Capítulo XIII

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Lorde Lucien Zaffir Olhou em volta do salão de sua mansão e observou os outros Élderes presentes. Onze no total, contando consigo mesmo. Eram doze, mas Ezequiel Vladmir se afastou do conselho desde que os Élderes decidiram que ele deveria abdicar do trono, entregando a coroa de seu clã para seu irmão. Lorde Zaffir havia votado contra essa decisão, mas a maioria dos Élderes votou à favor. Ezequiel nada tinha feito para perder seu lugar de direito como primogênito, e Lorde Zaffir achou a decisão do conselho arbitrária e injusta, cujas consequências foram desastrosas.

A reunião ainda não havia começado e Lorde Zaffir estava em pé na entrada do salão ao lado de seu melhor amigo, Isaque Borislav, pai de seu pupilo, Amir Borislav.

— Lorde Zaffir, a lareira já foi acesa como o senhor ordenou e as criadas estão terminando de preparar o jantar, posso terminar meu expediente? — Perguntou um jovem criado ansioso para se retirar da mansão. Para muitos, a presença do conselho de Élderes no território era sinônimo de tempos difíceis a caminho e a presença dos Lordes em si já era suficiente para intimidar os mais jovens e aterrorizar os membros das classes mais baixas.

— Muito bem, meu rapaz, já pode ir para casa e lembre-se de levar lenha para sua mãe, uma tempestade de neve se aproxima.

Lorde Zaffir suspirou passando uma das mãos pelo rosto. Sua mente não estava devidamente focada na reunião do conselho que começaria em breve, nem nos Élderes presentes, mas no rigoroso inverno que se aproximava. O fato do território de seu clã situar-se no extremo norte, além de ser composto por vastas áreas montanhosas, tornava o inverno uma estação complicada e até mesmo temida.

Como um bom líder, Lorde Zaffir fazia questão de que todos os membros de seu clã tivessem condições dignas de vida, algo raro entre os Lordes. A maioria dos idosos presentes no salão da mansão pensava apenas em seu próprio bem-estar e no dos membros da nobreza, desprezando membros de castas consideradas inferiores. Além do conforto oferecido pela modernidade, como aquecedores, Lorde Zaffir aconselhava seus súditos a manterem um razoável abastecimento de lenha em suas casas, no caso de algum imprevisto causado por tempestades e similares. 

Como seu pai costumava dizer: "Um homem prevenido vale por dois."

Isaque seguiu o jovem criado até a porta dupla de madeira, em seguida, fez sinal para um dos guardas que estava ali parado. O mesmo balançou a cabeça confirmando que finalmente a mansão estava "limpa", ou seja, pronta para mais um concílio dos Élderes. Isaque fechou a porta e fez para Lorde Zaffir o mesmo sinal que o guarda havia feito momentos antes. Lorde Zaffir deu mais um suspiro e se preparou para iniciar as discussões, coisa, aliás, que detestava fazer. Detestava as tradições da nobreza da qual fazia parte, naquele momento ele preferia estar deitado em sua cama ao lado da esposa grávida, pela qual era apaixonado.

Todos sentaram em seus devidos lugares, menos Isaque, que permaneceu em pé com os braços para trás do corpo, em posição militar, exatamente como se esperaria de um general que estava presente representando as forças armas do clã de Lorde Zaffir.

— Senhores, já podemos começar a reunião. Antes de mais nada, gostaria de mais uma vez agradecer a presença de todos e espero que vossa estadia em meu clã seja agradável.

Um burburinho de apreciação e reconhecimento se seguiu por alguns instantes, antes de Lorde Barrington se dirigir a Isaque.

— Primeiramente gostaria de parabenizar Isaque Borislav pelo excelente trabalho de seu filho. Se mostrou um jovem honrado e competente.

Isaque estufou o peito, orgulhoso do filho. Nunca duvidou que Amir cumprisse sua missão de encontrar e proteger Anne, ainda assim, ser honrado pelo próprio Lorde Barrington em frente a todos os membros do concílio o fez sentir-se emocional.

Herança Sangrenta : GênesisOnde histórias criam vida. Descubra agora