Capítulo 9

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Ouvi a voz do piloto e fiquei subitamente mais nervosa. Já estava acordada à duas horas. E como a avião era enorme e tinha até banheiro, eu aproveitei e tomei um banho depois do meu pai e de Giancarlo.

Tentei ficar bem apresentável, afinal, o meu querido noivo fez questão de avisar que alguns jornalistas, repórteres e fotógrafos, estavam nos esperando.

- Acalme-se, vai ficar tudo bem. Eu te garanto. - Giancarlo me falou quando viu que eu estava tremendo e com os olhos arregalados.

O avião tinha acabado de pousar e a comissária de bordo, Natasha, estava junto com o piloto na entrada para passarmos.

- Filha, está tudo bem? - meu pai falou pela primeira vez desde que embarcamos.

- Está sim pai, chegamos. - tentei passar entusiasmo através da minha voz, mas ele não pareceu convencido.

Giancarlo saiu primeiro e eu o segui, então ele parou no final dos degraus e me estendeu a mão. Notei que deveria ser mais um de seus truques para aparentamos ser um casal feliz e apaixonado.

Peguei a mão dele e entrelaçados nossos dedos.

Giancarlo colou meu corpo no dele e distribuiu sorrisos. Eu fiz o mesmo. Sorri e acenei para todos.

Quem visse iria pensar: "Minha nossa, ela parece tão feliz." Mas na verdade eu estava em pânico. Olhei para trás e vi meu pai com um segurança ao seu encalço.

Eu teria que avisar ao meu noivo que meu pai não gosta de babás e que seria questão de tempo até ele perder a paciência com o pobre segurança e xinga-lo.

Os jornalistas gritavam perguntas em italiano, e eu, claro, não entendia nada, a não ser quando falavam meu nome ou o de Giancarlo.

Fomos andando, ainda de mãos dadas e juntos até o carro, cercados de seguranças. Deveria ter no mínimo uns doze.

O carro era nada mais, nada menos que um Mercedez-Benz, que já nos aguardava com um motorista.

Eu entrei primeiro e Giancarlo depois, sentando-se ao meu lado.

- Não foi tão difícil. - ele falou depois que o motorista tinha começado a dirigir.

- Ah, você acha? - perguntei sarcasticamente. - Cadê o meu pai? Por que ele não veio neste carro conosco?

- Seu pai está no outro carro, com alguns dos seguranças. Aparentemente ele se tornou muito amigo de Santino.

Ah, Santino, assim se chama o tal segurança, afinal.

- Estamos muito longe da sua casa... hã... ou não vou ficar lá? - perguntei receosa.

Giancarlo me fitou e depois riu sarcasticamente.

- Não é mais "minha casa", é nossa casa, Letícia. - ele deu ênfase a palavra "nossa" - E não, não estamos muito longe como pensa.

Enquanto saímos, aproveitei para dar uma boa olhada no aeroporto de Florença. Sim, Florença! Nunca imaginei que um dia eu moraria na Itália, muito menos em um lugar tão lindo quanto Florença.

Depois de um belo passeio pelas ruas de Florença, e de Giancarlo me falar um pouco sobre os pontos turísticos por onde passávamos, finalmente chegamos em uma região que lembrava o campo. Tinha muito verde, árvores e tudo muito bem cuidado.

Passamos por algumas mansões e eu fiquei de boca aberta quando chegamos em frente à um grande portão de ferro, com o brasão de uma família, um A com vários detalhes que eu não saberia descrever.

No portão, estavam dois seguranças, um de cada lado e um deles falou alguma coisa pelo seu fone e em alguns segundos o portão se abriu automaticamente.

Seguimos em frente e eu fiquei mais encantada com o enorme jardim em frente à casa.

Era uma construção antiga, que lembrava um palácio. A fachada da casa era bem cuidada e muito bonita, toda em pedra, com diversas janelas e algumas varandas. A porta de entrada era grande e bonita na cor marrom.

