Herança Sangrenta : Gênesis

Capítulo XXV

— Confie em mim, Anne!

O tom de voz de Amir estava baixo, seus olhos cansados. Passou a tarde tentando acalmar Anne e convencê-la a ficar mais uns dias na mansão de Lorde Barrington, até que ele convencesse Lorde Zaffir a aceitá-la sob sua jurisdição. Infelizmente, Lorde Zaffir estava ocupado com a ameaça de guerra que pairava no ar desde que seus mensageiros foram mortos e apenas suas cabeças enviadas de volta há pouco mais de uma semana.

— Você sempre pede para eu confiar em você e eu continuo prisioneira aqui nessa mansão!

— Você não é uma prisioneira, Anne, não seja dramática!

— Dramática? Se eu não sou uma prisioneira, por que quando eu quis ir para casa na semana passada, o tal Lorde não deixou? Aliás, Amir, ele simplesmente me disse para voltar para o quarto como se eu fosse uma criança! E o que você fez? Nada!

— Anne, eu não podia ter feito nada, ele é um Lorde e não é sábio de nossa parte contrariá-lo. Eu já mandei mensagem para meu Lorde, assim que ele concordar em lhe oferecer asilo, nós iremos embora daqui e nunca mais você terá que ver a cara de Lorde Barrington novamente.

Amir passou a mão pelo rosto, sua paciência chegando ao limite, nos últimos dias ele e Anne pareciam estar sempre discutindo, o que o levou a dormir em seu próprio quarto na noite anterior. Ele entendia o desejo dela de deixar a mansão e voltar para casa, mas ele esperava que Anne pudesse entender que sua vida não voltaria ao que ela considerava "normal". Ela era parte de seu mundo agora, do mundo dos Upyrs, e nada mudaria esse fato. A insistência dela em simplesmente querer desobedecer um Lorde pensando que não haveria retaliações o irritava. Pela primeira vez a idade dela o incomodava, pois ele culpava a juventude de Anne por sua teimosia.

Por outro lado, Anne esperava mais energia de Amir, afinal, ele era um cavaleiro, um guerreiro de renome, e acima de tudo, um Upyr que se declarara seu guardião. Então, por que ele simplesmente não a tirava da mansão, já que ele a havia levado até la? Há dias o Lorde nem ao menos aparecia na mansão e Amir continuava obediente. Anne se lembrou de como Ezequiel Vladmir se referiu a Amir diversas vezes como de cão de guarda, ou de cão amestrado ao se referir a obediência cega que ele tinha em relação ao Lorde. Se ele não queria ir com ela, que pelo menos não a impedisse de ir embora. Ela queria ver seus pais adotivos, seu irmão, seus amigos.

— Eu não sou como você, Amir, não sinto a menor necessidade de obedecer ordens de um velho que acha que tem o direito de me manter na casa dele como se eu fosse propriedade dele!

— Esse "velho", como você o chama, é extremamente poderoso. Será que não tem como você raciocinar como uma mulher adulta, pelo menos para entender que sua vida está em risco?

— E não dá para você agir como um verdadeiro homem em vez de agir como o cachorrinho do Lorde uma vez na vida?

Anne instintivamente deu um passo para trás e levou a mão a boca ao se deparar com o olhar de Amir. Seus olhos pareciam mudar de co ao encará-la. Ele sabia onde e quando ela havia ouvido aquelas palavras, ele mal podia acreditar que ela repetiu as palavras de Ezequiel para ofendê-lo...Sem dizer mais nada, Amir saiu do quarto batendo a porta atrás de si.

Amir saiu do quarto antes que pudesse ver nos olhos de Anne arrependimento pelo que havia dito. Ela não tinha intenção de magoar Amir, o jeito que ambos estavam se afastando nos últimos dias era um aditivo para sua ansiedade.

Ela queria o cavalheiro e protetor Amir de volta, aquele que havia prometido protegê-la sempre. Uma semana trancada naquela mansão estava acabando com seus nervos, além da irritante presença de Bianca, sempre flertando com Amir e tentando provocá-la.

Anne decidiu que precisava deixar Amir esfriar a cabeça e então pediria desculpas, talvez pudessem aproveitar o famoso sexo para fazer as pazes, algo que eles ainda não haviam experimentado. Sorrindo, ela seguiu para o banheiro, ia relaxar na banheira, depois falaria com o namorado sobre o quanto sentia falta de estar na cama com ele.

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