Capítulo XXVI

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Narrativa de Anne

A água quente da banheira em contato com meu corpo teve efeito imediato. Me deitei confortavelmente, deixando somente minha cabeça fora d'água para relaxar. Confesso que gostava de usufruir do conforto e luxo da mansão, mas uma gaiola, ainda que seja de ouro, continua sendo uma gaiola!

Por que era tão difícil para Amir simplesmente contrariar a vontade do vampirão? Lorde ou não Lorde, ele tem que cumprir as leis, ou não?

Vários dias aqui trancada, sem poder falar com minha família e falando com a Nanda somente pelo celular de Amir estava me levando à loucura. Estava cheia de faltas na faculdade e tinha grandes chances de perder o período inteiro por causa do bode velho!

Será que se eu colocasse água benta no vinho dele ... Ah, não! Amir disse antes que nada disso adiantava, que eles não eram "demônios", mas, apenas outra espécie... Taí!
Como poderia discutir com meu antigo professor de biologia sobre a possibilidade de espécies diferentes poderem procriar? Não sou tão "nerd" assim, mas o assunto é interessante...

Mergulhei a cabeça na água tentando nublar esses pensamentos. Se eu continuasse pensando no vampirão, ia ficar com raiva mais uma vez e não queria voltar a brigar com Amir por causa de mau humor. Eu sei que não deveria ter usado as palavras de Ezequiel, sabia que magoaria ele...

Ezequiel Vladmir, bonitão misterioso que parecia não ter nenhum repeito pelo velho babão...

Por que será que ele não era mais Lorde? Aliás, o que é ser um lorde vampiro? Ou melhor, Upyr...

Amir parecia odiar Ezequiel, mas por mais que tentasse me explicar seus motivos, me passava a impressão de que estava escondendo alguma coisa... Será que é por ele e a Jéssica Rabbit serem amantes? Esperava que não, porque isso significaria que ele ainda sentia algo por ela. Bianca era praticamente perfeita com aquele cabelão ruivo.

Bem que eu poderia passar máquina zero na cabeça dela e...

Nossa! Eu realmente desejava arrancar aquela cabeleira...E não me envergonhava disso!

Por que diabos o fato dela e Ezequiel serem amantes me incomoda tanto? Que se dane ela e que se dane ele e aqueles olhos negros dele! E aquele sorriso cínico que faz a gente pensar que ele sabe muito mais do que a gente sobre tudo e qualquer coisa...

"Pensando em mim, Anne?"

Minha nossa!

Quase me afoguei! Me sentei na banheira com meus cabelos molhados grudados em meu rosto. Olhei em volta e estava sozinha no banheiro. Minha respiração estava alterada pelo susto e meu coração parecia que ia sair pela minha boca a qualquer momento. Olhei mais uma vez em volta, como se tentando me certificar que estava de fato sozinha e voltei a me deitar na banheira, mais uma vez somente a cabeça fora d'água.

Que estranho ouvir alguém falar comigo como se estivesse ao meu lado...

Fechei os olhos e respirei lenta e profundamente tentando me acalmar, até que, de repente levei outro susto ao sentir duas mãos frias tocarem meus braços e me erguerem da banheira. Olhei ao meu redor e permanecia sozinha, a porta estava fechada. Levantei e segui em direção da porta ainda molhada. Estava assustada, mordi meu lábio inferior tão forte que me machuquei. Levei o dedo indicador a boca para ver se tinha sangue, mas meu dedo estava limpo.

Levantei o olhar e o vi. Parado na frente da porta que ligava o banheiro ao meu quarto, estava Ezequiel Vladmir em pessoa.

Ele estava sem camisa, com os cabelos desgrenhados como se tivesse acabado de levantar da cama, e o pior, me olhando como se eu fosse um delicioso cheeseburguer de picanha com bacon e ele um pedreiro faminto que esqueceu o almoço. Sem pudor algum me olhou de cima a baixo, de baixo a cima. Sorriu como se estivesse satisfeito e ainda mordeu o lábio inferior!

Herança Sangrenta : GênesisWhere stories live. Discover now