Capítulo XIV

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(Narrativa de Anne)

Passei vinte minutos debaixo do chuveiro deixando a água morna massagear meu corpo na tentativa de acalmar meus pensamentos. O.k, eu estava com ciúmes! Tenho que admitir o que estava sentindo para mim mesma antes de fingir para os outros que não estava sentindo nada. Essa tal de Bianca era linda e estava sentada ao lado do meu... Hum... Lá vem o problema dos rótulos.

"Amir era o que meu?"

Não me pediu em namoro e, com certeza, somos mais do que amigos... Enfim, pelo comportamento dela durante o jantar, está mais do que evidente que eles tiveram um passado. Como eu posso competir com a versão melhorada de Jéssica Rabbit?

O jeito que ela me olhava continha um misto de raiva e alguma outra coisa que me fez sentir vontade de sair correndo da sala de jantar sem olhar para trás. Tentei me concentrar na comida servida por Jorge, o cheiro estava delicioso e não há nada melhor do que comida para me distrair. De repente,os pelos da minha nuca se arrepiaram e senti como se a energia do ambiente tivesse mudado.

Já teve a sensação de que algo ruim vai acontecer? Pois bateu forte em mim essa angústia.

Foi então que levantei a cabeça e vi Amir segurando o braço de Bianca de um jeito ameaçador. Seus olhos não estavam mais da cor castanha para mel que me encantava, estavam vermelhos e brilhavam como se estivessem em chamas.

Com a voz grave ele disse:

"Nem pense nisso Bianca, quebraria seu pescoço antes que conseguisse se aproximar dela!"

Depois disso, perdi o apetite. Não consegui nem comer, nem olhar para eles. Conforme os minutos passavam, me senti sufocar, precisava sair dali. Levantei de repente e corri na direção do meu quarto, ou melhor, do quarto que o tal Lorde reservou para mim. Ouvi a voz de Amir chamar meu nome, mas não olhei para trás. Nunca tinha sentido tanta necessidade de fugir de um ambiente como aquela. Era irracional, inteiramente instintiva sensação de pânico diante de perigo iminente.

Finalmente fechei o chuveiro e me enrolei na toalha mais macia que já toquei em minha vida. Senti uma deliciosa sensação de conforto, como se estivesse enxugando meu corpo em uma nuvem. Olhei em volta e me lembrei de ter vindo direto para o banheiro sem trazer minha camisola, então saí do banheiro vestindo apenas uma toalha em volta de meu corpo e outra na cabeça. No escuro do quarto, senti a presença de alguém e me assustei, mas antes que pudesse gritar, uma mão tapou minha boca impedindo que minha voz se fizesse ouvir.

Senti um braço envolver minha cintura e me puxar para junto do corpo do intruso, o peito tocando minhas costas.

— Sh! Sou eu, não precisa gritar!

—Amir! Você quase me matou de susto! — Gritei tão logo Amir, que estava rindo descontroladamente, me libertasse. — Não tem graça!

— Teve sim, desculpe-me, mas teve! — Amir controlou o riso e me envolveu em seus braços, beijando minha testa. — Me desculpe, eu não tive a intenção de te assustar. Eu vim atrás de você, mas quando cheguei aqui, você já estava no banho e resolvi esperar.

Não respondi nada, apenas apoiei minha cabeça no peito dele e inspirei o maravilhoso perfume. Sempre gostei de perfumes masculinos e o perfume de Amir era viciante, nunca tinha sentido nenhum cheiro como aquele, nem ao menos parecido.

— Anne? — Amir se afastou apenas o suficiente para pousar os dedos em meu queixo e levantar meu rosto para que nossos olhos se encontrassem. — É impressão minha ou você está me cheirando?— Perguntou erguendo as sobrancelhas com um sorriso divertido estampado no rosto.

— Amir, você tem um cheirinho tão bom! — Sussurrei apoiando mais uma vez meu rosto em seu peito.

Ele riu e me abraçou ainda mais apertado. Em um momento como aquele que eu gostaria que o tempo parasse. Abraçar Amir quase me fez esqueci o que aconteceu na sala de jantar.

O problema é que eu quase esqueci, mas não esqueci.

— Eu quero ir para casa, Amir!

