A espera da resposta

17.5K 1.9K 845
                                    


Lucas estava distraidamente passeando pelo jardim. Observava o jardineiro rastelando as folhas secas, e foi se sentar no muro que circundava a fonte D'água. Olhava seu reflexo, quando viu outra imagem atrás de si.

— Olá Lucas, está tão concentrado e sozinho — disse o sr. Olavo de pé, com um ar de preocupação. — Quer que eu lhe faça companhia?

Lucas sorriu, dando um espaço para que ele sentasse ao seu lado.

— Se o senhor não tiver algo melhor para fazer, eu não me importo.

— Teria alguma coisa melhor para se fazer do que sentar ao lado de um garoto tão legal de conversar? — aquelas palavras deixaram Lucas sem ar. E todo sem jeito evitou olhar para ele, que sentou ao seu lado.

— Senhor Olavo?

— Apenas Olavo, Lucas — corrigiu ele gentilmente.

— Tudo bem, desculpe — respondeu Lucas, cruzando os pés, e apertando a mão na extremidade da mureta. — Eu queria saber por que o senhor é tão gentil e amável comigo.

O sr. Olavo deu de ombro, sorrindo.

— Criei um laço com você antes mesmo de conhecê-lo pessoalmente, sabe, sua mãe é tão doce e amável com minha filha, e mesmo ela sendo a babá, faz muito mais do que o papel dela, entende?

Lucas não havia pensando por esse ângulo.

— Está retribuindo um favor então?

Olavo suspirou e olhou para o céu.

— Não é uma troca de favores Lucas, isso não seria um sentimento sincero.

— Mas o senhor... perdão, você é assim com os outros também?

Olavo olhou para ele, curioso com suas perguntas.

— Desculpe perguntar, mas porque está curioso em saber disso?

Lucas ficou corado e gaguejou.

— De-desculpe por estar me intrometendo na sua vida pessoal.

Olavo riu afetuosamente, jogando seu braço entorno do ombro de Lucas, puxando-o para um abraço de lado.

— Nada de se desculpar, alias nem sempre a curiosidade é ruim, do contrário não estaríamos aqui hoje tendo essa conversa — disse ele.

— Não entendi — Lucas ficou confuso.

— É algo complexo e de difícil entendimento para um ingênuo profano — disse o sr. Olavo misteriosamente.

— Ainda continuo sem entender.

Olavo riu alto, e se levantou como se quisesse desviar o assunto.

— Tudo tem seu tempo meu garoto.

Lucas também se levantou, e antes que o senhor Odebrecht partisse, ele reuniu coragem de falar com ele sobre o que David lhe fizera prometer.

— Eu gostaria de pedir algo, mas estou com medo de fazê-lo.

— Venha, vamos dar uma volta, o ar fresco da manhã vai despertar a coragem que lhe falta.

Lucas sorriu e aceitou, passou a andar ao lado dele.

— Você fala de um jeito que às vezes eu fico me sentindo um ignorante, sabe.

Olavo riu.

— Desculpe se às vezes pareço algum filósofo ou um sábio, sou um mero mortal medido a sabichão às vezes, mas não se sinta menos por isso, você não é pequeno, é grande e não sabe disso ainda.

Lucas olhou para ele admirado.

— Está vendo, é disso que eu estou falando! — riu com ele.

— Tudo bem, vamos conversar leigamente então, sem formalidades.

Lucas ficou mais a vontade.

— Eu não vou esconder nada de você, por isso vou ser sincero.

Olavo lhe lançou um olhar de gratidão.

— Admiro sua honestidade, meu bravo.

Lucas respirou fundo.

— Tenho que saber como convencê-lo a mudar de ideia e aceitar que os amigos de David volte a vê-lo aqui.

Olavo ouviu surpreso, e depois suspirou.

— Nossa meu filho lhe amputou uma missão impossível então.

Lucas olhou para ele como se pedisse alguma esperança.

— Por favor, eu só quero saber se existe uma chance, não quero dar um de chato, e nem ultrapassar o limite de sua paciência, então...

Olavo riu novamente.

— Eu disse para conversarmos sem querer impressionar um ao outro Lucas.

Lucas percebeu e riu passando a mão na cabeça.

— Puxa eu pensei que nessa eu ia acabar te convencendo.

— Espertinho, ainda precisa de prática, mas até que não foi nada mal.

— Mas, por favor, poderia ao menos pensar nisso e dar uma resposta definitiva ao meio dia? — suplicou.

O senhor Olavo parou e avaliou-o.

— Tudo bem, vou pensar e te darei a resposta ao meio dia.

Lucas ficou radiante e sem pensar direito o abraçou dando-lhe um beijo no seu rosto.

— Puxa sério, nossa estou feliz, obrigado mesmo!

O senhor Olavo o abraçou de volta, e caminharam para dentro da mansão abraçados.


O Filho da BabáМесто, где живут истории. Откройте их для себя