David, o individualista

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Algumas pessoas do shopping olhavam para David e Lucas, seus comportamentos levantavam suspeitas aos olhares alheios, ainda mais para Lucas que estava com o canto da boca machucada. Mas eles conseguiram sair do prédio sem ser barrado por nenhum segurança ou qualquer funcionário.

Ambos andavam em passos apressados e em silêncio, até alcançarem o estacionamento.

— Vou te levar para casa de um amigo médico da família pra cuidar desse seu ferimento — David avisou quando eles caminhavam para o fundo do estacionamento. — Não se preocupe, vai ficar bom logo.

Lucas apenas assentiu, não queria contraria-lo e também chegar a casa naquele estado ia só piorar as coisas. Inventaria uma mentira de que escorregou no piso molhado e batera a boca no canto de algo, apenas para acalmar os ânimos de todos quando visse ele ferido daquele jeito.

Encontraram o carro e adentraram. David puxou o cinto de segurança para Lucas e deu a partida do carro, cantando pneus, e diminuiu a velocidade quando passou pela guarita do shopping. Abaixou o vidro automático de seu carro quando o guarda pediu. Lucas ficou apreensivo, David um pouco nervoso.

— Boa noite — cumprimentou o guarda, e Lucas disfarçou tampando o canto da boca com a mão. — O shopping estará fazendo 10 anos agora nesse mês, e todos os visitantes vão ganhar um cupom para participar de muitos prêmios, aqui está o do senhor, obrigado pela visita e boa sorte.

David pegou o cupom, e fechou o vidro.

— Que saco! — reclamou David amassando o cupom e jogando no carpete do carro.

Lucas pôde respirar melhor agora que o carro percorria a estrada, se afastando do shopping.

— Fica muito longe esse seu amigo médico?

David estava visivelmente aborrecido por tudo que tinha acontecido.

— Não por quê?

Lucas sentiu um tom de irritação na sua voz e tentou amenizar o clima.

— Não é por nada não, eu só quero ir pra casa e tentar dormir, se é que vou conseguir.

— Se quiser posso pedir ao meu amigo um calmante para você — se prontificou. — Assim vai poder dormir melhor.

Lucas não gostava da ideia de tomar remédio para dormir, mas aquele era um caso especial, acabara de ser de uma tentativa de estupro, e se não fosse por David Deus sabe o que teria acontecido com ele ali naquele box.

— Tudo bem irei aceitar.

— Sei que pode ser doloroso para você falar no que aconteceu, mas eu preciso saber — pediu David, de olhos fixo na estrada. — O que você fez para aqueles caras?

Lucas olhou para David confuso.

— Como assim?

— Você deve ter feito algo para chamar atenção deles.

Lucas ficou incrédulo quando começou a entender o que David queria insinuar.

— David você acha que eu incitei eles a querer me violentar?

David acelerou mais na pista, e olhou para Lucas sério.

— Me diz você Lucas.

— Eu não fiz nada David — encarou-o sentindo-se magoado por dentro. — Eu jamais daria motivos para o que eles estavam planejando fazer comigo. Eu iria ser estuprado entende agora?

David contorceu o rosto ao ouvir a sua declaração e não conversou mais nada com ele pelo resto do caminho.

Lucas estava com vontade de chorar e principalmente de sair do carro ao ter que aguentar o comportamento de David ao seu lado, irritado e desconfiado de que foi ele quem incitou os rapazes a querer abusá-lo.

O Filho da BabáOnde histórias criam vida. Descubra agora