Capítulo 8

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O resto da sexta-feira tinha sido cansativo e o telefone de casa tocava a todo momento. Era sempre uma revista, jornal, sites e programas de televisão querendo saber mais sobre o casamento.

Eu sei que é o trabalho deles, mas é muito inconveniente. Tive que repetir para todos a mesma frase:

"Ainda é tudo muito recente. Quando chegarmos na Itália, daremos mais detalhes."

Meus vizinhos bateram na porta da minha casa para me dar os parabéns e para saber como eu havia conhecido um milionário italiano.

Fiz questão de me esquivar de todas as suas perguntas com sorrisos educados.

Quando acordei hoje, estava disposta a acreditar que tudo não havia passado de um sono, mas quando vi as minhas malas e as do meu pai, já prontas na sala, soube imediatamente que aquilo era muito real.

Para não ter ainda mais bagunça na minha rua, pedi para que Giancarlo não viesse nos buscar. Então eu e o meu pai fomos de táxi encontrá-lo no aeroporto.

Eu estava muito nervosa. Com a ajuda de Camila, escolhi uma boa roupa para viajar. Uma que não envergonhasse o meu noivo, por eu ser ridiculamente pobre.

Nem me perguntem porquê eu estava tão empenhada em agrada-lo, pois nem mesmo eu, conseguirei responder essa pergunta.

— Senhor Augusto, senhorita Letícia. — um de seus guarda-costas, cujo o nome eu não sabia nos cumprimentou quando chegamos.

— Olá. — eu comprimentei e meu pai se limitou a assentir.

Meu pai estava se comportando como uma criança mimada que estava brava por não conseguir o brinquedinho que tanto queria.

Uma parte de mim, desconfia que não é apenas o casamento e a mudança para a Itália que o está incomodando, mas ele não quer dizer e eu sempre fui lerda demais para adivinhar as coisas.

— Por aqui, por favor. — o segurança nos guia até a pista de decolagem.

Depois de algum tempo, finalmente fomos para a pista de vôo, onde um avião incrível, nas cores cinza e branco, com um brasão e o nome AGNELLI ao lado.

Em pé, ao lado da escada que leva ao interior da aeronave, está Giancarlo, vestido para matar como sempre, em um de seus ternos escuros e bem cortados.

Seus cabelos estão jogados para trás, e ele está com um sorriso brilhante no rosto e um buquê de orquídeas nas mãos.

Eu fico de boca aberta.

— São para mim? — eu pergunto quando me aproximo dele, e ele as estende para eu pegue.

— Claro que são, Amore. Gostou? — ele pergunta e eu assinto com um sorriso de orelha à orelha.

Vejo meu pai entrando no avião com desgosto, por está sendo ajudado por um dos seguranças.

Eu volto a minha atenção para Giancarlo e sorrio ao cheirar as flores, que têm um perfume delicioso e doce.

Sem nenhum aviso prévio, ele me puxa para seus braços, envolve a minha cintura com um dos braços e põe a outra mão na minha nuca. No momento seguinte ele cola seus lábios nos meus e eu fico chocada quando me vejo retribuindo seu beijo.

Abro caminho timidamente para sua língua, que vem reivindicando tudo. Eu não sei se continuo segurando as flores ou se as jogo no chão e o agarro com a mesma intensidade que ele está me agarrando.

Ele inclina a cabeça um pouco e sinto o cheiro gostoso de seu perfume que parece está saindo da pele morena de seu pescoço e se infiltrando nas minhas narinas.

Então, vem flashs e mais flashs. Interrompemos o beijo e vemos o que parece ser uns vinte fotógrafos ou mais, tirando fotos e meu rosto cora assim que percebo que eles devem ter tirado fotos do nosso beijo também.

Giancarlo protege meu corpo com o dele. Distribui sorrisos e acenos, então me conduz para dentro do avião. Eu praticamente corro para dentro, e ele me segue.

— O que foi isso? — pergunto ofegante quando me sento em uma das elegantes poltronas de couro.

Giancarlo se acomoda em uma poltrona ao lado da minha.

— Fotógrafos querendo fotos de um empresário italiano rico e da sua noiva, Cara.

Ele parece calmo. Calmo até demais para quem acabou de ser apanhado beijando descaradamente uma mulher em frente à vários fotógrafos.

— Você sabia que eles viriam? — eu pergunto, já desconfiando da resposta.

— Mas é claro que sim. Meu assessor já havia me avisado.

— E porque diabos você me beijou, então? — perguntei praticamente num sussurro, já que meu pai estava à algumas poltronas de distância, apreciando um copo de uísque que eu não sabia como ele tinha conseguido.

— Não fique tão ofendida. Para todos os defeitos, somos noivos apaixonados. Temos que mostrar exatamente isso.

— E se eu não quiser parecer apaixonada?

— Acredite, após aquele beijo, duvido que não pareça.

Eu coro até a raiz do cabelo e decido encerrar o assunto.

Quando o piloto diz que estamos prontos para decolar, meu coração bate descompassado.

E é isso, estou dizendo "tchau" ao país em que nasci, cresci e fui muito feliz. Não tenho ideia de quando voltarei e isso me mata.

Lembro de Camila e da sua cara triste quando nos despedimos hoje de manhã.

Eu prometi que a levaria até a Itália para o meu casamento, já que ela é a minha melhor amiga e também madrinha. Mas como eu não sabia quando eu casaria, eu também não sabia quanto tempo para eu voltar à vê-la.

                           *      *      *

Eu acordei confusa, então olhei para o lado esquerdo e vi um céu escuro do outro lado. Já era noite, eu deveria ter dormido e não percebi.

Quando olhei para a minha direita, vi Giancarlo digitando no seu MacBook e com uma expressão concentrada no rosto.

Virei para trás e sorri ao ver meu pai dormindo profundamente em sua poltrona reclinável.

— Está feliz? — Giancarlo pergunta com curiosidade e volto minha atenção para ele.

— O que quer dizer?

— Por que está sorrindo tão abertamente?

— Ah... É bom ver meu pai descansando. Isso tudo não está sendo fácil para ele. Nem para mim, para dizer a verdade. - eu suspiro e concentro minha atenção no céu escuro lá fora.

Giancarlo não faz mais perguntas e guarda seu Mac. Abre dois botões da camisa e se acomoda mais.

Finjo não notar nenhum de seus movimentos. Não sei por quanto tempo fiquei olhando para além da janelinha do jato, mas quando vou vê-lo novamente, ele está dormindo tranquilamente.

Não pude deixar de notar que ele parecia cansado. Talvez eu esteja o julgando demais e nada disso esteja sendo fácil para ele também.

Com esses pensamentos, volto a dormir.

Era Uma Vez Em Florença Onde histórias criam vida. Descubra agora