Desafiando a semântica

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Fui ao dicionário e pesquisei M-O-B-I-L-I-D-A-D-E. Tinha que ter um significado menos óbvio. Alguma carga semântica desconhecida pela maioria dos mortais. Mas não tinha. Lá estava: "1. Facilidade de mover-se..." Como podia ser? Li essa palavra no discurso do prefeito do Rio em uma entrevista, mas, naquele contexto em que se encontrava, só podia ser sinônimo de confusão, caos, desordem. O diálogo foi publicado em um jornal respeitado. Como se justificaria uma falha tão grosseira? Nessa matéria, o prefeito falava das medidas implementadas para se ter mais "mobilidade urbana". Entre essas medidas, ele citou a quase extinção das vagas de estacionamento públicos nas ruas da cidade. Com isso, a probabilidade de se conseguir uma vaga é quase a mesma de ser atingido por um raio( em dia de sol). Certa vez, vi dois homens duelarem até a morte por uma delas. Restam os estacionamentos privados ! Você deve ter pensado. Mas o prefeito pensou antes e fechou muitos desses estabelecimentos com a alegação de estarem irregulares. Os poucos restantes, aproveitando a lei da oferta e da procura puderam cobrar valores estratosféricos pela hora. Pra que ir de carro ao Centro, se tem transporte público? Não seja por isso, pensou o prefeito, e extinguiu várias linhas de ônibus. Não alargou pistas, e sim, pintou faixas nas ruas. Criou o BRT e você que se vire pra chegar às estações. Já sei! Vamos pelos trilhos! Tem certeza? Os nossos supertrens ensinaram às pessoas a capacidade da compactação, desmentindo assim a lei da física em que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço. Não podemos esquecer a criação do VLT que se deslocará a alucinantes 10km/h na Av. Rio Branco. Conclusão: é mais fácil chegar à Atlântida do que ao centro da cidade do Rio de Janeiro. Descobri! Foi erro gráfico! Faltou um "i" na frente da palavra!

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