Acordei bem cedo no dia seguinte. Seria o dia da nossa pequena viagem e eu queria me despedir do meu pai antes. De alguma maneira, eu sabia que ele não ia gostar nem um pouco desta história.
- E você ficará sozinha com esse rapaz, Letícia? Não acho uma boa ideia.
Meu pai andava de um lado para o outro com o semblante fechado.
- Pai, não vai acontecer nada demais. E não estaremos sozinhos. Camila, Renata, Pietro e Matteo, também estão conosco - tentei argumentar.
Meu pai ainda parecia inredutível. Bufei, desanimada, e sentei na sua cama. Papai acompanhou cada movimenro meu com os olhos, o que me deu uma tremenda satisfação.
Desde que voltou a enxergar, ele olhava tudo. Cada canto da mansão, os jardins, a vizinhança... mas principalmente eu. É como se ele tivesse medo de perder a visão novamente e não voltar a me ver.
- Eu sei, Letty... É só que... você está apaixonada por esse homem. Não quero que acabe decepcionada ou magoada.
Era incrível o fato dele quase nunca pronunciar o nome de Giancarlo. Como se dizê-lo em voz alta fosse atrair alguma espécie de maldição.
- Não estou apaixonada por ninguém. - Neguei veementemente. Nunca fui de mentir bem para o meu pai, então ele já deve saber a verdade.
Ele me olhou como se eu estivesse falando que o sol é na verdade uma grande bola dourada que brilha. Era inútil tentar apagar da cabeça dele que eu não sentia nada por Giancarlo e isso me incomodava mais do que qualquer coisa.
Estava começando a me sentir culpada, mas quando lembrei que na arte de esconder as coisas, meu pai dava aula, a culpa desapareceu um pouco. Com toda essa loucura de organizar casamento, não me sobrou tempo para perguntar coisas sobre a minha mãe e esse acordo. Coisas, que eu considerava muito importante, aliás.
- Então, pai...? Quando vai me dizer o porquê de nunca ter falado que a minha mãe era muito rica? - Perguntei com firmeza.
Meu pai arregalou os olhos e senti que ele ficou tenso. Claramente não esperava que eu fizesse essa pergunta, mas não pude evitar.
- Acho que não é o melhor momento para falarmos disto. - Se esquivou.
Achei graça e acabei soltando uma risada amarga.
- E quando vai ser "o melhor momento"? Nunca vai ter, não é?
Papai ficou envergonhado e olhou pela janela. Me senti momentaneamente culpada de novo por está mexendo em um assunto tão difícil para ele. Mas eu odiava que me escondesse as coisas e descobri recentemente que odiava ainda mais quando me escondia as coisas relacionada a minha mãe.
- Acho que... está na hora de você saber.
Eu quase esqueci como é que se respira. Não conseguia acreditar que o meu pai finalmente iria revelar os segredos que tanto me tiram o sono. Mas então, ele prosseguiu:
- Mas só vou lhe contar quando voltar desta viagem.
* * *
Depois da conversa intensa com meu pai, desci para tomar café da manhã com ele e as minhas amigas. Dona Marta também estava presente e parecia bem animada.
Fiquei espantada por ela não ter tentado impedir que Camila fosse conosco. Logo ela, que é tão protetora e... bom... super-protetora.
Comemos e conversamos amenidades. O dia estava lindo. Nem quente, nem frio. Apenas... morno.
Iríamos em dois carros: eu, Giancarlo, Renata e Pietro em um; Camila e Matteo em outro.
Quando terminamos a refeição, nos despedimos de papai e dona Marta e então finalmente ela mostrou sua preocupação ao pedir que Camila ligasse assim que chegasse lá. Ela era uma mãe tão adorável...
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Era Uma Vez Em Florença
RomanceHISTÓRIA CONCLUÍDA! "Você está convidado(a) para o casamento de Letícia Oliveira e Giancarlo Agnelli." E se de repente você estivesse noiva? A vida de Letícia iria dar uma reviravolta e ela se veria estampando capas de revista e manchetes de jornais...