Capítulo IX

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Ezequiel esticou os braços sobre o encosto do sofá em que estava sentado. Semiconsciente sentiu o tecido com a ponta dos dedos e contorceu o rosto em desagrado pelo material barato. 

Detestava estar ali, detestava aquele apartamento barato, naquele bairro de subúrbio...

Como os seres humanos se permitiram decair daquela maneira? Como podem se permitir produzir algo tão vulgar e desqualificado? Nada comparável ao luxo que conheceu em sua juventude... 

Fechou os olhos tentando se lembrar. Trezentos anos? Talvez mais, talvez menos... Seu castelo mantinha o mesmo padrão de antes, Ezequiel nunca se iludiu com as mudanças que o tempo trouxera. 

Moda? 

Nada mais humano, nem mais patético, do que seguir uma tendência apenas porque alguém sugeriu que está "na moda".

Respirou fundo e jogou a cabeça para trás com um grunhido. Sua mente o levou de volta a mansão, ao patético Élder e seu cão de guarda.

Abriu os olhos irritado.

"Como aquele cão de guarda se atreveu a segurar a mão de Anne?"

O modo em que Amir olhava para ela, o irritou, teve que se controlar para não arrancar a cabeça dele por se atrever a tocá-la. 

Ezequiel fechou os olhos mais uma vez, as sobrancelhas quase se tocando pela maneira em que franzia o cenho.

Amir a tocou... 

Aquele cão de guarda a tocou! Ezequiel pôde sentir no momento em que seus lábios tocaram a pele de Anne.

 E ele pagaria! 

Ezequiel prometeu a si mesmo que Amir sofreria graves consequências por ter tocado no que pertencia a ele, e Anne era dele! Corpo, alma, coração, mente... Tudo de Anne pertencia a ele e apenas ele poderia tocá-la. Apenas ele, Lorde Ezequiel Vladmir, poderia provar do corpo e do amor de Anne e dar prazer e explorar cada centímetro da mulher que perturbava seu sono, que invadia sua mente e que era destinada a reinar ao seu lado.

Sem permissão, a imagem de Amir tocando o corpo nu de Anne invadiu a mente de Ezequiel em uma visão, e mais uma vez ele abriu os olhos. Estava furioso e tal emoção se refletia na respiração alterada com a visualização de outro macho tocando sua fêmea. 

Tudo o que sentia era ódio e desejo de vingança.

Ezequiel abaixou a cabeça, olhou para os cabelos ruivos da mulher que estava entre suas pernas e seu ódio aumentou. Segurou os cabelos dela com uma de suas mãos e levantou o rosto dela, para que o olhasse enquanto mantinha parte do corpo dele na boca.

Ele olhava diretamente nos olhos verdes dela: linda, desejável e disponível; mas não era Anne. Não era a mulher que ele queria que estivesse naquela mesma posição.

Quando deixou a mansão, estava irritado e frustrado, precisava aliviar a tensão de seu corpo e relaxar a mente. Foi com a mente fervilhando e dominado pelo ciúmes que mais uma vez fez algo que prometera a si mesmo que não faria. Se dirigiu ao apartamento daquela mulher a quem desprezava, mas cujo corpo sempre esteve pronto para responder ao seu toque. 

O corpo dele ficava satisfeito, ainda que por alguns minutos, porém, sua mente e sua alma se envenenavam pelo simples prazer físico, tão vulgar, tão... Humano.

Ezequiel puxou os cabelos dela com força, afastando-a de si abruptamente. Um fio de saliva se desprendeu dele e escorreu pelo queixo dela, a boca entreaberta. Ela o olhou apreensiva, temia ter feito algo errado. Ele sempre gostou do prazer que sua boca lhe proporcionava, por que a teria afastado antes de estar satisfeito?

Herança Sangrenta : GênesisOnde histórias criam vida. Descubra agora