Dia, lugar e hora

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O café da manhã estava espetacular. Lucas estava comendo um delicioso pãozinho de queijo quando David apareceu para se unir a eles.

— Bom dia para todos — ele puxou a cadeira e se sentou.

O seu pai e sua mãe sorriram para ele.

— Bom dia querido, espero que tenha tido uma noite excelente — disse sua mãe, passando a ele o prato de presunto e salame fatiado.

— Até que queria, mas não consegui dormir direito — resmungou ele, pegando o prato. — Tentei conversar com a Camila pelo celular mais ela não quis me atender.

O senhor Olavo revirou os olhos e olhou para Lucas que estava tentando evitar participar daquela conversa, mas ao ver a cara que Olavo fez, se engasgou com o copo de Toddy.

— Perdão... — Lucas disse limpando a boca com o guardanapo.

David ficou fitando-o e Lucas percebendo sua atenção sobre ele, disfarçou pedindo o pote de margarina.

David que estava mais próximo atendeu o pedido dele, repassando.

— Aposto que logo ela vai retornar as ligações amor, dê um tempo para ela — disse sua mãe afetuosamente.

— E você Lucas aposto que seu sono tenha sido melhor — perguntou o sr. Olavo no momento que ele ia morder um pedaço da fatia do pão torrado.

Lucas deixou um pedaço escorrer dos lábios direto no copo de Toddy.

— Ah! Eu ... bem dormi sim... — ficou rubro de vergonha, se lembrando do sonho que tivera.

— Pela reação o sonho deve ter sido bom, não é garotão? — provocou o sr. Olavo fazendo Lucas se derreter mais que a margarina na fatia do pão.

— Querido, por favor... — murmurou a sra. Maria Lurdes discretamente.

— Estou brincando Lucas, não fique assim tão sem jeito — ele agarrou o ombro de Lucas, chacoalhando. — Nossa você está todo mole filho.

David observava Lucas quieto, mastigando um pedaço de pão recheado de presunto.

— Pai será que eu posso chamar meus amigos aqui em casa? — pediu ele mudando o foco da atenção e da conversa.

O senhor Olavo pareceu ter perdido a vontade de comer depois que o filho fizera a pergunta.

— David o que a gente conversou?

A sra. Maria Lurdes olhou para o marido carinhosamente.

— Querido, acho que o David já aprendeu a lição.

Lucas queria estar longe dali.

— Eu não vou voltar à minha palavra, querida — disse ele se levantando da mesa, e saindo.

David ficou furioso, afastou o prato para longe dele, derrubando um copo no chão. Lucas ficou assustado quando ele se levantou brusco da mesa, e saiu por outra direção ignorando o chamado de sua mãe.

— Oh, desculpe-nos por isso Lucas — pediu ela se levantando. Uma empregada mais jovem veio assim que escutou o barulho de copo quebrando.

— Deixe-me que eu limpe, senhora, por favor, volte a mesa.

Lucas não conseguia mais comer e se levantou, pedindo licença, e saiu indo para a sala. Encontrou David jogado no sofá, e passou por ele de cabeça baixa.

— Ei Lucas, vem aqui — disse David quando Lucas já ia saindo da sala.

Lucas parou e se virou.

— O que deseja David?

— Venha aqui, eu não irei morder tá? — pediu ele parecendo irritado. Lucas sentiu-se nervoso e caminhou até ele.

— David eu...

— Cale-se, e me ouve, por favor — interrompeu ele, fazendo Lucas obedecer. — Preciso que convença meu pai a aceitar meus amigos de volta, pode fazer isso?

Aquilo deixou Lucas num beco sem saída. Sentia o estômago virar.

— Por favor, David, eu não gostaria de me envolver nesse assunto, não ficaria bem para mim se intrometer numa decisão de seu pai e...

— Lucas, você é o único que ele pode ouvir, a proximidade que vocês tem... por favor, eu não quero brigar com meu pai, por isso estou pedindo sua ajuda, por favor... prometo que meus amigos não vão te tratar mal, eu gosto de você e eles também podem vir a gostar.

Lucas mordeu os lábios, refletindo no que David lhe pedira, parecia justo ele querer evitar brigar com seu pai e pedir sua ajuda.

— Olha David, eu vou conversar com ele então — Lucas gritou quando foi puxado por David e num abraço apertado envolvido. — Ai David, pare, acabei de comer, pare com isso!

— Você é mesmo incrível Lucas, se conseguir mudar a decisão do meu pai te levo para sair com meus amigos.

Lucas afastou, rindo.

— E quem disse que eu iria aceitar?

David se levantou, e veio se aproximando com as mãos levantadas e um sorriso malicioso.

— Se recusar vou te torturar até fazê-lo urinar de tanto rir.

Lucas correu rindo, e David atrás. Derrubou ele no tapete, ficando por cima, e imobilizando suas mãos, numa velha posição que já conhecia antes.

— Não me faça rir, por favor.

— Vai aceitar meu convite?

Lucas riu, balançando a cabeça.

— Mas nem sabe se irei conseguir...

— Me prometa que vai tentar.

Lucas fitou os belos olhos de David que parecia querer consumi-lo ali mesmo.

— Prometo.

David foi baixando a sua cabeça, e dessa vez Lucas não o impediu. Seu olhar direto nos dele, e faltando um palmo dos seus lábios se tocarem, Lucas ouviu.

— Posso dessa vez?

— Sim.

E David lentamente fechou os olhos... Lucas também. Os sentidos se transformaram numa explosão de emoções dentro da barriga de Lucas, sentindo os lábios macios e quentes de David, que foi se embasando, tomando forma, ganhando força... depois um finalmente suspiro e a leveza como uma nuvem tomou seu coração, e o melhor de tudo, não era mais apenas um sonho. 

O Filho da BabáWhere stories live. Discover now