Capítulo XVIII

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— Me desculpe. — Ouço Richard dizer e abro meus olhos. Vejo-o dar um passo para trás e encarar o chão.

— Sem problemas. — Suspiro e saio da sala.

Ah, como eu quero voltar lá e beijá-lo. Os lábios dele são mais macios do que imaginei. Respiro fundo e desço as escadas em direção ao meu quarto.

— Preciso desabafar com alguém. — Ando de um lado a outro do quarto com o celular na mão. Lara não está online e não tenho mais ninguém a quem recorrer.

Sinto o celular vibrar na minha mão. Nova mensagem, vejo no visor.

Você está aí?

É Luan. Dou um suspiro e decido respondê-lo.

Isabelle: Sim.

Luan: Está tudo bem com você?

Isabelle: Sim, por quê?

Luan: Não sei... Você anda meio afastada. Quer conversar?

Não respondo de imediato e encaro a tela pensando na resposta. Luan está certo, eu ando o evitando e nem ao menos sei o motivo disso. Ele é meu melhor amigo, sempre foi, desde o início. Por que será que não consigo mais contar com ele como antes?

Eu sempre conversei tudo com ele, tudo mesmo. Ele também sempre pôde compartilhar sua vida comigo, mas desde a mudança para a casa de Richard, a declaração do Luan, os beijos, a confusão de sentimentos e, principalmente, desde que meus sentimentos por Richard afloraram... Não sei. É como se eu não pudesse mais contar com ele, como se me abrir com meu melhor amigo fosse um erro, algo absurdo. Passei a contar somente com a Lara e me senti bem com isso. Isso até o momento.

Sento na cama e começo a pensar em Luan, no que nossa amizade se tornou e que a culpa disso tudo é minha. Respiro fundo e seco uma lágrima que cai antes mesmo de eu conseguir prevê-la. Luan... Sinto tanto a falta do meu melhor amigo.

O celular agora vibra na minha mão com mais intensidade e me tira de meus devaneios. Luan está me ligando. Olho para a tela por mais alguns segundos e decido atender.

— Alô?

— O que houve? Por que parou de responder as minhas mensagens?

— Nada. Eu estava apenas distraída.

— Tem certeza?

— Tenho sim. — Encaro a parede à minha frente.

— Está triste comigo?

— Não — me assusto. — Claro que não.

— Tem certeza? Você anda muito estranha, não é mais a Isa de antigamente.

— Ainda sou a mesma — tento usar um tom mais simpático.

— Certeza?

— Sim.

— Então me prova.

— Como?

— Tá ocupada?

— Não.

— Ok, passo aí na sua casa em meia hora.

— Hã?

— Vamos sair, tomar um sorvete, espairecer, sei lá.

— Ok. — Dou de ombros. — Vou me arrumar.

— Mande o endereço por mensagem. Beijos, gata.

— Beijos — digo e finalizo a ligação.

Envio minha localização para ele e me levanto, indo até o banheiro para lavar o rosto. Uma, duas, três vezes. Respiro fundo e encaro meu reflexo. Péssimo.

A Primeira PétalaWhere stories live. Discover now