Capítulo 6

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Acordo às 6h da manhã. Dormi muito mal a noite inteira. Meus sonhos foram perturbados por imagens da minha mãe em meu "casamento". Ela estava emocionada e feliz, parecia que um sonho seu havia sido realizado.

Levantei de mal humor. Hoje eu teria que dar uma resposta à Giancarlo. Eu estava certa em não aceitar, mas após aquele sonho, eu já não sabia mais.

Tomei um banho demorado e pus um vestido leve, com umas sandálias de tiras. Eu não quero impressionar ninguém, mas também não quero parecer uma desarrumada.

Deixei os meus cabelos castanhos caírem nos ombros, em uma cascata ondulada. Fiz uma maquiagem bem leve. Como eu disse, não queria impressionar ninguém.

Não sabia que horas o senhor Agnelli iria chegar, por isso achei melhor já está prevenida.

Assim que saí do quarto e fui para a cozinha, ouvi o seu irresistível sotaque italiano e como um ímã, fui atraída até ele. Quando cheguei na sala, ele estava em um terno cinza claro, sem gravata, com as mãos no bolso falando com um de seus seguranças. Ele estava tão bonito que tive até raiva de mim, por não poder reprimir esse pensamento.

- Amore, não sabia que gostava de acordar cedo. - ele falou assim que me viu. E mais uma vez, me olhou dos pés à cabeça. - Bellissima.

Eu fiquei instantaneamente corada. Eu não era uma pessoa que se envergonhava fácil, mas perto dele, eu ficava terrivelmente tímida.

- Hm... obrigada. - murmuro em um fiapo de voz.

- E então, pensou bem, Cara? - ele perguntou enquanto se aproximava mais de mim.

Minha vontade foi de recuar, dizer que não iria aceitar e que ele saísse imediatamente da minha casa. Mas então mais imagens do sonho invadiram a minha mente. E se a minha mãe quis mesmo que eu me casasse com ele, talvez fosse o mínimo que eu deveria fazer.

- Pensei. - respondi e ele arqueou uma de suas sobrancelhas. Por que ele é tão sexy? - Eu... eu aceito.

Ele me olha surpreso. Talvez esperasse mais resistência da minha parte, depois do showzinho que dei ontem. Mas então, ele sorri.

- Escolheu bem, Amore.

Eu franzo o cenho e ele pega o celular, digita uma mensagem de texto e depois volta a guardá-lo, e olha diretamente para mim. Ele me fita com curiosidade e eu retribuo o olhar.

- Vou avisar seu pai. Temos que preparar tudo para a viagem e...

- Espera, que viagem? - eu pergunto o interrompendo.

Ele me olha com humor e solta uma gargalhada. Uma gargalhada tão sexy que eu volto a sentir raiva de mim mesma.

- Bom, vamos nos casar na Itália, Amore. Temos que viajar imediatamente para lá, para começarmos a preparar a cerimônia. Já mandei o meu assistente divulgar a notícia do nosso noivado à mídia.

Meu queixo cai no chão. Como assim eu teria que viajar à Itália para me casar? E mídia? Quer dizer que isso seria divulgado nos jornais, revistas, sites e etc?

- Não posso ir para a Itália e deixar meu pai sozinho aqui.

- Cara, não vamos deixá-lo sozinho. Ele vem conosco. Agora, temos que cuidar de tudo para que possamos viajar amanhã mesmo. A mídia da Itália vai querer saber todos os detalhes do meu casamento. Sou bem popular por lá, sabe? - ele dar uma pescadinha para mim e abre um sorriso, mostrando a fileira de dentes brancos e perfeitos.

Quando eu vou protestar, meu pai entra no cômodo com uma expressão carrancuda. Com certeza, ele ouviu tudo e não concorda. Não há quem o convença à ir para a Itália.

- Não vou para a Itália. E a minha filha também não.

Giancarlo suspira. Ele não deve está acostumado a ser contrariado, pelo o que percebo.

- Signor Augusto, sua filha já aceitou e essa escolha é dela. Letícia, Amore, você irá para Itália para nós casarmos não vai? - ele me pergunta com um olhar suplicante e eu me surpreende ao me ouvir dizer:

- Sim.

Meu pai vira-se na direção da minha voz e eu fico envergonhada com a cara espantada que ele faz.

- Mas Letíc...

- Então estamos resolvidos. Letícia, vocês têm passaporte, não é? - Giancarlo pergunta ao interromper meu pai e eu assinto.

- Ótimo. Irei cuidar de tudo para a nossa viagem. Amanhã mesmo estaremos na Itália. Tenho algumas coisas para resolver agora, se me der licença. - ele vem até mim e beija as minhas mãos e depois me dá um beijo perto da boca e sussurra: - não vai ser hoje, Cara, mas pode ter certeza de que esse casamento valerá a pena.

Fico arrepiada só em ouvi as suas palavras. Como você é estúpida, Letícia.

Giancarlo logo foi embora junto com seus dois seguranças, me deixando a mercê do meu pai, que está muito incomodado.

- Por que você decidiu aceitar, filha?

- Pai, eu pensei bem e acho que será bom realizar o último desejo da minha mãe. - falo, envergonhada.

Meu pai suspira frustrado e encosta-se na parede.

- Não vou julgá-la. Se essa foi uma escolha sua, eu vou apoiar, querida.

Nesse instante a porta é aberta e uma Camila saltitante aparece toda feliz e sorridente.

- Ah meu Deus! Acabei de ver sabe quem? Giancarlo Agnelli, e olha! Ele é muito gostos... o-oi, senhor Augusto!

- Olá, Camila. Como vai a sua mãe?

Camila olha para mim com aquela expressão de "desculpas" por ter falado daquela maneira na frente do meu pai.

- Ela está bem... posso falar a sós com a Letícia? - ela pergunta e meu pai assente, indo para a cozinha.

- Se você quer saber se aceitei, a resposta é sim. - suspiro e ela dá pulinhos de alegria, quando a reprovo com o olhar, ela para.

- Desculpa, mas não posso acreditar que a minha melhor amiga vai ser a senhora Agnelli. Mas olha, se aquele gostosão do italiano fizer alguma coisa que te machuque, eu juro que dou uma surra bem dada nele.

Eu caio na gargalhada e ela me acompanha. Bom, agora não tem mais volta. Eu realmente iria me casar com Giancarlo Agnelli, mas ele que não pense que eu vou me entregar feito uma idiota à ele. Jamais deixarei aquele homem tocar em mim, ou algo do gênero. Não será um verdadeiro casamento, vamos apenas nos aturar até que eu consiga o divórcio.

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