A Babel
Isto foi no Rio de Janeiro, mas havia gente de todo lugar do Brasil. Era uma escola de formação de militares. Mistura interessante: alunos cariocas, gaúchos, nordestinos (chamados, pejorativamente, de aratacas), entre outros. A princípio, estereótipos ambulantes uns para os outros. Com o tempo, porém, as diferenças se dissipariam (nem todas) . Os pelotões marchavam , treinando: esquerda volver! direita volver! Treinavam também entoar canções militares já tradicionais, até que surgiu uma moda de inventar canções. Os pioneiros foram os gaúchos, que na sua maioria já haviam servido no exército, logo já estavam mais à vontade com a "vida na caserna".
- Permissão pra puxar canção, tenente!
- Concedida!
A mulher do arataca
teve dois arataquinhas
um tinha cabeça chata
o outro nem cabeça tinha
Nordestinos revoltados. Xingamentos à meia boca, para o tenente não ouvir. Os demais sorriam por dentro, inclusive os cariocas, que não imaginavam ser o próximo alvo dos gaúchos gozadores. No dia seguinte, o mesmo procedimento. Lá veio o gaúcho:
A mulher do carioca
teve dois carioquinhas
um era rato de praia
o outro era trombadinha
Risos contidos. Até que um carioca indignado com a afronta e munido de grande presença de espírito gritou:
- Tenente, permissão pra puxar canção!
- Concedida!
A mulher do gaúcho
teve dois carioquinhas...
As gargalhadas foram inevitáveis e, para alguns, até valeram a punição de horas a mais sob o sol do meio-dia.
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Garrafa de náufrago
Short StoryDivirtam-se com esta coletânea de contos e crônicas sobre assuntos do cotidiano, além de artigos que misturam humor e crítica social fugindo dos modismos intelectuais. ESTA COLETÂNEA ESTÁ REGISTRADA NOS DIREITOS AUTORAIS. PLÁGIO É CRIME!