Capítulo 15

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Ainda não consegui entender direito o que acabou de acontecer. Acho que nunca vi meu pai tão irritado com alguém que mal conhece. O pior, é que todos parecem saber a razão, menos eu.

Teve um momento que eu poderia jurar que Giancarlo me contaria, mas ele hesitou e voltou atrás.

O jantar seguiu normalmente, mas todos pareciam tensos e pisavam em ovos comigo, como se estivessem com receio de que eu perguntasse algo sobre o que aconteceu e eles fossem obrigados a responder.

- Obrigada pelo jantar, filho. Estava tudo ótimo! - Giordana diz e abraça meu noivo, depois que o solta, ela me abraça - E você Letícia, seja bem vinda a família. Farei o possível para que se sinta bem.

- Obrigada, Senhora Agnelli. - eu respondo, ainda surpresa com a sua demonstração de afeto.

O Senhor Frederico apenas sorri para mim e se junta a esposa. Pietro e Antonella beijaram as minhas bochechas e me abraçaram apertado. Não pude deixar de notar a expressão carrancuda de Giancarlo quando seu irmão me abraçou.

- Amanhã você pretende fazer alguma coisa? - Antonella pergunta com entusiasmo.

- Hã, eu acho que não.

- Ótimo! A tarde nós vamos renovar seu guarda-roupa então.

- Ah, não é preciso, Antonella. Eu estou b...

- Não venha com desculpas. Amanhã passarei aqui e você irá comigo. Não aceito "não" como resposta, cunhada - ela me interrompe e cruza os braços na frente do peito.

Eu fico meio sem graça quando ela me chama de cunhada, mas apenas assinto. Sei que se eu tentasse argumentar, não daria em nada.

Todos vão embora e ficam apenas eu e Giancarlo na sala. Um silêncio desconfortável se faz presente.

- Eu... - dizemos em uníssono e rimos.

- Pode falar primeiro - ele oferece.

- Eu queria pedir desculpas pelo comportamento do meu pai. Não sei o que deu nele - eu respondo envergonhada.

Giancarlo fica em silêncio. Está na cara que ele sabe o porquê do meu pai ter agido daquela maneira, mas não está disposto a me dizer.

- Amanhã de manhã, nós temos um compromisso - ele me avisa, me pegando de surpresa.

- Que tipo de compromisso? E de manhã? - eu pergunto desconfiada.

Giancarlo sorri e se aproxima mais de mim. Subitamente me sinto sem ar e um calor sobe em mim. Malditos hormônios.

Ele continua se aproximando até ficar com seu corpo quase colado ao meu.

- Será apenas um passeio pelo bairro. Você precisa sair mais de casa e a imprensa precisa ver que estamos bem, Cara.

Ah, claro! Não será um encontro, Letícia, não seja estúpida. Será apenas mais uma armação para parecermos um casal feliz e apaixonado.

- Não sou atriz. Não vou ficar encenando o tempo todo, só para que os repórteres se convençam de que nos amamos.

Giancarlo ri e eu fico encantada com o som, mas me repreendo.

- Você vai se divertir, eu garanto - ele diz baixinho, colocando as mãos na minha cintura.

Minha vontade é de mandar ele tirar suas mãos de mim e não me tocar nunca mais. Infelizmente, eu não consigo dizer nada, apenas fitar aquelas esferas escuras que são seus olhos.

- Vai valer a pena? - eu pergunto em um sussurro.

Giancarlo aproxima seu rosto do meu e morde o meu lábio inferior. Eu arregalo os olhos. Por isso eu não esperava.

Ainda segurando a minha cintura, ele anda comigo para trás, até eu senti minhas costas pressionadas contra uma parede. Uma de suas mãos continua na minha cintura, a outra vai até os meus cabelos e ele agarra com uma leve pressão, me deixando quente e com um formigamento lá embaixo.

Seus lábios colam nos meus com uma urgência que eu não compreendo, mas não ligo. Sua língua pede passagem e eu cedo. Eu beijo em seu ritmo e a sensação é tão boa que eu me sinto culpada por um momento. Prometi que ele não iria me beijar, nem me tocar. Mas aqui estou eu, de novo em seus braços, parecendo uma adolescente apaixonada.

Ele finalmente para de me beijar e eu não acredito que fiquei triste por isso. O que está acontecendo comigo?

- Acho que vai valer a pena sim, amore mio - ele sorri de lado e me solta.

Eu fico apenas fitando ele. Não é possível que eu realmente goste quando ele me beija. Isso é horrível! Está estampado na cara dele que só quer me levar para cama e eu não pretendo ceder.

- Boa noite, minha adorável noiva. - Ele pega a minha mão e beija, depois segue o seu caminho até o seu quarto.

Poderia pelo menos me levar junto, não é?

Espera, de onde veio isso? Eu por acaso fiquei louca? É o vinho. Só pode ser o vinho!

* * *

Acordei mais uma vez com raios de sol no meu rosto. Me espreguicei e criei coragem para me levantar da cama.

Olhei para janela e vi como o dia está lindo.

Mas eu estava estranhamente ansiosa para o tal passeio que Giancarlo iria me levar. Confesso que até sonhei com ele essa noite e foi um sonho... Quente.

Só de lembrar, corri para o banheiro e tomei um banho de água fria.

Depois de algum tempo, saí do banheiro e fui para o quarto. Encontrei um bilhete em cima da minha cama com uma sacola ao lado e fui ver o que estava escrito:

Você precisará dessas roupas. Não demore.
G.

Abri a sacola e encontrei um daqueles shorts que se usam para caminhada ou fazer academia e um top. Sim, um top! Mas de jeito nenhum eu usaria aquilo! Bom, eu não estava fora de forma, até que de algum jeito, mantinha as minhas curvas em dia, mas ficar exibindo por aí, era outra história.

Olhei novamente para as roupas, o short era preto e o top também. Suspirei. Não sei o que Giancarlo quer com isso, mas se é para brincar, vamos brincar.

Coloquei as roupas e fiz um rabo de cavalo. Foi então que eu percebi que o passeio devia ser uma caminhada, porque tinha um par de tênis também. Que maravilha.

Encontrei Giancarlo na sala de jantar, já tomando seu café. Ele estava com umas daquelas regatas que homens musculosos costumam usar para exibir seus músculos... E minha nossa! Ele tem muitos músculos. Todos definidos e nos seus devidos lugares. Mas nada exagerado, ele só parecia incrivelmente másculo, não aqueles caras que fazem imitação de Hulk. Ele também estava com uma bermuda e um tênis.

- Bom dia. - eu disse e assim que ele levantou o olhar para me ver, eu fiquei vermelha de vergonha.

Ele nem tentou disfarçar o quanto estava impressionado com o que via.

- Você está... Uau!

Eu ri da sua cara de surpresa.

Sentei e o acompanhei no café da manhã. O tempo todo ele me lançava olhares nada discretos. Quando eu já estava satisfeita, ele levantou e eu fiz o mesmo.

- Preparada?

- Mais ou menos. Vamos logo.

Era Uma Vez Em Florença Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum