Capítulo 37

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Já passava das três horas da manhã quando recebi o telefonema de Camila. Ela estava com a voz embargada e falava muito rápido.

Depois de muito esforço consegui entender o que ela tentava dizer: Matteo ligou para ela e disse que Pietro havia sofrido um grave acidente de carro. Aquela notícia me fez chorar como há muito tempo não chorava.

Só em pensar que Pietro poderia partir, me deixava em pedaços. Era estranho e eu não conseguia explicar, mas para mim, Pietro e eu tínhamos uma ligação muito forte e especial. Nem com as minhas melhores amigas eu sentia o que sinto por ele. Por isso, quatro dias depois, eu já estava de volta à Florença.

Fui com tanta pressa que insisti para que o meu pai ficasse no Rio de Janeiro e Camila veio para me fazer companhia e matar a saudade que sentia de Matteo. Inclusive, foi ele quem nos buscou no aeroporto.

- Meu amor! - Camila exclamou e o abraçou com força, enterrando o rosto no peito de seu namorado.

- Senti a sua falta. Contei cada segundo para vê-la de novo - ele falou antes de pegar seu rosto entre as mãos e beijá-la.

Desviei o olhar da cena carinhosa no mesmo instante em que meu celular começou a tocar. Olhei para tela e vi o nome e a foto de Renata.

- Oi, Rê... - comecei, cautelosa.

- Me diz que você não foi para Florença sem mim, Letícia! Não acredito que mesmo sabendo o que eu sinto por Pietro você não me levou! Estou aqui descabelada, chorando horas à fio e vocês já estão aí - Renata soluçou e eu me senti culpada pelo seu sofrimento.

- Me desculpe, Renata. Na hora eu nem pensei. Só queria saber como o Pietro estava o mais rápido possível. Trouxe Camila porque meu pai insistiu para que eu tivesse companhia.

- Isso não é desculpa, Letty - fungou, se acalmando. - Por favor, me matenha informada sobre o estado de saúde dele.

- Eu vou.

Encerrei a chamada e me voltei para Camila e Matteo que se olhavam com ternura.

Depois que eles finalmente se deram conta da situação, Matteo nos levou até seu carro e eu pedi para irmos diretamente para o hospital onde Pietro estava internado. Durante o caminho, o namorado de Camila nos contou que o acidente foi muito sério e que Pietro estava precisando de uma transfusão de sangue, mas ninguém era compatível, nem mesmo a família dele.

Eu imediamente quis me oferecer, mas Matteo falou que não aceitariam por eu está grávida.

Assim que chegamos no hospital, meu coração estava acelerado e a minha preocupação por Pietro era tão grande que esqueci de um pequeno detalhe.

- Letícia? - virei-me ao som da voz que eu tanto sentia falta e encontrei Giancarlo, seu pai, sua mãe e sua irmã na recepção do hospital.

Seu olhar caiu instantaneamente para a minha barriga e naquele momento eu não pensei em absolutamente nada, quando corri e o abracei.

- Não acredito que isso está acontecendo com o Pietro, Giancarlo. Isso não pode ser verdade - murmurei em meio as lágrimas.

Giancarlo me abraçou com carinho e acariciou os meus cabelos.

- Eu sei, amore mio. Todos nós estamos desesperados para ver Pietro recuperado.

- Já acharam alguém com o sangue compatível com o dele? - perguntei esperançosa.

- Ainda não - respondeu com o semblante triste.

- Letícia, que bom que você voltou! - a irmã de Giancarlo, Antonella, se aproximou para me abraçar.

Seus olhos brilharam quando viu a minha barriga e se abaixou para beijá-la. Fiquei tocada com sua demonstração de carinho com os sobrinhos que ainda nem haviam nascido.

- Sua barriga está bem grande - ela falou, tentando conter as lágrimas.

- Está, sim - sussurrei.

Giancarlo me levou até seus pais. Frederico estava muito abatido, os olhos com olheiras e o rosto pálido deixavam nítido o quanto estava preocupado com o filho. O que eu estranhei foi que Giordana estava surpreendente calma, vestida impecavelmente e parecia alheia ao que acontecia com seu filho do meio. Aquilo era com certeza, muito estranho.

Os dois me cumprimentaram e dessa vez, Giordana fez com uma certa má vontade. Seu olhar para a minha barriga também não era muito agradável.

- Tem certeza que não quer ir para nossa casa ou para algum hotel? Você deve está cansada da viagem e não sabemos quando aparecerá um doador - Giancarlo falou, ainda abraçado a mim, com uma das mãos pousada carinhodamente na minha barriga.

- Não. Vou ficar aqui. Pietro é como um irmão para mim.

*     *     *

Quase seis horas depois e ainda estávamos sem nenhum notícia de um possível doador para Pietro.

Aquela demora me corroía e sabíamos que Pietro não teria muito tempo se não passasse por uma transfusão logo. Pedi para que Giancarlo me levasse até a pequena capela que o hospital tinha e eu rezei com todas as minhas forças para que aparecesse algum doador.

- Eu sei que essa não é a melhor hora, mas queria me desculpar por tudo que eu te disse, Letícia. Esse últimos meses sem você, têm sido um verdadeiro inferno para mim - ele falou ao meu lado.

- É... para mim também - sussurrei e ele levantou o olhar para mim.

- Você me perdoa, então?

- Giancarlo, acho que nós temos que conversar sobre isso. Mas não agora. Pietro está entre a vida e a morte e eu não consigo pensar em nada além disso - respondi.

- Eu entendo. Acho melhor voltarmos para a recepção e saber se há alguma notícia - ele me ajudar a levantar e nós voltamos paranos juntar aos outros.

Chegamos até eles e um médico apareceu:

- Temos uma boa notícia. Apareceu uma mulher com o tipo sanguíneo de Pietro e ela está disposta a doar.

Todos nós abrimos sorrisos e suspiramos aliviados. Menos Giordana, que estava em alerta.

- E quem é essa mulher? - perguntou.

- Ela pediu para não ser indentificada. Bom, começaremos agora mesmo. Pietro têm aguentado firme, mas não sabemos por mais quanto tempo ele vai suportar - dito isso, o médico foi embora.

Eu abracei Giancarlo me sentindo muito mais tranquila e aliviada. Seja quem for essa mulher, ela têm a minha eterna gratidão.

Era Uma Vez Em Florença Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang