Tarde para desistir

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Lucas ficou todo desestruturado com a conversa que teve com David na sala, e não sabia se ficaria bem depois das insinuações dele. Ficou sentado na cozinha, para passar o tempo, e obviamente para não se encontrar com David pelos cantos, e deixa-lo perceber o quanto ele estava sem jeito. Lucas nunca namorou, não se interessava por garotas desde que se conhecia por gente, e apesar disso, também nunca teve qualquer relação homossexual, mas não podia negar a si próprio que sentia atraído pelo sexo masculino. David era um cara bonito, e Lucas sabia que ele tinha namorada, e que seria impossível acontecer algo... parou de pensar quando escutou as vozes dos senhores Odebrecht adentrando pela casa. Ficou mais feliz e aliviado com o retorno deles.

O sr. Olavo trouxera sacolas e pacotes para Lucas quando este foi até a sala.

— Para você Lucas, e saiba que a loja não aceita devolução — disse ele, rindo, dando as sacolas para o garoto que estava sem saber o que dizer.

— Obrigado sr. Olavo, mas como sabe meu número? — ele então olhou para sua mãe que carregava Ana Clara no colo, e a viu sorrindo para ele. — Obrigado mãe.

— Espero que não fique chateado por não termos levado você junto para que escolhesse, decidimos passar na loja de último momento enquanto retornávamos — explicou a sra. Maria Lurdes.

Lucas sorriu.

— De forma nenhuma, acredito que ficará boa em mim, vou guardar no quarto, com licença.

David estava no corredor do quarto, com o pé apoiado na parede. Lucas diminuiu os seus passos quando ao virar se deparou com ele.

— Recebeu presente é?

Lucas ia passando por ele sem responder, mas parou e respondeu.

— Sim, algumas roupas, seus pais são pessoas maravilhosas.

David ficou levemente admirado ao ouvir, e concordou com ele.

— Sim, eles são.

Lucas ia saindo quando decidiu falar mais.

— Sabe, meus pais são separados, e eu vivo com meu pai, a gente se gosta bastante, mas eu preferia que eles não tivessem se separados, e as vezes fico me perguntando se eu teria alguma coisa haver com isso, mas não sei a resposta — David o escutava atenciosamente. — Eu não sei por que estou te enchendo com essa história da minha vida, mas eu faria qualquer coisa se pudesse para mudar o passado.

— Eu... — David começara a falar, quando Felipe apareceu ajudando Hélio a carregar uma caixa embrulhada com um pano. — Vou ajudar meus amigos.

Lucas continuou a caminhar e foi para o seu quarto.

— O que vocês dois estavam conversando hem? — Felipe indagou quando David aproximou.

— Nada só nos encontramos por acaso no corredor — respondeu David.

Hélio e Felipe adentraram no quarto de David que abriu a porta a eles.

— Eu só tenho medo dele fazer algo com a Semíramis — disse Hélio depois que depositaram a caixa no chão, e Felipe descobriu a caixa.

— Não seja bobo o garoto vai mijar nas calças quando vê-la — assegurou Felipe rindo, colocando a mão dentro e pegando a cobra com cuidado, trazendo para fora. — Ela é bem pesada.

David olhou seus amigos removendo a jiboia para fora, e sentiu nojo dela, mas não deixou seus amigos perceberem isso em seu rosto.

— Bem, vocês não acham que ele pode sei lá, sofrer algum dano grave com esse susto? — David disse, com um certo ar de preocupação.

Felipe riu.

— Algum dano certamente ele terá, mais não se preocupe, ele não vai morrer de susto, se é que te preocupa.

David forçou um sorriso para seus amigos que estavam eufóricos e brincando com Semíramis que agora deslizava no piso a procura de algo para subir.

  

O Filho da BabáWhere stories live. Discover now