

Brasil — Dias atuais

ISABELLE

O rosto de Richard está com algumas marcas de queimadura, um pouco repuxado em alguns cantos e com pequenas cicatrizes em outros. Mas, em minha opinião, nada que não pudesse mostrar ao mundo. Claro que não se compara ao lado que ele exibe aos outros, mas não é tão terrível assim.

Ele me encara como se estivesse esperando que eu fosse gritar, ficar com nojo, me desesperar ou qualquer coisa do tipo. Porém, apenas continuo olhando e acredito que minha expressão esteja neutra.

Não falo nada, e como sinal de que não me importo com seu estado, passo minha mão na parte deformada de seu rosto e o acaricio. Richard apenas fecha os olhos ao meu toque.

— Não sente repulsa? — ele pergunta.

— E por que sentiria? — pergunto de volta.

— Não sei. Não sou tão bonito pra você agora, não é?

— Richard. — Encaro-o. — Eu me apaixonei por você assim e vou continuar. Isso não muda nada entre a gente.

Ele me olha por um instante e sorri.

— Eu te amo.

Sinto meu coração dando uma pequena parada e depois acelerando rapidamente. Ele me ama. Ouvir isso é como música para meus ouvidos e parece algo inacreditável.

— Pode repetir? — Fecho meus olhos.

— Eu te amo — ele repete e me dá um selinho.

— Eu te amo — digo e o beijo. Primeiro de forma lenta, depois de maneira mais profunda.

E Richard entende o que quero. Sem agressividade nenhuma, ele tira meu vestido e fica me encarando, ou melhor, encarando meu corpo, como se apreciasse a visão. Coro um pouco com isso, mas não desanimo. Ele volta a me beijar e me coloca por cima. Aproveito e começo a tirar sua roupa, e ele pouco se incomoda.

XXXX

A noite com Richard foi simplesmente incrível. Ele foi tudo ao mesmo tempo: carinhoso, preciso, certeiro, forte... Sabia como me agradar e não precisei falar mais nada durante nosso tempo juntos. Depois de estarmos completamente cansados, Richard me apertou em seus braços e dormimos abraçados, completamente expostos, incluindo sua máscara, que ele deixou junto com o monte de roupas no chão.

Quando acordo no outro dia, ainda estou enrolada nos braços de Richard, mas ele está acordado e mexendo no celular, provavelmente me esperando acordar.

Fico observando Richard e noto que voltou a usar a máscara. Sinto-me incomodada por ele ainda estar se escondendo depois da noite que tivemos.

— Bom dia — sussurro para ele.

Vendo que estou acordada, Richard coloca o celular no criado-mudo e me puxa para um beijo.

— Bom dia — ele diz sorrindo.

— Dormi muito?

— Não, ainda é cedo. Não quer dormir mais?

— Não. — Nego com a cabeça. — Richard... — Suspiro. — Por que está de máscara?

— Eu...

— Tudo o que falei ontem é verdade — interrompo-o. — Eu gosto de você do jeito que é. — Coloco a mão em cima da máscara, pronta para remover. — Posso?

— Tudo bem. — Ele dá de ombros, mas parece inseguro.

Tiro a máscara e espalho beijos por todo o seu rosto. Por fim, beijo sua boca.