Capítulo 26

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Acordei bem cedo no dia seguinte. Seria o dia da nossa pequena viagem e eu queria me despedir do meu pai antes. De alguma maneira, eu sabia que ele não ia gostar nem um pouco desta história.

- E você ficará sozinha com esse rapaz, Letícia? Não acho uma boa ideia.

Meu pai andava de um lado para o outro com o semblante fechado.

- Pai, não vai acontecer nada demais. E não estaremos sozinhos. Camila, Renata, Pietro e Matteo, também estão conosco - tentei argumentar.

Meu pai ainda parecia inredutível. Bufei, desanimada, e sentei na sua cama. Papai acompanhou cada movimenro meu com os olhos, o que me deu uma tremenda satisfação.

Desde que voltou a enxergar, ele olhava tudo. Cada canto da mansão, os jardins, a vizinhança... mas principalmente eu. É como se ele tivesse medo de perder a visão novamente e não voltar a me ver.

- Eu sei, Letty... É só que... você está apaixonada por esse homem. Não quero que acabe decepcionada ou magoada.

Era incrível o fato dele quase nunca pronunciar o nome de Giancarlo. Como se dizê-lo em voz alta fosse atrair alguma espécie de maldição.

- Não estou apaixonada por ninguém. - Neguei veementemente. Nunca fui de mentir bem para o meu pai, então ele já deve saber a verdade.

Ele me olhou como se eu estivesse falando que o sol é na verdade uma grande bola dourada que brilha. Era inútil tentar apagar da cabeça dele que eu não sentia nada por Giancarlo e isso me incomodava mais do que qualquer coisa.

Estava começando a me sentir culpada, mas quando lembrei que na arte de esconder as coisas, meu pai dava aula, a culpa desapareceu um pouco. Com toda essa loucura de organizar casamento, não me sobrou tempo para perguntar coisas sobre a minha mãe e esse acordo. Coisas, que eu considerava muito importante, aliás.

- Então, pai...? Quando vai me dizer o porquê de nunca ter falado que a minha mãe era muito rica? - Perguntei com firmeza.

Meu pai arregalou os olhos e senti que ele ficou tenso. Claramente não esperava que eu fizesse essa pergunta, mas não pude evitar.

- Acho que não é o melhor momento para falarmos disto. - Se esquivou.

Achei graça e acabei soltando uma risada amarga.

- E quando vai ser "o melhor momento"? Nunca vai ter, não é?

Papai ficou envergonhado e olhou pela janela. Me senti momentaneamente culpada de novo por está mexendo em um assunto tão difícil para ele. Mas eu odiava que me escondesse as coisas e descobri recentemente que odiava ainda mais quando me escondia as coisas relacionada a minha mãe.

- Acho que... está na hora de você saber.

Eu quase esqueci como é que se respira. Não conseguia acreditar que o meu pai finalmente iria revelar os segredos que tanto me tiram o sono. Mas então, ele prosseguiu:

- Mas só vou lhe contar quando voltar desta viagem.

*    *    *

Depois da conversa intensa com meu pai, desci para tomar café da manhã com ele e as minhas amigas. Dona Marta também estava presente e parecia bem animada.

Fiquei espantada por ela não ter tentado impedir que Camila fosse conosco. Logo ela, que é tão protetora e... bom... super-protetora.

Comemos e conversamos amenidades. O dia estava lindo. Nem quente, nem frio. Apenas... morno.

Iríamos em dois carros: eu, Giancarlo, Renata e Pietro em um; Camila e Matteo em outro.

Quando terminamos a refeição, nos despedimos de papai e dona Marta e então finalmente ela mostrou sua preocupação ao pedir que Camila ligasse assim que chegasse lá. Ela era uma mãe tão adorável...

Era Uma Vez Em Florença Where stories live. Discover now