Tadinho

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Tadinho

Quando a gente pensa que já viu de tudo... Enquanto esperava o noticiário esportivo para saber o que havia acontecido com meu time na noite anterior, aproveitei para fazer um curativo na pata do meu fiel escudeiro canino. Eu, o zepeador mais rápido do Oeste, cometi um erro imperdoável diante dos interesses midiáticos da tv. Com as mãos ocupadas com esparadrapos e gazes, vi surgir subitamente o Pop Star Neymar Júnior em uma entrevista coletiva. Ele respondia à crítica de um jornalista sobre a sua falta de comprometimento com a seleção, justamente num momento em que o time ia "mal das pernas". Neymar Júnior ficou profundamente irritado com o comentário. Até aí tudo bem. Quem gosta de ser criticado? Então o grande craque acusou o jornalista de ser maldoso ao perguntar se havia relação entre sua vida pessoal e seu baixo rendimento nos gramados. O mais curioso foi o argumento utilizado pelo ídolo do futebol, dirigindo-se ao jornalista: " Imagine se fosse você no meu lugar. Eu tive tudo na vida. Sou novo e tenho tudo o que alguém pode querer... Será que você não faria mesmo no meu lugar?" Estou acostumado a ouvir justificativas do tipo" eu nunca tive nada na vida, sempre fui pobre, nunca ganhei nada..." É a primeira vez que eu ouço alguém justificar um erro por ter tudo. O erro podia ser a falta de comprometimento, o excesso de noitadas, seja lá o que for. Essa não é a questão. O problema é a justificativa. As falhas de caráter, comportamento desrespeitoso, desvios de conduta, tudo é justificável quando a norma é "passar a mão na cabeça" , seja na própria, seja na do filho, ou na do ídolo, como fez o apresentador do telejornal logo após a coletiva " É... tá certo o Neymar". Antes eu tivesse sujado o controle de pomada.


Garrafa de  náufragoWhere stories live. Discover now