Amir suspirou, beijou mais uma vez minha testa e apoiou o queixo sobre minha cabeça.

— Eu sei Anne, mas já conversamos sobre isso. Só por hoje, faz isso por mim, uh?

Ficamos abraçados em silêncio por mais algum tempo, eu hipnotizada pelo perfume dele e ele deslizando os dedos pelos meus cabelos. Lentamente os lábios de Amir deslizavam pelo meu rosto, pescoço, mordendo minha pele de modo sensual e delicado. Parecia um momento de calma, mas em minha mente havia um furacão: medos, anseios e muitas, muitas perguntas que permaneciam sem resposta. 

Por mais que temesse parecer uma adolescente ciumenta, não consegui me controlar.

— Quem é essa Bianca, Amir?

Por uma fração de segundos, senti Amir hesitar, além de uma súbita interrupção em sua respiração, talvez surpreso com minha pergunta. Não conseguia entender por que uma simples pergunta causaria surpresa, qualquer garota no meu lugar quereria saber quem é a mulher que claramente fez parte do passado de seu namorado, ou não?

— Ninguém importante, prometo. — Ele respondeu sussurrando em meu ouvido, seus dedos passeando pela borda da toalha e habilidosamente soltando o nó que a prendia em volta de mim.

— Ela parecia te conhecer muito bem. — Insisti, tentando me concentrar, mas a língua de Amir em minha orelha estava tornando muito difícil a construção de qualquer linha de raciocínio...

— Ela não é ninguém, Anne! — A toalha caiu no chão e as mãos de Amir deslizaram pela minha cintura, até alcançarem minhas coxas. — Deixa eu te mostrar que só você importa.

Eu pretendia insistir com a pergunta, mas os lábios dele me calaram com um beijo de tirar o fôlego. Achei melhor deixar as perguntas para depois, não conseguiria interrompê-lo, nem mesmo se eu quisesse. Nunca um homem tinha me feito sentir daquele jeito, tão viva, tão mulher! Os lábios de Amir seguiram beijando meu queijo, meu pescoço, até chegarem em meus seios. Senti minhas pernas tocarem a beirada da cama e nem tinha me dado conta que tinha saído do lugar. Amir me deitou e voltou a atacar meu corpo com a boca, e que boca!

Com as mãos acariciou e separou minhas pernas, sussurrando:

"Abra os olhos Anne, quero ver seus olhos enquanto provo que só você importa."

Abri os olhos em apesar da ausência de luz no quarto, os olhos de Amir brilhavam um tom de mel quase amarelo, refletindo atração, desejo e algo mais. Algo que nunca tinha visto nos olhos dele antes. Quando os lábios dele tocaram a parte mais íntima de meu corpo, o prazer era tão intenso como ser eletrocutada sem sentir dor. O toque da pele dele sobre a minha quase queimava, uma espécie de calor que me fazia gemer, sem conseguir expressar em palavras o que sentia.

Palavras nunca conseguiriam descrever aquele momento. E todo o tempo os olhos dele estavam vidrados nos meus. Quando cheguei ao ápice, ele se posicionou sobre mim passando a língua pelos lábios.

— Você é tão doce, Anne... Tão perfeita...

Quando senti Amir dentro de mim, foi como nenhuma das outras vezes. Foi tão intenso, como se nada mais existisse. Aquele era meu lugar, ele fazia parte de mim, do meu corpo. Cada movimento dele dentro de mim me levava a um paraíso diferente entre céu e inferno. Minha pele ardia, nossos corpos suados em sincronia. Amir me olhava nos olhos como se enxergasse minha alma.

"Eu te amo Anne"

Juntos atingimos nossos orgasmos e quando a semente dele invadiu meu corpo, senti como se queimasse por dentro, um prazer inigualável. Amir deitou ao meu lado na cama e me puxou para junto de si, tentando recuperar o fôlego. Deitei a cabeça sobre o peito dele como se estivesse em algum tipo de transe, logo a exaustão me dominou e fechei os olhos. Antes de cair no sono, ouvi mais uma voz Amir sussurrar:

"Eu te amo" 

Herança Sangrenta : GênesisOnde histórias criam vida. Descubra agora