Assim que o motorista parou o carro, Giancarlo abriu a porta e saiu primeiro, fez um sinal para que o motorista parasse onde estava e foi ele mesmo abrir a minha porta.

- Obrigada. - murmurei baixinho e ele pôs a mão confortavelmente na curva da minhas costas.

Seu toque fez a minha pele aquecer, apesar do tecido que separava sua mão das minhas costas.

Entramos na casa e por dentro ela era ainda mais bonita do que por fora. Seu salão era amplo e muito bonito, com uma pinturas por toda a parede e alguns sofá, mesinhas e quadro espalhados pelo lugar, dando um toque moderno.

- Senhor Agnelli, senhorita Letícia, Bem-vindos. - cumprimentou um homem que tinha aparentemente pouco mais de cinqüenta anos, cabelos negros com a maior parte dos fios já brancos e um sorriso amável, mas profissional nos lábios.

- Letícia, este é Domenico, o mordomo da casa.

Domenico assente e dessa vez fica mais sério.

- Prazer em conhecê-lo, Domenico. - eu digo e lhe ofereço um sorriso sincero.

- Os quartos já estão prontos? - o meu noivo pergunta.

- Sim senhor, está tudo pronto. Os quarto da senhorita Letícia e de seu pai, já estão preparados.

Não preciso nem dizer que fiquei de queixo caído com a facilidade de Domenico para falar o português e antes que eu perguntasse, Giancarlo se manifesta:

- Todos os meus empregados falam português, exceto os seguranças, mas eles estão aprendendo. É claro que não posso obrigar toda a Itália a falar seu idioma, por isso, amanhã mesmo você começará a ter aulas de italiano.

Eu olho para ele com perplexidade. Serei obrigada a aprender italiano? Ah, porque será que isso não havia passado pela minha cabeça? Eu estava indo morar na Itália! Eles não falam português.

Quando vou falar, a porta se abre e meu pai e seu novo melhor amigo aparecem rindo de algo que um dos dois falou.

Assim que nota nossa presença, o segurança se cala e volta a ficar sério. Meu pai parece meio perdido mas não demora a perceber que estamos no ambiente.

- Filha? - ele pergunta hesitante.

- Oi, pai. Estou aqui. - falo já indo até ele, faço com que se apóie em mim e sorrio. - Fez um amigo, não é?

- Ah, Santino é uma boa pessoa. Sabia que sua avó é brasileira? Cearense, ainda por cima, como meus pais.

Sorrio para o segurança que parece encabulado com o meu pai revelando detalhes de sua vida.

- Tudo bem, pai. Que tal descansarmos? A viagem foi longa.

Meu pai assente e sorri verdadeiramente desde que saímos do Brasil.

Quando vou me despedir de Giancarlo, vejo que ele não está mais lá no salão. Fico meio decepcionada, eu imaginei que ele daria mais atenção para mim, já que somos totalmente estranho.

Seguimos Domenico escada à cima e fomos diretos para o corredor. Ele indicou o quarto do meu pai e o meu.

Depois que ele foi embora fiquei mais um tempo conversando com papai sobre a viagem e sobre Florença. Ele pediu para que eu contasse detalhamente como era a cidade e ficou triste quando eu disse que o lugar era lindo e encantador.

- É uma pena eu não poder ver nada disso. - papai resmungou armagurado, deitando na cama.

- Pai, porque o senhor não consulta um médico? Podemos ver se a tal cirurgia que Camila estava falando irá te ajudar mesmo.

- Não temos dinheiro para isso, Letícia. Esqueça. - ele reclamou e deu o assunto por encerrado.

Eu estava disposta a ajudar meu pai. Não queria tocar no dinheiro de Giancarlo, mas se for preciso, deixo meu orgulho de lado e peço para que ele nos ajude. Olho novamente para o meu pai.

- O senhor voltará a enxergar, pai. - digo e saio do quarto em seguida.

Era Uma Vez Em Florença Where stories live. Discover now