Capítulo VII

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Amir enxugou as lágrimas do rosto de Anne com os polegares, em seguida a beijou. Ela não resistiu, retribuiu o beijo e ele pôde sentir uma lágrima que rolou do rosto dela para o dele. Os lábios unidos, respiração alterada e coração descompassado. Se antes ele se sentia confuso e não entendia o que se passava em seu coração, agora ele tinha certeza. Enquanto ela o quisesse por perto, ele não permitiria que o afastassem dela. Iria protegê-la de todos que desejassem seu mal.

— Anne, se você realmente quiser que eu vá embora, eu irei. Sumirei de sua vida para sempre se esse for o seu desejo, mas eu te peço, não me afaste de você.

— Por causa da sua missão de me proteger?

— Não é só por isso, Anne, é por você e por mim, por nós.

—Existe um "nós"?

— Existe, se você quiser... O que aconteceu hoje foi incrível, ter você em meus braços foi a melhor coisa que me aconteceu nos últimos tempos. Pode me chamar de egoísta se quiser, mas eu não quero que acabe sem que nem mesmo tenhamos a chance de começar.

Ainda nos braços um do outro, ela apoiou a cabeça no peito dele e ele acariciou o cabelo dela, com um suspiro de alívio ao perceber que ela não queria que ele partisse.

Na manhã seguinte, Anne acordou com uma terrível dor de cabeça. Foi até a cozinha buscar um copo de água e uma aspirina. Arrastou os pés até a sala e sentou no sofá com os olhos fechados, esperando o analgésico fazer efeito. Tão logo sentiu-se melhor, releu a carta deixada por sua mãe biológica.

Já sabia o conteúdo da mesma de cor, mas relia com a inconsciente esperança de que poderia encontrar alguma coisa que a fizesse compreender tudo aquilo.

— Bom dia! — Disse Amir ao sair do banho com uma toalha enrolada na cintura.

— Bom dia! — Respondeu Anne sorrindo. Os olhos dela brilharam ao contemplar o físico de Amir, acompanhando as gotas escorriam pelo peito bem definido dele.

Amir sorriu diante do olhar de apreciação dela. Ele lentamente caminhou em sua direção, pousou as mãos nos quadris dela e deslizou o nariz pelo pescoço, sentindo perfume de sua pele.

O celular que estava no quarto tocou mais uma vez.

— Estou começando a odiar seu celular! — Comentou Anne com um muxoxo.

— Não mais do que eu!

Amir atendeu deixando um: "Volto já" no ouvido dela, acompanhada de uma pequena mordida na orelha.

Voltou depois de cinco minutos com a cara emburrada.

— Aconteceu alguma coisa? Sua cara não esta nada boa...

— Lorde Barrington insiste que eu a leve para a mansão dele.

— E isso é um problema?

— Não necessariamente um problema, mas tem tanta coisa que você ainda não sabe sobre tudo o que está acontecendo. Eu queria poder te contar tudo antes de te levar até os Élderes, mas infelizmente, essa situação está além da minha vontade.

— Por que você não me conta agora alguma coisa enquanto nos trocamos?

Amir não sabia por onde começar. Era tanta história sobre o clã original dela, os Élderes, a guerra, clãs, a profecia... E sobre a intenção dos Élderes de fazê-la casar-se com o herdeiro de um dos clãs... Em voz alta disse:

— Todos esperam a chegada da mulher da profecia, cujo destino está escrito e que pode mudar o atual estado das coisas.

— Você disse que não acredita em profecias.

— Porque de fato não acredito! Mas o problema, Anne, é que eles acreditam, e quando se acredita demais em coisas assim, pode ser perigoso. Fanáticos tendem a desejar que se cumpra ou pior, podem fazer com que se cumpra, te impedindo de escolher seu próprio caminho.

— Acho que eu já sou bem velhinha para decidirem as coisas por mim, não acha? — Perguntou Anne em tom jovial.

— Se soubesse minha idade, não brincaria com isso. — Respondeu Amir rindo.

— Eu não tinha pensado nisso... — Anne franziu o cenho, em seguida, com um gesto espantou o pensamento de sua mente. — Melhor nem saber, logo agora que fiquei livre de uma baita dor de cabeça, não pretendo arrumar outra. 

Ela levantou as sobrancelhas enquanto falava.

— Quer conhecer o Lorde Barrington, Anne?— Perguntou Amir levanto em conta as últimas palavras que ela havia dito.— Se não quiser, posso tentar inventar uma desculpa e ganhar tempo...

— Eu acho melhor acabar logo com esse mistério todo, só quero saber, entende? Não quero mais ficar assim no escuro. E você, como um bom guarda-costas, estará comigo, então, acho que sim, quero conhecer o Lorde.

— O.k, então, vá se trocar enquanto eu ligo para ele e aviso que estamos chegando.

Anne já estava indo para o quarto, quando voltou com a testa franzida

— Amir, você é sempre assim?

— Assim como?

— Assim, todo mandão.

Ele sorriu, gostava do jeito atrevido e da personalidade forte dela. Sabia que tinha muito machismo enraizado em suas maneiras, ainda que tentasse se policiar em seus modos. Além de estar habituado a dar ordens aos soldados e estar no comando e ter controle sobre seu regimento. Daí vinha a razão de não acreditar em profecias, não aguentava a ideia de algo controlando sua vida além de suas próprias escolhas.

— Não tive a intenção de ser mandão, mas algo me diz que isso te excita.

— Hey, mandão! Pode ligar para o Lorde vampirão mais tarde? Preciso de um homem forte e dominante para mudar a temperatura do chuveiro, você deixou no frio e eu não alcanço...

Amir sorriu, largou o celular sobre o sofá e foi atrás de Anne. Tinha compreendido muito bem as intenções dela.

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Herança Sangrenta : GênesisWhere stories live. Discover now