Capítulo 13

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Quando voltamos da Clínica, meu pai fez questão de se trancar no quarto e deixou bem claro que não queria ser incomodado por um tempo.

Fiquei mal, mas sabia que aquela revolta dele iria passar, por bem ou por mal. Eu sei o quanto ele odeia ser visto como um fardo, e não quer que as pessoas sintam pena só porque ele é cego. Meu pai é muito orgulhoso, eu também sou, mas sei receber uma ajuda quando preciso, ele não.

— Senhorita Letícia, como foi?

Me surpreendo ao ver Domenico descendo os degraus da escada, vindo em minha direção.

— Foi tudo bem. Amanhã receberemos os resultados dos exames e se estiver tudo certo, meu pai poderá se internar para a cirurgia no dia seguinte — respondo e ele sorri.

— Que ótimo, senhorita. Ah, o senhor Agnelli pediu para avisar que esta noite, vocês terão um jantar em família.

Um jantar em família? Eu não esperava por isso. Não mesmo. Eu sabia que uma hora ou outra teria que conhecer os Agnelli, mas não imaginava que seria tão de repente.

— Ah, obrigada, Domenico. — eu me despeço e subo correndo para o meu quarto.

São quase cinco da tarde. Eu tenho que procurar uma roupa para vestir e começar a me preparar para conhecer a família do meu noivo.

Eu não sei o que esperar. O Pietro eu já conheci, e ele parece ser alguém simpático e divertido. Mas ainda tem a irmã, a mãe e o que mais me causa curiosidade: o pai.

Depois de uns minutos analisando minhas roupas, escolho um vestido azul esverdeado, que eu tinha comprado para a festa de 15 anos da minha vizinha, mas a qual não fui porquê acabei adoecendo. Ele é bem justo, mas ao mesmo tempo comportado e vai até antes dos joelhos.

Olho para o par de saltos pretos que Camila havia me emprestado, mas acabo pegando mesmo é as minhas sapatilhas da mesma cor e mais confortável.

Corro para o banheiro e tomo um banho, depois me troco rapidamente e faço uma maquiagem leve: apenas um gloss labial e um pouquinho de rímel.

Deixo os meus cabelos ondulados, soltos. Me olho no espelho e respiro fundo. Estou pronta.

Alguém bate na porta e eu imagino ser Domenico.

— Pode entrar — falo, enquanto aliso o vestido.

A porta se abre e pelo o espelho, vejo que não é Domenico e sim, Giancarlo. Prendo a minha respiração quando o vejo. Ele está tão lindo, que dói os olhos de vê. Sua calça jeans escura, camisa branca e jaqueta, parecem ter sido feitas no seu corpo, já que se ajustam tão bem.

— Admirando a vista? — ele pergunta com um sorriso malicioso.

Eu coro de vergonha, e desvio o olhar rapidamente.

— Hm... Seus pais já chegaram?

— Sim, estão lá em baixo esperando por nós. Ah, não precisa fingir ser apaixonada por mim, eles já sabem do acordo mesmo — ele dá de ombros.

Eu apenas assinto, indiferente.

— Está pronta? — ele pergunta chegando mais perto e eu recuo.

Giancarlo dá uma gargalhada sonora, gostosa, fazendo algo em mim se derreter por dentro.

— Não vou te morder, amore mio. Apenas se você quiser, é claro. — ele pisca para mim e eu enrubesço mais.

Eu tomo seu braço assim que ele oferece.

Ouço vozes lá em baixo, mas como estão falando em italiano, não entendo absolutamente nada. A medida em que vamos descendo os degraus, as vozes ficam cada vez mais altas, ouço risadas e penso se não estariam rindo de mim.

— Oh, aqui está ela! — uma garota que não devia ter mais de 17 ou 18 anos, vem correndo em nossa direção e me abraça pela cintura.

Ela se parece muito com Giancarlo e presumo ser irmã dele.

— Antonella, calma. — Giancarlo diz, com um sorriso enorme nos lábios e percebo o quanto ele tem carinho pela menina.

— Me desculpe, apertei muito? — ela pergunta, recuando.

— Não, está tudo bem. — eu sorrio e ela retribui.

Vejo que mais três pessoas entram no salão. Reconheço Pietro de longe. Ele está vestido com calça jeans, botas, camiseta e jaqueta de couro.

Uma senhora muito elegante, com cabelos curtos e sedosos também me recebe com um sorriso simpático. Ao seu lado, um senhor que deve está no auge de seus sessenta anos, só que aparenta ter menos, também sorri para mim.

— Letícia, essa é a minha família: minha irmã Antonella, meu irmão Pietro, que você já conhece e meus pais, Frederico e Giordana. — Giancarlo me apresenta e eu sorrio e cumprimento todos.

— Você é bellíssima, Letícia. Acho que todas as brasileiras tem essa beleza. — Giordana me diz, enquanto segura as minhas mãos e me olha dos pés à cabeça com um sorriso nos lábios.

Eu fico envergonhada, mas continuo sorrindo.

— Imagina, muito obrigada. A senhora é bem mais bonita que eu — digo, e estou sendo sincera. A Sra. Giordana Agnelli é aquela típica mulher que com o passar dos anos só fica mais bela.

— Mas ela está falando a verdade, Letícia. Você é tão bonita! Olha esse corpo! Não acredito que é possível alguém ter tantas curvas e ser tudo natural. É natural não é? — Antonella pergunta e caio na gargalhada.

Se ela acha que eu tenho muitas curvas, é porque ainda não viu Camila.

— Sim, é tudo natural.

— Que sorte a sua, não é Giancarlo? - Pietro provoca com um sorriso de lado e eu coro.

— Ora, parem com isso. Deixem a signorina respirar. Como vai, Letícia? — o Sr. Frederico me pergunta.

— Estou muito bem, senhor. Obrigada.

— Impressionante! Você é idêntica a sua mãe. É como se eu a estivesse vendo aqui, agora.

Fico desconcertada com a maneira que ele me olha, mas apenas sorrio e agradeço.

Nos dirigimos à sala de jantar, que está impecavelmente arrumada, com sete lugares. Sentamos em nossas cadeiras e Giancarlo pede para que nos sirvam uma taça de vinho.

Eu não sou acostumada a beber vinho, mas acabo cedendo por insistência de Antonella e Pietro.

Assim que o líquido toca a minha língua, eu fico em êxtase! O vinho é muito saboroso, doce e levemente amargo. Uma combinação perfeita.

— Então, você é formada em administração? — Senhor Frederico me pergunta.

— Sou sim, senhor. Com muito esforço e ajuda do meu pai, eu consegui realizar o sonho de me formar — eu digo emocionada e ele sorri.

Então percebo que meu pai não está na mesa. Mas quando olho para trás, ele já está vindo, com a ajuda de Santino.

— Augusto, como vai? — Frederico pergunta e meu pai fica rijo.

— O que esse homem faz aqui, Letícia? — papai pergunta e eu fico chocada com o tom rude de sua voz. Olho para as outras pessoas na mesa e depois para Frederico, todos parecem já está esperando aquela reação do meu pai, menos eu.

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