Capítulo 5

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Depois que Giancarlo foi embora, eu fiquei ainda mais confusa com toda a situação. Mas de uma coisa eu tinha certeza: não me casaria com ele, nem morta.

Vi a porta do quarto do papai se abrir e ele saiu.

- Filha, a gente...

- O senhor sabia disso tudo, papai? - pergunto, o interrompendo.

Ele parece envergonhado, dá mais alguns passos e fica de frente para mim, procurando a minha mão para segurá-la.

- Podemos conversar com tranquilidade, querida? - ele me pergunta e eu hesito, mas por fim acabo sentando-me com ele. - Filha, quando a sua mãe me contou o que havia feito, eu fiquei muito furioso. Não achei justo com você, ter que se casar com alguém que nem conhece, mas a sua mãe estava convicta de que estava fazendo a coisa certa. E também havia o documento... não tinha nada que eu pudesse fazer.

- Mas o senhor sabe porquê ela queria que eu me casasse com esse homem?

- Ela nunca me disse, filha. Quando eu perguntava, ela só dizia que era uma vontade dela.

Fiquei com o que o meu pai falou na cabeça. "...era uma vontade dela.". Mas o que aquilo queria dizer exatamente? Por que ela estava tão certa desse casamento?

- Tudo bem, pai. Não vou aceitar. E se ele quiser me processar, que processe. - digo, e ele aperta a minha mão, me oferecendo um sorriso de consolo.

- Eu sabia que você não aceitaria, querida. Kátia era muito determinada e orgulhosa. Mas acima de tudo, te amava mais do que qualquer coisa... eu não entendo o porquê dela ter feito isso com você. - meu pai murmura, com o semblante triste.

Me aconchego mais perto dele, e o abraço. Esse homem era tudo para mim. Meu porto seguro e a única família que havia me restado. Só eu sei o quanto ele sofreu com a morte da mamãe, mas nunca deixou a sua tristeza chegar em mim. Fez o possível e o impossível para ser um pai presente, e dar tudo que achou que eu merecia: saúde, educação, muito carinho e amor.

- Também não entendo, pai. Vamos deixar isso para lá. Por enquanto temos que dar um jeito nesse processo que está por vir.

* * *

Olhei para o relógio pela milésima vez em menos de dez minutos.

Quando terminei a conversa com meu pai, passei a tarde toda pensando em uma maneira de anular aquele documento. Não era possível que uma coisa assim fosse legal, mas aparentemente, era.

Quando a noite chegou, liguei para Camila e pedi para que quando ela chegasse da lanchonete, fosse imediatamente para a minha casa. Ela já deveria ter chegado à alguns minutos. Eu estava muito ansiosa para saber o que ela teria a dizer quando soubesse de toda essa loucura.

Quando eu já estava indo olhar o relógio novamente, escutei alguém bater na porta e eu soube que era ela.

- Você demorou, estava preocupada, Cami. - falei ao abrir a porta e encontrá-la com umas sacolas do outro lado.

- Eu sei, eu sei. Mas passei no mercado da esquina antes para comprar sorvete e outras guloseimas. Afinal, amanhã é sexta-feira. Já estou no clima de fim de semana e... Que cara é essa?

Eu fecho a porta quando ela entra e a puxo para o sofá, assim que sentamos ela me olha com uma clara curiosidade e preocupação estampada no rosto.

- Nem te conto. Eu... estou noiva, acredita? - assim que as palavras saem da minha boca, Camila arregala os olhos.

- Noiva? Amiga você andou usando drogas? - ela pergunta com cara de reprovação e eu reviro os olhos.

- Claro que não, Camila! Não usei drogas. É sério, eu estou noiva.

- Mas como assim você está noiva? Até ontem você nem namorado tinha, querida.

- Vou te contar tudo. Mas promete que não vai me interromper ou me chamar de maluca? - pergunto e ela assente com desconfiança.

Conto tudo para ela, não deixo nenhum detalhe de lado. E enquanto conto a história, não deixo de acreditar que aquilo realmente parece uma loucura. Assim que menciono que meu "noivo" é Giancarlo Agnelli, os olhos de Camila parecem que saltarão das órbitas. A proíbo de me interromper, e quando finalmente acabo de contar tudo, ela parece muito impressionada.

- Quer dizer que você está noiva do milionário super gato, Giancarlo Agnelli? Presidente do Group Agnelli? - ela me pergunta toda empolgada e eu assinto.

- Eu não sei o que fazer para não me casar com ele. Se eu for processada, o que vou fazer? Nem tenho um emprego, tenho dívidas.

Camila parece pensativa por um momento e sem seguida olha para mim com um sorriso tenso nos lábios.

- Bom, não me entenda a mal, mas... foi de alguma maneira, o último desejo da sua mãe. Não acha que deveria realizar? E se ela teve bons motivos para fazer o que fez?

- Espere, você quer que eu aceite me casar com ele? Não posso fazer isso, Cami! Não conheço esse homem e o mais importante: eu não o amo. - me exalto.

- Calma, eu não disse isso. Só quis dizer que se fosse comigo, eu aceitava. Sabe que faço todas as vontades da minha mãe. Mas Letty, pelo o que me disse, sua mãe morreu apenas alguns meses depois de fazer esse acordo. Foi a última vontade dela. Você tem que pensar que é o que ela gostaria que você fizesse. - ela para, recuperando o fôlego.

Será que ela esta certa? De certa forma foi sim, uma última vontade da minha mãe. Talvez eu deveria obedecê-la.

- Você acha que eu devo aceitar? - eu pergunto receosa.

- Isso, apenas você pode dizer. A minha opinião eu já dei, e você é minha melhor amiga, Letty. Eu jamais diria ou faria algo que fosse te machucar e acho que a sua mãe também não.

Me sinto sufocada com o assunto e peço à ela para fazermos uma maratona de The Vampire Diaries. Quando fica perto de 02h, ela resolve voltar para casa, que por sorte era apenas algumas casas depois da minha.

- Você vai ficar bem? - ela me pergunta quando a levo até a porta.

- Vou ficar. Talvez você esteja certa e... eu realmente deva obedecer a última vontade da minha mãe. - sorrio sem vontade e ela me abraça.

- Você não é obrigada. Sabe disso, não é?

- Eu sei, mas... me parece o certo a se fazer.

Ela assente, me abraça novamente e enfim vai embora.

Era Uma Vez Em Florença Where stories live. Discover now