Capítulo 44

775 59 9
                                    

LETÍCIA:

Eu ainda estava tentando entender tudo o que estava acontecendo ao meu redor. Minha cabeça começava a doer de tanto pensar em como a minha vida se transformou em uma enorme confusão. Eu era casada e tinha filhos, mas não lembrava de nada disso e me sentia mal.

Pietro passou a tarde inteira tentando tirar todas as minhas dúvidas e clarear a minha mente confusa, mas não foi de grande ajuda. Já era noite e ele tinha indo embora. Eu ainda recebi a visita de  Camila e Matteo. Eles eram um casal lindo e algo em Camila me soou familiar, mas nada que me fizesse lembrar dela.

- Posso entrar?

Ergui os olhos na direção da porta e dei de cara com o meu "marido".

- Hã... sim, você pode entrar.

Como era mesmo o nome dele? Ah, Giancarlo.

- Vim ver como você está.

- Eu estou bem, obrigada - respondi um pouco sem graça. - E... as crianças?

- Eles estão bem. Gostaria de vê-los?

- Ah... eu não sei se é uma boa ideia.

Giancarlo franziu um pouco a testa e se aproximou da minha cama. Ele estava com as mãos nos bolsos da calça e eu não pude evitar admirá-lo. Ele realmente era um homem muito lindo. Nesse momento desejei mais do que nunca, lembrar de tudo.

- E por que não seria uma boa ideia? Você é a mãe deles. É perfeitamente normal ir visita-los.

- Giancarlo... eu... eu nem lembro deles! Me sinto horrível por isso.

- Não é sua culpa.

Meu marido parecia muito mais calmo agora do que quando saiu do quarto hoje mais cedo. Pelas suas palavras, ele também tentava se convencer de que tudo havia sido um acidente e que não tinha nada que pudesse fazer para consertar o estrago.

Mas eu podia pelo menos me esforçar um pouco mais para lembrar de tudo. E se ver os meus filhos ajudasse em algo? Por mais improvável, eu tenho que tentar.

- Tudo bem... - falei calmamente.

- Tudo bem? - Giancarlo perguntou, confuso.

- Nossos filhos. Eu quero vê-los.

*     *     *

Estávamos cada vez mais perto das crianças e eu podia sentir isso. Me sentia um pouco tonta e nauseado. Não porque estivesse passando mal, e sim, pela expectativa de ver pela primeira vez os meus filhos. Parecia ridículo, já que eles nem tinham noção de quem eram, mas eu estava com um certo receio. Crianças merecem ter como pais pessoas que as amem mais que tudo, e eu, não sabia se poderia chegar a amá-las.

Giancarlo empurrava a minha cadeira de rodas em silêncio. Ele parecia está perdido em milhões de pensamentos e eu achei melhor não dizer mais nada.

Quando nos aproximamos das incubadoras, fiquei ansiosa e nervosa. Minhas mãos começaram a suar e eu foquei toda a minha atenção em respirar.

- Aqui estamos nós - começou Giancarlo. - Letícia, esses são Fabrizio, Isabella e Pietro. Nossos filhos.

Eles eram tão lindos. Na verdade, eram perfeitos. Eu nem conseguia acreditar em como os três eram maravilhosos. Isabella e Pietro, eu presumi, dormiam tranquilamente. Fabrizio estava acordado, e eu quase caí no choro quando seu olhar cruzou com o meu. Uma lágrima rebelde escorreu pela minha bochecha esquerda.

- Eles são tão lindos... - sussurrei.

Minha vontade era de pegar os três nos braços e protegê-los para sempre. Eu nunca havia sentindo um sentimento tão forte assim. Ou se senti, eu não conseguia me lembrar.

Era Uma Vez Em Florença Where stories live. Discover now