Capítulo 11

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Assim que cheguei no meu quarto, me tranquei lá dentro e comecei a pensar em como eu havia sido estúpida.

Eu não fazia ideia do porquê conrespondi ao beijo e até aceitei que ele me tocasse daquela maneira. Claro, eu me deixei levar pelo seu charme e sua beleza, essa é a resposta.

De qualquer maneira, aquele foi um deslize que não voltará a acontecer. Se depender de mim, Giancarlo Agnelli nunca mais saberá o que é um beijo meu.

Percebi que o meu estado não era muito bom e fui para o banheiro, que era tão grande quanto o meu antigo quarto no Brasil. Tinha uma pia muito bonita e elegante com duas torneiras, um box com um daqueles chuveiros chiques e uma banheira! Sério, eu nunca imaginei que entraria em um quarto com banheira antes.

Rapidamente tirei a minha roupa e entrei no box. Assim que a água morna tocou a minha pele, senti um alívio instantâneo. Me lembrei da música da Becky G, Shower. Comecei a cantar a letra enquanto passava a esponja na pele.

Mais ou menos, vinte minutos depois, eu saí do banheiro dentro de um roupão branco e macio, com uma toalha enrolada nos cabelos.

Me troquei de maneira rápida, coloquei uma das minhas calças jeans e uma blusa azul.

Sequei o cabelo e deixei solto. Assim, eu me parecia ainda mais com a minha mãe. Ela também tinha cabelos castanhos e lisos.

Depois de pronta e arrumada, olhei pela janela e vi que já estava anoitecendo. Saí do meu quarto e fui até o do meu pai.

Bati na porta.

- Pode entrar. - foi a resposta que ele me deu.

- Oi, pai. Tudo bem por aqui?

- Claro, porque não estaria, Letty?

Olho receosa para o meu pai. Não sei se conto à ele o que pedi para Giancarlo sim ou não. Bom, meu pai sempre foi sincero comigo. Ou quase sempre.

- Pai, a gente pode conversar? - pergunto, insegura.

Meu pai me olha com desconfiança, mas assente.

- Eu... Hum... Antes de tudo, saiba que eu faço tudo pelo seu bem.

Meu pai ri e levanta-se da poltrona onde estava. Não deixo de reparar na bengala que ela está usando e que manca um pouco.

- Filha, diga logo o que você aprontou.

Eu olho mais uma vez para o meu pai, respiro fundo e tomo a coragem necessária para lhe dar a notícia.

- Pai... Giancarlo pagará seus exames e a sua cirurgia, para que o senhor possa voltar a enxerg...

- VOCÊ FEZ O QUÊ? - Meu pai me interrompe gritando, me deixando assustada, mas não recuo.

- O senhor ouviu, papai. Giancarlo pagará tudo.

- Não vou aceitar nada disso. Morrerei cego, mas não aceito um centavo daquele homem. - ele continua exaltado. Sua pele do pescoço assume um tom avermelhado, devido sua raiva.

- Papai, por favor, raciocine! Talvez isso seja a única coisa boa que conseguiremos nesse casamento: a sua visão de volta! Pai, eu sei o quanto o senhor é orgulho, pois eu também sou, mas por favor papai, aceite por mim. - falo em um tom baixo, mas expressando todo o meu desespero.

Meu pai fica calado, pelo o que parece minutos, quando ele finalmente abre a boca para falar, já me preparo para receber mais um "não".

- Está bem. - papai diz, me pegando de surpresa, - Se é o que você quer, eu aceitarei. Agora, por favor, quero ficar sozinho.

Eu assinto, mas assim que percebo que ele não pôde ver, falo:

- Tudo bem.

Saio do quarto do quarto e fico encostada na parede, de olhos fechados. Só espero que tudo isso, valha a pena.

* * *

Acordo meio zonza. Demoro uns segundos para perceber onde estou e assim que descubro, suspiro frustrada. Queria que tudo fosse apenas um sonho, do qual eu havia acordado e voltado a minha realidade.

Mas não era.

Tomo um banho, faço a minha higiene pessoal, coloco um vestido leve verde escuro que chega no meio das minhas coxas e umas sapatilhas pretas que eu adorava.

Faço um coque meio bagunçado e desço para tomar o café da manhã.

Ontem à noite, jantei sozinha, já que tanto o meu pai, quanto Giancarlo, decidiram comer em seus quartos.

Para a minha surpresa, os dois estão à mesa. Meu pai parece um pouco bravo, mas o meu noivo, está calmo como sempre. Não sei porque, mas isso me deu raiva.

- Bom dia, Cara. Dormiu bem? - Giancarlo perguntou, levantando de seu lugar para puxar uma cadeira para mim.

- Sim, obrigada. - Respondo ao me sentar e meu queixo cai diante de tanta fartura. Nunca vi tanta comida assim em toda a minha vida!

Meu pai está comendo torradas com geleia, frutas e café. Giancarlo está servido de croissants, frutas, torradas, chá e suco de melancia.

Uma empregada aproxima-se para me servir e eu recuso.

- Obrigada, mas eu posso fazer isso. - sorrio delicadamente e ela cora, meio relutante, se afasta.

Giancarlo apenas fita cada movimento meu. Pretendo não falhar na tentativa de ignorá-lo por completo.

- Letícia, eu já escolhi a data de nosso casamento.

Eu o olho desconcertada. Tão rápido? Imaginei que ele fosse deixar eu me adaptar um pouco mais aqui na Itália antes de marcar a data.

- Será no dia 7 do mês que vem. Então, a partir de hoje, você terá muito trabalho. Quero que contrate alguém para ajudá-la nos preparativos. Como o casamento também é seu, quero que esteja tudo de acordo com o seu gosto. - ele continuou, com um expressão indiferente no rosto.

Pela visão periférica, vejo o meu pai fechar ainda mais a cara.

- Pode ser a Camila? - me pego perguntando, e ele finalmente olha nos meus olhos, eu pirrageio e continuo, - Ela é a minha melhor amiga e é ótima para organizar festas e eventos.

Ele parece pensar bem no que eu disse, mas finalmente concorda.

- Tudo bem. Mandarei a passagem para que ela venha na semana que vem, vocês terão que começar rápido. Só faltam quatro semanas. - ele limpa a boca com o guardanapo e eu fico me perguntando o que será que ele limpou, já que sua boca não tinha nenhum restinho de comida se quer.

- Onde vai? - eu pergunto quando ele se levanta.

- Trabalhar. Qualquer coisa, estarei na sede do Group Agnelli. Ah, Amore Mio? Seu professor de italiano chegará daqui a pouco, então esteja pronta. Depois leve seu pai para fazer os exames na Clínica. Santino irá com vocês dois. - dito isso, ele sai.

Eu tinha esquecido completamente de que era segunda-feira. Minha vida estava uma loucura tão grande que eu tinha me perdido no tempo.

Assim que termino de comer, vou direto para o meu quarto dar as boas novas à Camila. Ela vai pirar.

Era Uma Vez Em Florença Where stories live. Discover now