Capítulo XV

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Amir estava deitado olhando para o teto sem conseguir dormir. Passou a mão pelos cabelos  tentando entender os acontecimentos das últimas semanas. Depois de tanto trabalho, investigações e enganos, finalmente tinha encontrado Anne a mando de Lorde Barrington. A observou por semanas, conhecia cada lugar que ela gostava de frequentar e seus hábitos fora de casa. Se fez passar por um jovem universitário para se aproximar dela tão logo sentiu o cheiro de Ezequiel nela ao passar por ele. Ezequiel a tinha encontrado e feito contato, embora não fisicamente. Não demoraria para descobrir o endereço...

Toda informação que recebeu dos Élderes para o cumprimento da missão foi de que ela era nobre e tinha sumido sob os cuidados de uma humana serva de Upyrs. Eles creditavam que era a "prometida" , e lhe entregarem uma manta de bebê com a essência dela e os dados da humana para que ele a encontrasse. Começou a busca praticamente do zero e levou quase dois anos investigando, até encontrá-la poucos meses antes, bem a tempo de impedir a aproximação de Ezequiel.

Amir nunca acreditou em profecias ou em destino pré-montado, ainda assim, cumpriu sua missão e honrou seu nome, sua família, seu clã e seu pai... Mas Amir não contava com o desenrolar da aproximação dele com Anne. Contava menos ainda que em tão pouco tempo diria as três palavras que disse a ela.

"Eu te amo"

Como ele pôde ter cometido tal erro? Amir era jovem para um Upyr, mas já tinha muita experiência de vida, muitas décadas de experiência, no entanto, se comportou como um adolescente ingênuo. Cada vez mais acreditava ter cometido um erro ao se declarar para Anne. Enquanto os humanos pareciam precisar de tempo para desenvolver sentimentos uns pelos outros, para um Upyr essa declaração seria normal, até mesmo razoável, pois reconheciam seus sentimentos em pouco tempo. Muitos Upyrs reconheciam amor após apenas uma troca de olhar, como almas se reconhecendo. No entanto, esse nem ao menos era seu caso, pois Amir não reconheceu sentimento algum quando viu Anne pela primeira vez, nem mesmo quando a tocou quando desmaiou na faculdade.

Na verdade, naquele momento ele até mesmo desejou que ela morresse...

Amir suspirou e fechou os olhos com força. Se lembrar de que desejou a morte da mulher a quem acabara de se declarar trazia dor ao seu peito.

Enquanto fizeram amor naquela noite, Amir sentiu algo diferente, algo que nunca havia sentido com nenhuma outra mulher, não era apenas emocional, era físico. Ao tocar Anne, sua pele entrou em combustão, o desejo que sentia era desesperador, como se sua vida dependesse de cada toque, cada gesto, cada carícia...E quando gozou dentro dela, foi como se o tempo tivesse parado e todo o universo se resumisse aos dois.

Alguma coisa havia mudado entre eles e Amir estava confuso e ansioso, pois não fazia ideia do que se tratava. Nunca em seus muitos anos de vida havia escutado algo do tipo. Será que Anne havia sentido o mesmo?

Amir olhou mais uma vez para a mulher que dormia tranquilamente deitada sobre seu peito, suas pernas entrelaçadas e seu braço possessivamente em torno do corpo dela. Pela primeira vez em sua vida, sentiu medo. Medo de ter assustado Anne com sua repentina e prematura declaração.

Oh... E Anne provavelmente não fazia ideia de quão verdadeira eram aquelas três palavras.

"Eu te amo"

E quão verdadeiras eram elas?

Amir se perguntava se aquele relacionamento, ainda em botão, poderia se tornar algo mais. Poderiam os dois ficar juntos sendo ele um Upyr e ela uma humana? Sendo ela uma Vladmir e ele apenas um cavaleiro? Sendo ela a mulher que acreditavam ser destinada a ser rainha?

Herança Sangrenta : GênesisOnde histórias criam vida. Descubra agora