Capítulo XVII

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Ezequiel sorriu olhando para o telefone celular antes de colocá-lo sobre o balcão da pia da suíte máster de seu castelo. Tudo ocorrera como havia previsto. Como eram previsíveis... Impressionante como mais da metade dos Élderes, tão pomposos e cheios de si, eram tão obtusos e não faziam ideia do que estava de fato acontecendo.

Ezequiel conhecia o lado mais obscuro da mente dos Upyrs, um de seus dons adquiridos. Conseguia sentir as cordas manipuladas por uma mão poderosa e misteriosa e, é claro, motivada pela sede de poder. Poder esse que ele, Lorde Ezequiel, conseguiria primeiro. Seja lá quem fosse o dono dessa tal "mão misteriosa", faria morada na masmorra tão logo pusesse as mãos nele. Ezequiel ainda vivia no castelo da família, era amante da tradição, do luxo e da riqueza, e era um dos homens mais ricos do mundo dos humanos e dos Upyrs. 

Abriu o chuveiro e, enquanto a temperatura se adequava, se despiu deixando que a roupa caísse no chão.

A água quente escorria pelo seu corpo perfeitamente esculpido pela natureza e aprimorado por constantes exercícios físicos. Gostava de sua aparência e do efeito que ela causava no sexo oposto. Gostava principalmente do efeito que causava em Anne. Ele havia notado como, em mais de uma ocasião, os olhos dela passearam por seu corpo com um brilho de admiração. E ele também admirava o contorno das curvas do corpo dela, imaginando como seria tocar sua pele, sentir o corpo trêmulo de Anne sob o dele, ouvir seus gemidos de prazer, orgasmo seguido de orgasmo...

Imaginar Anne fez com que seu corpo respondesse imediatamente e Ezequiel mudou a temperatura da água para fria. Anne não fazia ideia do efeito que exercia sobre o corpo e a mente dele. Fechou os olhos ao lembrar do rosto dela, de como esteve tão perto de possuí-la durante o sonho antes de ser interrompido por aquela criatura. Era apenas uma questão de tempo. Ezequiel acreditava em almas gêmeas e Anne era dele e ele não permitiria que ninguém a afastasse como fizeram no passado...

Ezequiel nunca esqueceria traição dos Élderes e de seu próprio irmão. Se envergonhava de quanto havia sido ingênuo.

 Logo ele, que sempre se orgulhou de sua tenacidade e, no entanto, permitiu que o traíssem, que o enganassem e que tomassem dele tudo o que possuía. Ezequiel nunca se permitiria esquecer a fúria com a qual tomou tudo de volta e muito mais. Sua vingança ainda não havia terminado, pois não pôde trazer Sarah de volta a vida, mas Anne era dele e ele a desejava muito mais do que havia desejado Sarah.

Dessa vez ele estava preparado, dessa vez os Élderes é que seriam pegos de surpresa, e que deliciosa surpresa será essa quando ele, Lorde Ezequiel Vladmir, se tornar rei de todos os Upyrs...

Havia sofrido no passado ao perder Sarah, ao ser traído pelas pessoas em quem confiava, mas agora enxergava a situação de modo diverso. Sim, amara a mãe de Anne, mas o que sentia na época não pode se comprar ao que sente hoje.

A atração por Anne, o desejo e o fascínio beiravam a loucura. Ela era como seu vício mais profundo do qual não pretendia se libertar. No momento em que Anne nasceu, naquele mesmo castelo, Ezequiel sentiu sua alma.

Os Élderes estavam reunidos, esperando notícias do parto, mas ele, Ezequiel, sentiu sua amada nascer, sentiu sua presença antes mesmo que ouvissem seu choro. E no mesmo instante, o seguraram, agrediram e a levaram embora...

O acorrentaram como se fosse um criminoso, quando na verdade ele tinha sido vítima daquele mesmo conselho. Primeiro lhe tomaram a mulher que amava com a ajuda de seu próprio irmão, então ele teve que assisti-los juntos, como um casal.

Seu próprio irmão tomara seu lugar.

A mente de Ezequiel o levara de volta as dores do passado, servindo como combustível para seu desejo de vingança. Ele se lembrava de quando era ingênuo o suficiente para acreditar na honra do Conselho de Élderes.

Herança Sangrenta : GênesisWhere stories live. Discover now