Capítulo XXX

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                           Demorei um pouquinho para publicar esse capítulo mas realmente estive enrolada esses últimos dias. Tive que reler a versão editada do meu livro que será publicado para finalmente aprovar e autorizar o texto... Mas vamos que vamos que o tempo não para pra nos esperar não!

                           Espero que gostem, e não esqueçam de comentar e votar!

PS. Na foto Lorde Zaffir e Ester ;)

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                         Narrativa de Anne

Sabe aquele momento em que nada a sua volta faz sentido? Quando você se sente tão perdida, que as coisas e pessoas parecem se mover em câmera lenta e os sons parecem vir debaixo d'água?

Lorde Barrington me olhava nos olhos como se quisesse ler minha mente, esperando uma reação minha em relação as suas palavras. Lorde Estevão olhava para Lorde Barrington com as sobrancelhas franzidas, como quem sabe de algo que eu não fazia ideia. 

O.k, talvez eu estivesse vendo coisas demais no rosto dos vampirões, mas o olhar e a expressão corporal de Augustus não tinha como ser invenção da minha cabeça. Ele estava surpreso com as palavras de Lorde Barrington e, ao desviar o olhar em minha direção, pude reconhecer o que  expressava:

Pena.

E sabe o que é mais estranho? De todos os olhares, o de Augustus foi o que mais me incomodou. Porque através dele a realidade bateu forte e cruel.

Eu, digna de pena...

E sabe qual foi minha atitude madura e sensata?

Eu corri.

Eu sei, nem madura nem sensata. Eu fiz como aquelas mocinhas de filmes ridículos que saem correndo como avestruzes desesperados. Eu não estava tentando fugir da realidade, pelo contrário, corri para encará-la. Fui direto ao quarto de Amir sem, culpa nenhuma. Os homens que estavam na biblioteca eram estranhos e eu não devia nenhuma satisfação a eles. Especialmente porque se achavam no direito de decidir minha vida e meu futuro!

O quarto estava vazio, a cama profissionalmente arrumada e não havia nenhum pertence de Amir. Nenhum traço sequer de que alguém estivesse ocupando o cômodo. Sentei na cama e deslizei a mão pelo delicado lençol, sentindo o aperto no meu peito aumentar.

Jorge, o silencioso mordomo, apareceu na porta do quarto e ficou parado me olhando. Apesar de seu rosto sempre impecavelmente inexpressivo, ele abria e fechava as mãos, o que me fez pensar que ele estava debatendo ideias internamente, tentando tomar uma decisão. Finalmente respirou fundo, como quem toma coragem, e seu corpo recuperou a habitual postura profissional.

Senhorita Anne, se está procurando pelo jovem Amir, ele não está mais na mansão.

Você sabe para onde ele foi ou quando ele vai voltar?

Não, senhorita. Ele deixou a mansão antes de amanhecer.

Você viu se a Bianca foi com ele?

Não, senhorita Anne, sinto muito. Quando eles deixaram a mansão, eu ainda estava dormindo. Mas lorde Barrington me informou pela manhã que os dois haviam deixado a mansão juntos, o motorista confirmou que ambos saíram às pressas, sem levar nada. Eu arrumei as malas do Jovem Amir e da senhorita Bianca pela manhã para que o motorista as levasse.

Então era verdade. Amir e Bianca foram embora juntos e ele nem sequer me avisou...

Como ele pôde fazer uma coisa dessas comigo?

Eu confiei nele..

Eu acreditei nele...

Eu me apaixonei por ele...

Mas o que eu estava pensando? Amir é perfeito, parecia ter sido esculpido por Michelangelo... Bianca parece uma top model exótica perfeita e eu... Eu era apena eu. Uma universitária de dezoito anos de idade quem nem família de verdade tinha...

Mas ele me fez sentir tão especial

Ele mentiu para mim! O tempo todo era da Jéssica Rabbit que ele gostava!

Tomara que os dois se explodam!

Senhorita Anne... Disse Jorge em voz baixa interrompendo minha sessão de autopiedade. O jovem Amir esqueceu isso e acho que deve ficar contigo.

Jorge me entregou o celular de Amir e se virou seguindo em direção a porta do quarto, pronto para se retirar.

Pensei que tinha arrumado a mala dele com as coisas que ele havia deixado aqui.

Sim, arrumei.

Então por que-

Às vezes, senhorita Anne, eu também esqueço minhas tarefas, deve ser a idade...

Jorge saiu fechando a porta e eu podia jurar que tinha visto a sombra de um sorriso dele...

Depois que Jorge me deixou sozinha no quarto que havia sido ocupado por Amir, fuxiquei tudo o que pude no celular dele. Eu sei que não se deve fazer isso, mas qual garota não teria caído na tentação? Enfim... Olhar o conteúdo do celular de Amir me deixou ainda mais confusa. Todas as mensagens e e-mails haviam sido apagados, pois a caixa de mensagens estava vazia e eu me recuso a acreditar que ninguém se comunicava com ele. Nenhum registro de ligação, ou seja, as ligações dele também foram apagadas, e o mesmo em relação aos contatos...

Continuando minha missão de fuxicar o celular de Amir, abri os arquivos de fotos com pouca esperança, pois, se ele teve o trabalho de apagar o resto, faria o meso com as fotos, mas para minha surpresa haviam várias fotos. Quando abri, o que restava intacto em meu coração se partiu. Várias fotos de Jéssica Rabbit dormindo nua na mesma cama onde eu estava sentada, outras de Amir dormindo também nu ao lado dela, e então, a última... Uma retratando ele nu dormindo com Bianca deitada sobre o peito dele, da mesma maneira em que ele disse que amava me ter nos braços.

É possível que lágrimas se acabem? Deve ser, porque, apesar do vazio que sentia e da imensa dor em meu peito, não chorei. Pensei em jogar o celular na parede, mas não tive forças para isso, apenas o larguei sobre a cama e me levantei para sair do quarto.

Ao sair, ouvi vozes pelo corredor e minha mente finalmente me trouxe de volta a realidade de minha situação. Eu precisava sair da mansão, precisava fugir dali antes que me obrigassem a casar com um vampiro, ou coisa pior...Eu não podia contar com Amir e as falsas promessas dele.

Minha única chance era ligar para alguém. Sem mais delongas, peguei o celular, corri para o banheiro e tranquei a porta. Precisava pensar rápido. Para quem eu poderia ligar que abandonaria tudo o que estivesse fazendo e viria me tirar da encrenca em que me encontrava?

Alô!

Nanda?!

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Herança Sangrenta : GênesisWhere stories live. Discover now