A decisão de Felipe

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O dia seguinte amanheceu chovendo na cidade. Pudera mesmo estar um dia cinzento, sem o brilho do sol, sem o calor da manhã, parecia que o dia sofria junto com o coração de Lucas Muniz.

A noite fora agitada, sem sono, muitas lágrimas e lembranças do seu pai. Melinda fora para a cidade onde o corpo do seu ex-marido estava, e com a ajuda do senhor Olavo Odebrecht conseguiu agilizar toda a documentação necessária para transferir o corpo para a cidade onde Lucas morava.

David passou a noite em claro também, fazendo companhia com Lucas alguns minutos de cada hora que passava. Estava visivelmente cansado, e cochilava na poltrona da sala quando seu pai chegou acompanhado da babá.

— Filho?... — o senhor Olavo o despertou mexendo seu ombro, e David abriu os olhos assustados.

— Pai, eu... nossa acho que dormi...que horas é? — David bochechou e olhou pela janela. A chuva fraca continuava cair depois de uma madrugada conturbada por fortes trovoadas e intensa chuva.

O senhor Olavo também estava bastante cansado, seus olhos vermelhos e irritados por causa do sono resistido, olhou no relógio de pulso.

— São 06h11 — informou. — E o Lucas como ele tem passado?

David esfregou os olhos.

— Ele não havia pregado os olhos, pelo menos até a hora em que fiquei desperto.

A senhora Melinda sorriu para ele, agradecida.

— Obrigada David por ficar de companhia com meu filho, não sabe como ele precisou desse apoio nesse momento tão difícil à ele.

David ficou sem jeito, forçou um sorriso.

— É o mínimo que eu poderia fazer, se precisar de mim...

O senhor Olavo levantou David, e o rapaz subiu as escadas para ir ao seu quarto descansar melhor.

Lucas estava no outro quarto preparado para ele desde a noite passada. Estava finalmente adormecido, havia sido rendido pelo sono que o maltratou por horas a fio.

Sua mãe resolveu subir e verificar como ele estava. Abriu a porta devagar, e adentrou observando como ele dormia. Seu rosto judiado pelo sono e as marcas do choro ainda era bem recentes. Logo iria ter que acordá-lo para se arrumar e ir ao velório e em sequência ao enterro. Cuidara de avisar todos os parentes do ex-marido, e amigos próximos.

O laudo da pericia iria ficar pronta à uma semana, mas de acordo com o legista que examinara o corpo de Ronaldo Muniz a procura da causa da sua morte, o possível causador da morte fora provocado pelo coração. Calculava-se um infarto fulminante.

A senhora Melinda se aproximou do filho, sentando na beira da cama, e passando a mão sobre seus cabelos, beijou-lhe a testa.

— Mãe é você?... — ele murmurou acordando e abrindo os olhos inchados e pesados de sono. — Eu dormi muito pouco.

— Sim querido, eu sei, e é por isso que precisa descansar mais um pouco amor — sugeriu-a.

Mas ele já não estava com mais disposição, embora seu corpo implorasse para voltar à cama, ele saiu dela.

— Eu não consigo mãe, eu só penso em vê-lo... — e novamente lágrimas escorreram. — Não acredito realmente que isso tudo está acontecendo.

Sua mãe o abraçou consolando.

— Seu pai está bem, amor, onde quer que esteja ele olha por você, e não gostaria de vê-lo assim, tem que esforçar.

Lucas balançava a cabeça, sentindo o calor do abraço da mãe.

O Filho da BabáWaar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu